Para Fernando Zawislak, da UFRGS, não haverá avanços se não existirem medidas efetivas de apoio ao jovem pesquisador (foto: E.Geraque)

Futuro da ciência brasileira
21 de julho de 2005

Grupo de Trabalho sobre Desenvolvimento Científico e Tecnológico da SBPC projeta o universo científico nacional para a próxima década. O assunto será apresentado ao governo em setembro

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21 de julho de 2005

Para Fernando Zawislak, da UFRGS, não haverá avanços se não existirem medidas efetivas de apoio ao jovem pesquisador (foto: E.Geraque)

 

Por Eduardo Geraque, de Fortaleza

Agência FAPESP - Apoio total e irrestrito, no dia-a-dia do campo e dos laboratórios, aos grupos e às atividades interdicisplinares. Para a socióloga Fernanda Sobral, da Universidade de Brasília (UnB), esse é um caminho que tem de ser trilhado pelo país na próxima década. Outro percurso diz respeito ao investimento na infra-estrutura básica para as universidades brasileiras e os institutos de pesquisa.

"Sem dúvida essa questão dos equipamentos é básica e constitui uma das maiores preocupações que deverão constar no nosso documento", disse Fernanda à Agência FAPESP. A pesquisadora da UnB é coordenadora do Grupo de Trabalho sobre Desenvolvimento Científico e Tecnológico, criado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Em setembro, o grupo apresentará um documento com propostas para os próximos dez anos.

Criado em dezembro de 2004, o comitê conta ainda com a participação do físico gaúcho Fernando Zawislak, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O pesquisador também esteve no simpósio sobre o tema, realizado durante a 57ª Reunião Anual da SBPC, em Fortaleza.

"Na próxima década, fundamentalmente, temos que fazer três coisas: fortalecer a educação do ensino médio, com uma melhor formação e ao mesmo tempo uma reciclagem dos professores; consolidar uma política de ciência, tecnologia e inovação; e definir áreas prioritárias que o Brasil deva abraçar, como é o caso da síntese de novos materiais", explicou Zawislak. O pesquisador também defende uma nova visão acadêmica que incorpore, na prática, grupos de pesquisa interdiciplinares.

Até 2015, em termos mais específicos, o físico da UFRGS acha que não haverá muitos avanços também se não existirem medidas efetivas de apoio ao jovem pesquisador. "Sem essas pessoas não podemos pensar no futuro. Falta muita ajuda nesse campo", disse.

Para acomodar o número de doutores formados todos os anos no Brasil, Zawislak defende até uma posição polêmica: "Sou a favor inclusive que se dê bolsas para os pós-doutores, mesmo se eles estiverem dentro das empresas privadas". A ressalva, feita nesse caso por Fernanda Sobral, é que isso poderia ser feito desde que fossem empresas de capital totalmente nacional.

Mas, quando o assunto é interdisciplinaridade, a concordância entre os dois membros do grupo da SBPC é total. "Tanto as universidades como as agências de fomento são avessas, quase sempre, aos grupos de pesquisa que abrigam pessoas de várias disciplinas. Temos que estar bem mais abertos para isso", defende Zawislak. Segundo o pesquisador, alguns projetos por ele submetidos a órgãos financiadores foram recusados por causa da falta de uma visão multiangular.


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