Pesquisa feita no Instituto Adolfo Lutz com dez amostras de óleo para frituras, coletadas no comércio, mostra que todas estavam impróprias. O maior problema foi a alta temperatura, que pode provocar reações gastrointestinais
Pesquisa feita no Instituto Adolfo Lutz com dez amostras de óleo para frituras, coletadas no comércio, mostra que todas estavam impróprias. O maior problema foi a alta temperatura, que pode provocar reações gastrointestinais
Agência FAPESP - Das dez amostras de óleo de soja refinado obtidas durante a fritura de alimentos, todas se mostraram insatisfatórias em pelo menos um ensaio laboratorial. Essa foi a constatação de uma pesquisa assinada por pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz.
O projeto de pesquisa "Avaliação da qualidade de óleos e gorduras utilizados para fritura no comércio do município de Santos" incluiu a análise de 20 amostras de óleo. Metade foi coletada antes e a outra parte durante a fritura dos alimentos, principalmente pastéis. O material foi obtido com o auxílio de agentes da Vigilância Sanitária de Santos.
A maioria das amostras submetidas à fritura não foi aprovada em testes como acidez, viscosidade, densidade, índice de refração e temperatura do óleo. Segundo Mário Tavares, engenheiro químico e um dos responsáveis pela pesquisa, o maior problema foi verificado no último item: seis amostras (60%) superaram os 180°C estipulados pelo Ministério da Saúde.
"Grande parte dos comerciantes não tinha nenhum aparelho específico, como um termostato acoplado à fritadeira", explica Tavares à Agência FAPESP. "Dessa forma, o controle térmico acaba sendo feito na base do improviso." Acima dos 180º C, informa o pesquisador, os óleos sofrem uma decomposição muito acelerada que pode ser bastante prejudicial à saúde humana.
Além de levar a perdas na qualidade dos alimentos fritos, o aquecimento elevado do óleo pode ocasionar o rápido acúmulo de substâncias patogênicas em decomposição. "Em grande quantidade, esses chamados compostos polares causam distúrbios gastrointestinais, como diarréia", disse o pesquisador do Instituto Adolfo Lutz.
A quantidade desses tipos de compostos presentes nos óleos durante a fritura é considerada como o principal parâmetro para o monitoramento do grau de degradação desses líquidos. Entre as amostras analisadas, quatro delas (40%) revelaram teores acima dos 25% recomendados pelo Ministério da Saúde e pela legislação internacional.
"O maior problema no Brasil é que existe uma grande quantidade de recomendações técnicas que não têm poder de legislação. A temperatura dos óleos durante a fritura, apesar de ter sido detectado como um grande problema, é um dos únicos parâmetros regulamentados por meio de uma resolução", conta Tavares.
Nas dez amostras coletadas antes da fritura, os pesquisadores verificaram que todas estavam de acordo com a legislação brasileira quanto às características de identidade e qualidade do óleo.
A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.