Lagarta infectada pelo baculovírus (foto: Paolo Zanotto e Bergmann de Moraes Ribeiro)

Genoma do baculovírus na reta final
03 de dezembro de 2003

Simpósio em Brasília nos dias 5 e 6 reunirá os principais especialistas brasileiros no estudo do vírus que infecta a lagarta da soja. O genoma do baculovírus, responsável pelo principal programa de controle biológico do país, deve estar concluído em janeiro

Genoma do baculovírus na reta final

Simpósio em Brasília nos dias 5 e 6 reunirá os principais especialistas brasileiros no estudo do vírus que infecta a lagarta da soja. O genoma do baculovírus, responsável pelo principal programa de controle biológico do país, deve estar concluído em janeiro

03 de dezembro de 2003

Lagarta infectada pelo baculovírus (foto: Paolo Zanotto e Bergmann de Moraes Ribeiro)

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - Ele é usado em grandes programas de controle biológico. O baculovírus (Anticarsia gemmatali) que infecta a lagarta da soja também é um bom modelo biológico, usado em estudos de replicação de DNA. Por causa das características gênicas desse vírus específico da família Baculoviridae, o organismo é muito usado também nas pesquisas de biotecnologia.

Para trocar conhecimentos sobre a biologia molecular do microrganismo, os principais especialistas em baculovírus no país estarão reunidos em Brasília, nos dias 5 e 6 de dezembro, no "Workshop Genoma do Nucleopoliedrovírus da lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis)".

No evento, que será realizado na sede da Centro Nacional de Pesquisa de Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen), as discussões também estarão voltadas para o futuro. "Vamos discutir os dados do genoma do baculovírus, que deverá estar totalmente pronto até janeiro", disse à Agência FAPESP Paolo Zanotto, professor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do projeto de seqüenciamento do genoma do baculovírus.

"Falta apenas, vamos dizer assim, a polida final", disse Zanotto. "A idéia é fazer, depois do genoma pronto, o transcriptoma (conjunto de seqüências de moléculas de RNA) do vírus e entender mais sobre a virulência dele."

Segundo o pesquisador do ICB, os participantes também estão interessados em entender mais detalhes dos processos desencadeados pelo microrganismo para matar o seu hospedeiro. "Por que esse vírus mata alguns insetos e outros não?", questiona.

Apesar de o genoma do baculovírus da lagarta da soja ainda não estar totalmente pronto, esse microrganismo é bastante conhecido dos pesquisadores. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por exemplo, desenvolveu um grande programa de controle biológico a partir das investigações feitas sobre o vírus.

"Esse pesticida biológico pode ser usado, inclusive, ao redor de parques naturais. O prejuízo para os insetos polinizadores seria muito pequeno", disse Zanotto. Nesse tipo de controle, as lagartas mortas pelo baculovírus são masseradas. O extrato, que contém o vírus, é empregado como base da substância a ser aplicada na lavoura contaminada pela lagarta. Atualmente, no Brasil, mais de 1 milhão de hectares são controlados por esse método.

O primeiro dia do simpósio terá apresentação de trabalhos científicos, enquanto o segundo está reservado para discussões científicas. A programação completa pode ser consultada no endereço eletrônico: http://www.cenargen.embrapa.br/Work-Baculovirus.pdf


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