Glaci Zancan se despede da presidência da SBPC ressaltando o equilíbrio financeiro

Bioquímica destaca o reconhecimento do orgão, ao qual esteve à frente desde 1999, como de utilidade pública e a negociação da dívida com o INSS

Por Maria da Graça Mascarenhas, do Recife

Agência FAPESP - A Assembléia Geral da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada na noite de quarta-feira (16/7), empossou a nova diretoria da entidade, presidida pelo físico Ennio Candotti, da Universidade Federal do Espírito Santo. Candotti, que esteve à frente da instituição de 1989 a 1993, substitui a bioquímica Glaci Zancan, da Universidade Federal do Paraná, que a dirigia desde 1999.

Em seu discurso de despedida, Glaci destacou as ações administrativas empreendidas em sua gestão, como o reconhecimento da instituição como de utilidade pública no Estado de São Paulo e na União, a negociação da dívida com o INSS, após o pagamento das multas aplicadas, e a informatização total da administração, com redução de custos.

"Deixamos a sociedade com as finanças equilibradas", disse. Acrescentou que completaram as ações administrativas a criação do Instituto Ciência Hoje e o fechamento, ainda em processo, da sucursal da SBPC no Rio de Janeiro. Quanto à nova versão da revista Ciência e Cultura, disse estar economicamente auto-sustentável.

A atuação política da sua gestão, por sua vez, foi pautada, segundo Glaci, "pelo espírito construtivo de contribuir com críticas e sugestões para o aprimoramento do sistema de Ciência e Tecnologia", como a defesa dos orçamentos para a área, formulação de leis e a preocupação com as reformas do sistema educacional, particularmente as universidades públicas.

Por fim, Glaci destacou a importância do exercício da democracia em uma sociedade plural como a SBPC, destacando que a respeitabilidade dela depende da superação da rivalidade histórica entre suas comunidades mais tradicionais, disputa visível na recente eleição.

"Somos poucos e não podemos pensar que uma entidade fragilizada possa executar a imensa tarefa de pensar a ciência em um país continental". E concluiu: "Deixo aqui a mensagem para que reflitamos sobre as diferenças, busquemos o consenso na diversidade, pois como elite que somos não temos o direito de sobrepor nossos interesses individuais ou grupais ao trabalho coletivo a ser realizado em prol da população".

O novo presidente

Ennio Candotti assumiu respondendo à mensagem da Glaci. "Prometo que funcionaremos como uma boa orquestra", disse. Em seguida, destacou algumas diretrizes da SBPC que pretende reafirmar durante a sua gestão, como a autonomia da instituição, a maior participação de leigos nas discussões científicas, algo só permitido na SBPC, e a sua condição de sociedade nacional.

Segundo Candotti, os grandes desafios são a manutenção da universidade e a maior participação dos cientistas nas questões da educação básica.