Izeni Farias, em Águas de Lindóia
Izeni Farias, da Universidade Federal do Amazonas, mostra que o estudo genético de populações de quelônios e jacarés revela importantes informações ecológicas que podem ser utilizados na preservação das espécies e até para identificar couros de animais capturados de forma ilegal
Izeni Farias, da Universidade Federal do Amazonas, mostra que o estudo genético de populações de quelônios e jacarés revela importantes informações ecológicas que podem ser utilizados na preservação das espécies e até para identificar couros de animais capturados de forma ilegal
Izeni Farias, em Águas de Lindóia
Agência FAPESP - O sol nasce na Amazônia, mais precisamente na Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá, localizada no coração do Estado do Amazonas. Em um braço de rio, o fotógrafo consegue registrar centenas de jacarés-açu, répteis que atingem até sete metros de comprimento quando em condições ideais de vida.
Com essa imagem ilustrativa, a professora Izeni Farias, da Universidade Federal do Amazonas, abriu a palestra Ecologia Molecular de Répteis, ministrada nesta quinta-feira (19/9), na 49ª edição do Congresso Nacional de Genética, em Águas de Lindóia (SP).
"O objetivo dos estudos é obter dados que funcionem como ferramentas importantes para a preservação e a conservação das espécies de répteis amazônicos", disse Izeni.
Dentro dos projetos da universidade que representa estão o estudo da variabilidade genética de quatro espécies de tartarugas e duas de jacarés. Além do jacaré-açu, Izeni e colegas também investigam os genes do jacaré tinga, que pode atingir até dois metros de comprimento.
Em relação aos jacarés, apesar dos projetos ainda estarem em andamento, os pesquisadores já têm uma certeza. Em áreas reservadas, como em Mamirauá, a variabilidade genética do jacaré-açu já está sofrendo uma recuperação na última década. "A foto que usei no início da palestra seria impossível de ser feita há 15 anos", disse Izeni.
Para investigar como se comporta a variabilidade genética de uma população, os pesquisadores usam os chamados marcadores genéticos, que são retirados de fragmento do DNA mitocrondial. A partir daí, uma série de dados estatísticos são realizados para se chegar aos números da variabilidade.
Na pesquisa com tartarugas, Izeni ressaltou que, no estudo feito com a irapuca ( Podocnemis erythrocephala), uma revelação importante já pode ser divulgada, antes mesmo da conclusão do projeto. A partir de amostras feitas em várias regiões da Amazônia, os pesquisadores conseguiram identificar que uma população que vive no Parque Nacional do Jaú é diferenciada, do ponto de vista genético, de outras comunidades de quelônios também estudadas. "Isto mostra que, num eventual manejo de espécies, essa população precisa ser vista com bastante cuidado", disse.
Além de defender a formação de mais reservas de desenvolvimento sustentável na região Amazônica, a pesquisadora de Manaus mostra um outro caminho importante que poderá unir genética e meio ambiente. "É possível, por intermédio do estudo das genéticas de populações, saber, por exemplo, de onde saiu um determinado couro de jacaré, no caso da pesca ilegal".
Apenas este mês, em Manaus, mais de mil peles de jacarés, provenientes da pesca ilegal, foram apreendidas. Saber a origem dos couros é uma forma mais rápida para se coibir essa prática fora da lei.
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