Pesquisador do Inpa aponta os riscos que a região amazônica está sofrendo por causa da pequena base de conhecimento científico que se tem sobre ela (foto: Landsat)

Fronteira arriscada
23 de julho de 2004

Em conferência na quinta (22/7), na 56ª SBPC, Adalberto Luís Val, pesquisador do Inpa, aponta os riscos que a região amazônica está correndo por causa da pequena base de conhecimento científico que se tem sobre ela

Fronteira arriscada

Em conferência na quinta (22/7), na 56ª SBPC, Adalberto Luís Val, pesquisador do Inpa, aponta os riscos que a região amazônica está correndo por causa da pequena base de conhecimento científico que se tem sobre ela

23 de julho de 2004

Pesquisador do Inpa aponta os riscos que a região amazônica está sofrendo por causa da pequena base de conhecimento científico que se tem sobre ela (foto: Landsat)

 

Por Eduardo Geraque, de Cuiabá

Agência FAPESP - Além do Brasil, a Venezuela, a Colômbia, o Equador e o Peru retiram petróleo dos subterrâneos da maior floresta tropical do planeta. Se por aqui existe uma preocupação com os riscos ambientais que uma atividade como essa pode causar ao meio ambiente, além das fronteiras brasileiras é impossível saber – pelo menos por enquanto – se um derramamento de petróleo na região seria rapidamente controlado. O risco ambiental está sempre presente.

"Nosso conhecimento científico é zero sobre acidentes com derramamento de petróleo em águas doces. Esse é um dos problemas que precisam ser melhor estudados", disse Adalberto Luís Val, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas (Inpa), à Agência FAPESP.

Em conferência em Cuiabá quinta-feira (22/7), na 56ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Luís Val mostrou uma foto de um oleoduto rompido em território peruano que derramou petróleo em rios da Amazônia. Segundo o pesquisador, existem indícios também de que metais pesados usados em áreas de extração de petróleo nos outros países estejam contaminando os rios brasileiros.

"Essa é uma questão importante de direito ambiental. Mesmo porque um acidente fora do Brasil, após qualquer chuva, também terá impacto por aqui por causa da drenagem dos rios", explica. Para Luís Val, não se trata de defender teses conspiratórias, mas as saídas para a Amazônia, pelo menos em tese, são simples, apesar de dependerem sempre da vontade política.

"É fundamental que seja ampliada a base de produção do conhecimento científico", disse. Para o pesquisador do Inpa, que desde os anos 70 estuda a Amazônia, uma outra medida fundamental é aumentar o número de doutores na região.

"Bolsa não é uma forma de fixar doutores na Amazônia. O que precisa ser feito são programas mais abrangentes que passem, por exemplo, pelo investimento em infra-estrutura adequada para esses jovens trabalharem", disse. "O Brasil tem hoje 40 mil alunos de doutorado, mas apenas 1 mil estão na Amazônia."

Essa ausência de recursos humanos na região talvez possa explicar um outro número apresentado por Luís Val na SBPC. Segundo ele, no primeiro quadrimestre deste ano foram publicados nas principais revistas do mundo 430 artigos sobre a Amazônia. "Nesse universo, apenas 41 autores vivem na região, sejam eles brasileiros ou não, e 111 moram no Brasil. Nem mesmo acesso a toda essa produção sobre a região nós estamos tendo", reclama.


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