População de baleia franca, no Brasil, está em crescimento
(imagem:Projeto Baleia Franca)
Coordenador do projeto Baleia Franca no Brasil critica artigo publicado na Science sobre santuários de proteção às baleias e defende uma forma alternativa de exploração que não envolva nenhum tipo de matança
Coordenador do projeto Baleia Franca no Brasil critica artigo publicado na Science sobre santuários de proteção às baleias e defende uma forma alternativa de exploração que não envolva nenhum tipo de matança
População de baleia franca, no Brasil, está em crescimento
(imagem:Projeto Baleia Franca)
Agência FAPESP - Os modelos matemáticos feitos por pesquisadores norte-americanos sobre os efeitos da moratória da caça comercial de baleias e da criação de áreas de proteção ambiental a esses animais, em pequena ou larga escala, não condizem com o que é verificado pela observação.
A tese é defendida por José Truda Palazzo Jr., coordenador do projeto de pesquisa e conservação da Baleia Franca no Brasil, que conta com apoio da Petrobras e de várias outras instituições, e vice-comissário do Brasil na Comissão Internacional de Pesca à Baleia (CIB).
O motivo da manifestação de Palazzo Jr. foi um artigo assinado por Leah Gerber, da Universidade do Arizona, na revista Science de 28 de janeiro. No estudo, a cientista afirma que os dois gigantescos santuários existentes hoje – um no Oceano Índico e outro ao redor da Antártica – não estão cumprindo o papel de proteger a vida dos cetáceos.
Para o pesquisador brasileiro, os exemplos do mundo prático, além de serem mais significativos, apontam para uma outra realidade. "O efeito da moratória da caça comercial e o fim das frotas baleeiras pelágicas começam a ser percebidos pelo acúmulo de dados comprovando o crescimento populacional de algumas espécies, como é o caso da franca e da jubarte", explica.
Segundo Palazzo Jr., determinados grupos de cetáceos foram avistados nos últimos anos em regiões onde há décadas não apareciam. "As baleias azuis, por exemplo, voltaram a ser vistas nos arredores da Ilha de Chiloé, na entrada da Patagônia chilena."
O caminho escolhido por países como Brasil e Chile, que é o mesmo adotado pela Argentina não aparece no trabalho da Science e foi isso que mais chamou a atenção de Palazzo Jr.
"No período pós-moratória, nós adotamos o modelo de gestão não-letal. O turismo de observação, por exemplo, é muito mais sustentável ecologicamente e interessante do ponto de vista social do que a colheita baleeira unitemporal, concentradora de renda e sem qualquer exemplo de sustentabilidade até hoje registrado", afirma.
Tanto os pesquisadores da América do Norte como Palazzo Jr. concordam que uma gestão sustentável e um plano de manejo adequado são tão importantes como uma área de proteção para as baleias. "A questão, na realidade, é que tipo de manejo do recurso baleia para a fruição de benefícios os grandes cetáceos comportam", disse Palazzo Jr. à Agência FAPESP.
O trabalho de Gerber foi encomendado pela CIB. Para o pesquisador, ao longo da existência do comitê científico da comissão, o grupo de pesquisadores sempre buscou criar modelos matemáticos e sistemas estatísticos de avaliação das populações que permitissem recomendar cotas seguras de caças. "O resultado, em todos os casos, foi a diminuição violenta dos estoques e populações-alvo", afirma Palazzo Jr.
Para ler a notícia sobre o artigo de Leah Gerber, clique aqui.
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