Especialistas alertam para a forte relação entre o hábito de fumar e o baixo nível de renda nos países em desenvolvimento (foto: OMS)
Conferência na 11ª Unctad mostra os índices de mortes decorrentes do consumo de tabaco em todo o mundo e alerta para a forte relação entre o hábito de fumar e o baixo nível de renda nos países em desenvolvimento
Conferência na 11ª Unctad mostra os índices de mortes decorrentes do consumo de tabaco em todo o mundo e alerta para a forte relação entre o hábito de fumar e o baixo nível de renda nos países em desenvolvimento
Especialistas alertam para a forte relação entre o hábito de fumar e o baixo nível de renda nos países em desenvolvimento (foto: OMS)
Agência FAPESP - Treze mil por dia. Cinco milhões por ano. Esses são os números de pessoas que morrem anualmente em todo o mundo em decorrência de doenças relacionadas ao tabagismo. Os dados alarmantes são da Organização Mundial da Saúde (OMS) e foram apresentados no fórum "Globalização da Epidemia do Tabaco", realizado na 11ª Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad) nesta quinta-feira (17/6), em São Paulo.
A reunião teve como pano de fundo o fato de que o tabaco não é mais um problema apenas dos países ricos, uma vez que, hoje, as doenças provenientes do seu uso ocorrem com mais freqüência nos países em desenvolvimento, que tiveram grande aumento no consumo nos últimos anos.
Segundo Katharine Esson, pesquisadora do Centro para o Desenvolvimento Global em Saúde da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, do 1,3 bilhão de fumantes em todo o mundo, quase 1 bilhão estão nos países em desenvolvimento.
Katharine revelou também que há uma forte relação entre o uso de tabaco e o baixo nível de renda. "Só em Bangladesh, estima-se que cerca de 10 milhões de homens pobres fumem. Se essa população passasse a gastar 70% do dinheiro usado para a compra de cigarros com comida, cerca de 10,5 milhões de crianças poderiam deixar de viver em estado de desnutrição no país", afirmou.
Para Heather Selin, assessora de prevenção e controle ao uso do tabaco da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), o mundo conta com conhecimento suficiente para reduzir o problema. Segundo ela, as principais medidas de prevenção não estão disponíveis apenas para os países desenvolvidos, pois a maioria tem custos de implementação viáveis para qualquer região.
Heather citou algumas medidas que poderiam ser aplicadas nos países que sofrem com a epidemia tabagista. A principal seria o aumento de impostos e dos preços do cigarro, o que poderia reduzir a manutenção da dependência e a iniciação ao uso pelos jovens. Outras medidas são a impressão de advertência nas embalagens, impedimentos com relação a campanhas publicitárias e restrição ao consumo em ambientes públicos.
"O consumo mundial de tabaco triplicou desde 1970 e o número de óbitos irá crescer dos atuais cinco milhões para dez milhões até 2030, caso a maioria dos países não adote medidas eficazes para enfrentar a epidemia", disse a assessora da Opas.
Heather ressaltou também que os riscos do tabagismo passivo são comprovados cientificamente e apresentou um novo estudo da Opas que mostra que o fumo passivo aumenta o risco de câncer de pulmão e de doenças do coração em até 30%. "Devemos lutar pela adoção de mais ambientes livres do cigarro, para que os não fumantes sejam protegidos. O fumo passivo provoca um série de doenças, muitos óbitos e efeitos graves, especialmente nas crianças", disse.
Apesar de o Brasil possuir uma das legislações mais avançadas do mundo com relação ao controle do tabagismo, apenas no país morrem cerca de 200 mil pessoas anualmente, segundo dados apresentados pelo professor adjunto da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Marco Antonio Vargas.
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