Ketterle (último à dir., em pé) e equipe - Foto: MIT

Frio recorde
15 de setembro de 2003

Grupo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos, liderado por Wolfgang Ketterle, ganhador do Nobel, esfria gás de sódio a apenas meio bilionésimo de um grau acima do zero absoluto

Frio recorde

Grupo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos, liderado por Wolfgang Ketterle, ganhador do Nobel, esfria gás de sódio a apenas meio bilionésimo de um grau acima do zero absoluto

15 de setembro de 2003

Ketterle (último à dir., em pé) e equipe - Foto: MIT

 

Agência FAPESP - Apenas meio bilionésimo de um grau acima do zero absoluto. A mais baixa temperatura de que se tem notícia acaba de ser atingida por uma equipe de cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos.

Ao esfriar um gás de sódio a tal temperatura, os pesquisadores liderados por Wolfgang Ketterle, do departamento de física do MIT, bateram com folga o recorde anterior, que era de três bilionésimos de grau. A temperatura mais fria encontrada em situações não laboratoriais, no espaço, é de três graus acima do zero absoluto (-273,15ºC), quando os átomos param de se mover.

"Ir abaixo de um bilionésimo de um grau é como correr uma milha em menos de quatro minutos pela primeira vez", disse Ketterle, em comunicado distribuído pelo MIT. Em temperatura ambiente, átomos movem-se em velocidades comparáveis a de um avião a jato. Na temperatura obtida por Ketterle e equipe, de 500 picokelvin, eles se movem um milhão de vezes mais devagar, precisando de meio minuto para percorrer uma polegada.

Em temperaturas tão baixas, os átomos não podem ser contidos em recipientes comuns, pois se grudariam nas paredes. Além do que, nenhum recipiente conhecido poderia ser esfriado de tal forma. Na experiência do MIT, os átomos foram rodeados por ímãs e eram repelidos por campos magnéticos.

"Gases em temperaturas ultrabaixas podem levar a enormes melhorias em instrumentos de precisão, como em relógios atômicos e sensores gravitacionais", disse o físico David Pritchard, que dirigiu o projeto juntamente com Ketterle.

Ketterle recebeu o Prêmio Nobel de Física de 2001, junto com Eric Cornell e Carls Wieman, da Universidade do Colorado, pela descoberta do condensado de Bose-Einstein. Em 1995, os três cientistas conseguiram, em trabalhos independentes, esfriar gases a temperaturas extremamente baixas, da ordem de poucos bilionésimos de grau acima do zero absoluto. Ao fazer isso, descobriram uma nova forma de matéria, em que os átomos não se movem mais aleatoriamente, mas passam a exibir características ondulatórias. O condensado leva esse nome por ter sido previsto por Albert Einstein, em 1925, a partir de pesquisas feitas pelo indiano Nathan Bose.


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