Estudo avalia capacidade atlética de cavalos submetidos a clembuterol. Substância também é usada como anabolizante em academias de musculação (foto: divulgação)

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26 de dezembro de 2007

Estudo avalia capacidade atlética de cavalos submetidos à administração de clembuterol. Substância, também usada como anabolizante em academias de musculação, apresentou efeito prejudicial na resposta cardíaca e induziu maior produção de insulina

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Estudo avalia capacidade atlética de cavalos submetidos à administração de clembuterol. Substância, também usada como anabolizante em academias de musculação, apresentou efeito prejudicial na resposta cardíaca e induziu maior produção de insulina

26 de dezembro de 2007

Estudo avalia capacidade atlética de cavalos submetidos a clembuterol. Substância também é usada como anabolizante em academias de musculação (foto: divulgação)

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP – O clembuterol, medicamento broncodilatador indicado para o tratamento de doenças respiratórias, foi objeto de estudo da tese de doutorado vencedora de concurso promovido pela Fort Dodge Animal Health. A droga também é usada como anabolizante por homens e mulheres em academias, em busca de maior massa muscular.

O prêmio foi concedido pela fabricante de produtos farmacêuticos para saúde animal durante o Fórum Internacional de Atualizações em Eqüinos, realizado em novembro na capital paulista.

O autor do trabalho foi Guilherme de Camargo Ferraz, que avaliou o desempenho atlético de cavalos submetidos à administração de clembuterol no trabalho apresentado na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinária (FCAV) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Jaboticabal (SP).

No estudo, a droga foi administrada 30 minutos antes das baterias de exercícios. Os cavalos, da raça puro sangue árabe, foram submetidos a exercício intenso em uma esteira rolante, com incrementos de velocidade. Foram realizadas colheitas de sangue com os animais em movimento com o objetivo de quantificar as respostas endócrinas, metabólicas e hematológicas. Também foi empregado um freqüencímetro para o monitoramento cardíaco.

Mesmo sendo utilizado para a melhoria do desempenho tanto de eqüinos como de humanos, o trabalho concluiu que o clembuterol não melhorou a capacidade aeróbica e ainda apresentou efeito prejudicial na resposta cardíaca, além de a substância ter induzido maior produção de insulina, o que poderia prejudicar o controle da glicemia.

Os testes foram realizados com a dose indicada para a broncodilatação, usada para melhorar a oxigenação do pulmão de cavalos com problemas respiratórios, que é de 0,8 micrograma por quilo corpóreo do animal.

"Quando submetidos a exercícios intensos, a dose foi responsável por uma elevada sobrecarga cardíaca. Comparados com o grupo controle, os 12 animais que receberam o clembuterol atingiram mais rapidamente a freqüência de 200 batimentos por minuto", explicou Ferraz à Agência FAPESP.

Segundo o pesquisador, não existe estimativa precisa, mas nas academias as doses de clembuterol usadas para atingir o efeito anabolizante são bem mais elevadas que 0,8 micrograma por quilo, o que pode levar o praticante a males como infarto agudo do miocárdio ou acidente vascular cerebral.

"A idéia daqueles que aplicam o clembuterol, tanto em humanos como em cavalos, é que, por ser um broncodilator, a droga aumentaria a captação de oxigênio. Mas verificamos que isso não ocorre por meio da dosagem do lactato, substância do sangue que serve como um indicador da capacidade aeróbia", disse o veterinário.

O pesquisador, que para o trabalho teve apoio da FAPESP na modalidade Bolsa de Doutorado, verificou ainda os efeitos de outras duas substâncias na capacidade atlética dos animais: a cafeína e a aminofilina. "A cafeína também prejudicou o desempenho aeróbio dos cavalos. Já a aminofilina pareceu interferir na homeostase da glicemia, ou seja, no equilíbrio da glicose do sangue", explicou.

Ferraz, que também é professor de medicina veterinária das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), foi orientado por Antonio de Queiroz Neto, professor do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal da FCAV.

Um artigo com os resultados do trabalho sobre o clembuterol foi publicado na edição de outubro do Journal of Equine Veterinary Science.

Para ler a tese de doutorado Respostas endócrinas metabólicas, cardíacas e hematológicas de eqüinos submetidos ao exercício intenso e à administração de cafeína, aminofilina e clembuterol, clique aqui.


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