Estudo avalia capacidade atlética de cavalos submetidos a clembuterol. Substância também é usada como anabolizante em academias de musculação (foto: divulgação)
Estudo avalia capacidade atlética de cavalos submetidos à administração de clembuterol. Substância, também usada como anabolizante em academias de musculação, apresentou efeito prejudicial na resposta cardíaca e induziu maior produção de insulina
Estudo avalia capacidade atlética de cavalos submetidos à administração de clembuterol. Substância, também usada como anabolizante em academias de musculação, apresentou efeito prejudicial na resposta cardíaca e induziu maior produção de insulina
Estudo avalia capacidade atlética de cavalos submetidos a clembuterol. Substância também é usada como anabolizante em academias de musculação (foto: divulgação)
Agência FAPESP – O clembuterol, medicamento broncodilatador indicado para o tratamento de doenças respiratórias, foi objeto de estudo da tese de doutorado vencedora de concurso promovido pela Fort Dodge Animal Health. A droga também é usada como anabolizante por homens e mulheres em academias, em busca de maior massa muscular.
O prêmio foi concedido pela fabricante de produtos farmacêuticos para saúde animal durante o Fórum Internacional de Atualizações em Eqüinos, realizado em novembro na capital paulista.
O autor do trabalho foi Guilherme de Camargo Ferraz, que avaliou o desempenho atlético de cavalos submetidos à administração de clembuterol no trabalho apresentado na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinária (FCAV) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Jaboticabal (SP).
No estudo, a droga foi administrada 30 minutos antes das baterias de exercícios. Os cavalos, da raça puro sangue árabe, foram submetidos a exercício intenso em uma esteira rolante, com incrementos de velocidade. Foram realizadas colheitas de sangue com os animais em movimento com o objetivo de quantificar as respostas endócrinas, metabólicas e hematológicas. Também foi empregado um freqüencímetro para o monitoramento cardíaco.
Mesmo sendo utilizado para a melhoria do desempenho tanto de eqüinos como de humanos, o trabalho concluiu que o clembuterol não melhorou a capacidade aeróbica e ainda apresentou efeito prejudicial na resposta cardíaca, além de a substância ter induzido maior produção de insulina, o que poderia prejudicar o controle da glicemia.
Os testes foram realizados com a dose indicada para a broncodilatação, usada para melhorar a oxigenação do pulmão de cavalos com problemas respiratórios, que é de 0,8 micrograma por quilo corpóreo do animal.
"Quando submetidos a exercícios intensos, a dose foi responsável por uma elevada sobrecarga cardíaca. Comparados com o grupo controle, os 12 animais que receberam o clembuterol atingiram mais rapidamente a freqüência de 200 batimentos por minuto", explicou Ferraz à Agência FAPESP.
Segundo o pesquisador, não existe estimativa precisa, mas nas academias as doses de clembuterol usadas para atingir o efeito anabolizante são bem mais elevadas que 0,8 micrograma por quilo, o que pode levar o praticante a males como infarto agudo do miocárdio ou acidente vascular cerebral.
"A idéia daqueles que aplicam o clembuterol, tanto em humanos como em cavalos, é que, por ser um broncodilator, a droga aumentaria a captação de oxigênio. Mas verificamos que isso não ocorre por meio da dosagem do lactato, substância do sangue que serve como um indicador da capacidade aeróbia", disse o veterinário.
O pesquisador, que para o trabalho teve apoio da FAPESP na modalidade Bolsa de Doutorado, verificou ainda os efeitos de outras duas substâncias na capacidade atlética dos animais: a cafeína e a aminofilina. "A cafeína também prejudicou o desempenho aeróbio dos cavalos. Já a aminofilina pareceu interferir na homeostase da glicemia, ou seja, no equilíbrio da glicose do sangue", explicou.
Ferraz, que também é professor de medicina veterinária das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), foi orientado por Antonio de Queiroz Neto, professor do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal da FCAV.
Um artigo com os resultados do trabalho sobre o clembuterol foi publicado na edição de outubro do Journal of Equine Veterinary Science.
Para ler a tese de doutorado Respostas endócrinas metabólicas, cardíacas e hematológicas de eqüinos submetidos ao exercício intenso e à administração de cafeína, aminofilina e clembuterol, clique aqui.
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