Pesquisadores registram a liberação de "pacotes" de gametas feita pelo coral cérebro
(foto: Projeto Coral Vivo)

Gametas ao mar
19 de outubro de 2005

Pesquisadores acompanham com sucesso a reprodução sexuada dos corais cérebros, espécie endêmica do Brasil. A observação inédita no mar é fundamental para que a espécie possa ser preservada

Gametas ao mar

Pesquisadores acompanham com sucesso a reprodução sexuada dos corais cérebros, espécie endêmica do Brasil. A observação inédita no mar é fundamental para que a espécie possa ser preservada

19 de outubro de 2005

Pesquisadores registram a liberação de "pacotes" de gametas feita pelo coral cérebro
(foto: Projeto Coral Vivo)

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - Os pesquisadores do Projeto Coral Vivo já tinham a informação científica de que o coral cérebro (Mussismilia hartii) liberava seus gametas no mar, para fins reprodutivos, apenas em uma única época do ano. Esse evento, entretanto, ocorreria duas vezes dentro desse intervalo de tempo.

Depois de terem conseguido observar, em cativeiro, apenas a segunda liberação de 2004, que ocorreu entre os dias 11 e 15 de outubro, em 2005 mais um importante avanço científico foi obtido. "No ano passado só observamos a desova em laboratório, mas, agora, também conseguimos acompanhar o evento no mar, entre os dias 30 de setembro e 4 de outubro", explica Débora Pires, coordenadora das atividades de reprodução dos corais e pesquisadora do Museu Nacional do Rio de Janeiro, à Agência FAPESP.

Como os pesquisadores sabiam do fenômeno, houve a divulgação prévia do evento, inclusive com a distribuição de folhetos e a apresentação de palestras. "A partir disso, recebemos relatos de mergulhadores que observaram a desova no Parque Nacional Marinho dos Abrolhos", disse Débora. Tanto a liberação registrada no mar como em cativeiro – existem bases de estudo em Porto Seguro (BA) e em Tamandaré (PE) – ocorreram no mesmo período de tempo.

"Agora estamos nos preparando para a segunda liberação do ano, que deverá ocorrer no fim de outubro, dias antes da próxima Lua nova", afirma Débora. Em paralelo aos eventos em cativeiro, os cientistas desenvolvem uma série de estudos que serão importantes, no futuro, para que ações de recuperação da espécie no mar possam ser desenvolvidas.

Segundo a pesquisadora, uma das experiências visa a determinar a duração máxima de atividade dos espermatozóides. "Essa é uma informação importante. Conseguimos estimar em 10 horas o tempo desde que o espermatozóide é liberado na água e fica ao sabor das correntes." Outro estudo pretende identificar qual a inclinação preferencial de assentamento das larvas. "Esse experimento ainda está em curso, mas é fundamental para a implantação de juvenis no mar."

Enquanto as pesquisas avançam, e os cientistas já sabem que, sem uma atuação nas áreas degradadas – mesmo elas estando fechadas –, não haverá recuperação dos corais cérebros, uma outra linha de ação do Projeto Coral Vivo está sendo levada de vento em popa.

"Estão ocorrendo eventos de mobilização social em Arraial d’Ajuda e arredores. No momento, por exemplo, já foram dadas palestras para mais de mil alunos de quinta a oitava série", afirma Débora.

O Projeto Coral Vivo é financiado pelo Ministério do Meio Ambiente e conta com a participação do Instituto Recifes Costeiros, da Universidade Federal de Pernambuco, do Projeto Tamar e da Aratur Mergulho e Ecoturismo.


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