Para Emmanuel Dias Neto, do Instituto de Psiquiatria da USP, o desafio agora é entender melhor as doenças neurológicas (foto: E.Geraque)
Depois das conquistas com o estudo de genes do câncer, novas pesquisas, com outras doenças, avançam rapidamente. Um dos desafios agora, como disse Emmanuel Dias Neto, da USP, é entender melhor as doenças neurológicas
Depois das conquistas com o estudo de genes do câncer, novas pesquisas, com outras doenças, avançam rapidamente. Um dos desafios agora, como disse Emmanuel Dias Neto, da USP, é entender melhor as doenças neurológicas
Para Emmanuel Dias Neto, do Instituto de Psiquiatria da USP, o desafio agora é entender melhor as doenças neurológicas (foto: E.Geraque)
Agência FAPESP - Algumas certezas sobre a esquizofrenia. Ela é resultado de algum tipo de mudança sutil que ocorre na biologia do ser humano. O padrão de respostas dos pacientes é bastante diverso. A doença, do ponto de vista genético, não é provocada por um único gene.
Agora, uma única certeza sobre o enfoque pós-genômico que os cientistas querem dar para o estudo da esquizofrenia: se não fossem as pesquisas prévias feitas com o genoma do câncer, que causou o surgimento inclusive da técnica Orestes (Open Reading Expressed Sequence Tags), desenvolvida no próprio Brasil, as outras certezas seriam reduzidas.
"Temos uma base bem mais sólida agora. Sem dúvida que isso nos ajuda a enfrentar melhor desafios complexos, como o estudo da esquizofrenia a partir do enfoque do próprio genoma, do transcriptoma e do proteoma", disse Emmanuel Dias Neto, do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo, à Agência FAPESP, durante o 50º Congresso Brasileiro de Genética, em Florianópolis.
Com todas as ferramentas já desenvolvidas e devidamente conhecidas, os cientistas conseguiram dar mais passos em menos tempo. Atualmente, todos os esforços científicos estão sendo feitos para se tentar achar um grupo de genes que possam estar relacionados com a esquizofrenia.
"Temos identificadas 27 regiões genômicas associadas com a doença", revelou Dias Neto. Esse resultado foi obtido a partir da análise de bancos públicos de genes humanos. Mais uma vez, os conhecimentos prévios de onde procurar a informação dentro do genoma, além das ferramentas construídas pela bioinformática, foram decisivos.
A partir das quase três dezenas de regiões que podem estar ligadas à esquizofrenia, os pesquisadores cruzaram os resultados com um outro banco de dados. "Também fomos atrás dos possíveis genes envolvidos com a neurogênese humana", explicou Dias Neto.
"Um de nossos objetivos agora é conseguir chegar em 50 genes, que serão comparados entre pessoas doentes e sadias", conta o pesquisador. Mesmo com os atalhos oferecidos pelos estudos anteriores do genoma câncer, a complexidade da esquizofrenia instiga os cientistas. "Temos que olhar para muitos genes e, ao mesmo tempo, para muitas pessoas, porque quase nunca existe um padrão nos sintomas", afirmou o cientista da USP.
Na tabela que está sendo construída, os 50 genes devem ser cruzados com, pelo menos, 400 pacientes e outras 400 pessoas que não desenvolveram a doença. "O aparecimento da esquizofrenia tem como causa uma pequena mudança. Não se trata de nenhum evento traumático. Precisamos estar atentos para isso", disse Dias Neto.
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