Acima, da esquerda para a direita: espécime de Antholoba fabiani sp com o disco oral aberto, parcialmente fechado e fechado. Embaixo, da esquerda para direita: visão de cima e de baixo (imagem: Jeferson Duran Fuentes)

Biodiversidade
Grupo da Unesp identifica nova espécie de anêmona-do-mar em Ubatuba
10 de outubro de 2024

Achado foi incluído no World Register of Marine Species, catálogo global da fauna e flora marinha; animal foi denominado Antholoba fabiani

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Achado foi incluído no World Register of Marine Species, catálogo global da fauna e flora marinha; animal foi denominado Antholoba fabiani

10 de outubro de 2024

Acima, da esquerda para a direita: espécime de Antholoba fabiani sp com o disco oral aberto, parcialmente fechado e fechado. Embaixo, da esquerda para direita: visão de cima e de baixo (imagem: Jeferson Duran Fuentes)

 

Agência FAPESP – Uma pesquisa de doutorado realizada no Programa de Pós-Graduação Interunidades em Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp) identificou, em uma baía de Ubatuba, no litoral norte paulista, uma nova espécie de anêmona-do-mar, a Antholoba fabiani.

A descoberta foi divulgada na revista científica Marine Biodiversity, em artigo que tem como primeiro autor Jeferson Alexis Durán Fuentes, bolsista da FAPESP.

O nome da nova espécie, Antholoba fabiani, homenageia Fabián Acuña, docente da Universidade Nacional de Mar del Plata, da Argentina. Essa foi a primeira espécie pertencente ao gênero Antholoba descrita na região desde o século 19, quando foram descritas as espécies Antholoba achates e Antholoba perdix.

Em comunicado divulgado pela Assessoria de Imprensa da Unesp, o orientador de Fuentes, Sérgio Nascimento Stampar, contou que a descoberta começou a tomar forma em idas a campo em Ubatuba, que eram um dos requisitos de uma disciplina de graduação. De volta à Faculdade de Ciências da Unesp, o material coletado foi comparado a espécimes coletados anos atrás, no litoral de Santa Catarina.

As diferenças morfológicas identificadas pelo exercício de comparação chamaram a atenção dos pesquisadores. “Quando fizemos a comparação com os espécimes colhidos anos atrás, em Santa Catarina, vimos a possibilidade de o material coletado em Ubatuba não pertencer à mesma espécie. Formulamos então a hipótese de que poderia ser uma espécie nova mesmo, que estaria relacionada a um gênero pequeno, que só possui duas espécies descritas”, comentou o docente.

Para avaliar com mais critério essa hipótese, foram conduzidas análises moleculares do material, que envolveram os pesquisadores da Universidade Nacional de Mar del Plata e da Ohio State University, dos Estados Unidos. “Os dados moleculares demonstraram que se tratava não apenas de uma espécie nova, mas também de uma nova família, nunca estudada previamente e completamente separada das demais famílias”, contou Stampar.

Os achados já foram incluídos na plataforma World Register of Marine Species, um catálogo de todos os animais e plantas marinhos do mundo. Além da bolsa de Fuentes, a pesquisa teve outros financiamentos da FAPESP (19/03552-0 e 22/16193-1).

No aspecto morfológico, a nova espécie apresenta arranjos diferentes nos mesentérios, que são membranas que sustentam a forma do animal. Esse aspecto a diferencia de outra espécie já localizada na costa do Atlântico. A Antholoba fabiani possui 199 pares de mesentérios divididos em sete ciclos, enquanto Antholoba achates e A. perdix têm 96 pares separados em cinco ciclos.

A análise molecular só aprofundou as diferenças morfológicas e confirmou o que vem ocorrendo com uma certa frequência no campo da taxonomia com o avanço da tecnologia: espécies existentes no hemisfério Sul, que antes eram descritas basicamente por aproximação com holótipos descobertos no Norte, agora ganham uma classificação mais detalhada e adequada.

“Quando começamos a produzir e analisar os dados moleculares, vimos que, no aspecto evolutivo, os animais coletados não coincidiam com os grupos em que poderiam ser tradicionalmente classificados, que correspondem a famílias de espécies que vivem em águas profundas”, explicou o professor da Unesp. “Aparentemente, por algum motivo, algumas espécies conseguem chegar a águas um pouco mais profundas, mas de fato são espécies que podem ocorrer em água rasa.”

O artigo Antholoba fabiani sp. nov. (Actiniaria, Metridioidea, Antholobidae fam. nov.), a new species and family of sea anemone of the southwestern Atlantic, Brazil pode ser lido em: https://link.springer.com/article/10.1007/s12526-024-01433-9.
 

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