Pesquisadores acreditam que alguns genes podem estar "ligados" ou "desligados" de forma errada, o que causaria a esquizofrenia (foto: Paul Thompson, Christine Vidal, Judy Rapoport e Arthur Toga)

Genética da esquizofrenia
04 de maio de 2005

Pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP analisam mais de 20 mil genes a partir do córtex pré-frontal de pacientes com esquizofrenia para identificar quais genes podem ocasionar a doença e tentar criar drogas mais específicas para o tratamento

Genética da esquizofrenia

Pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP analisam mais de 20 mil genes a partir do córtex pré-frontal de pacientes com esquizofrenia para identificar quais genes podem ocasionar a doença e tentar criar drogas mais específicas para o tratamento

04 de maio de 2005

Pesquisadores acreditam que alguns genes podem estar "ligados" ou "desligados" de forma errada, o que causaria a esquizofrenia (foto: Paul Thompson, Christine Vidal, Judy Rapoport e Arthur Toga)

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Uma equipe de pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) conseguiu avaliar virtualmente todos os genes ativos nos cérebros de indivíduos afetados pela esquizofrenia. A novidade é que, pela primeira vez no estudo da doença, foi utilizada a técnica de biologia molecular conhecida por Serial Analysis of Gene Expression.

O grupo do Laboratório de Neurociências do Instituto de Psiquiatria (IPq), coordenado pelo professor Wagner Gattaz, pesquisou mais de 20 mil genes. O objetivo da análise foi identificar genes que não haviam sido estudados nessa patologia. Na pesquisa, utilizou-se material genético do córtex pré-frontal de pacientes com esquizofrenia e de indivíduos do grupo controle.

Ao todo, os pesquisadores conseguiram detectar 165 genes com expressão diferencial quando as duas amostras foram comparadas. Foram verificados 46 genes mais expressos em pacientes com esquizofrenia e 119 genes apresentaram uma expressão maior no cérebro de indivíduos controle.

"Isso aponta um descontrole, uma vez que alguns desses genes com expressões diferentes podem estar influenciando a gênese da doença", disse Elida Benquique Ojopi, responsável pelo estudo, à Agência FAPESP. " Com base nesses primeiros resultados, a próxima etapa será tentar identificar quais são os genes principais que podem ocasionar a doença."

Os pesquisadores acreditam que alguns genes podem estar "ligados" ou "desligados" de forma errada, o que causaria a esquizofrenia. Por conta disso, eles querem mapear os genes com a intenção de propor tratamentos mais específicos para a doença, com menos efeitos colaterais. "A idéia é criar novas drogas que consigam bloquear a ação das proteínas em genes com expressão diferencial", explica Elida.

O trabalho, que foi apresentado no início de abril durante o Congresso Internacional em Pesquisa de Esquizofrenia, em Savannah, nos Estados Unidos, rendeu à autora do estudo o Prêmio Jovem Pesquisador do evento. Elida foi a única do Hemisfério Sul a receber a condecoração. "É um excelente reconhecimento à ciência de qualidade que vem sendo produzida por jovens pesquisadores brasileiros", comemora. O estudo contou com financiamento da FAPESP.


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