Ana Bernarda Ludermir, da UFPE, mostrou em Olinda como a depressão e a violência doméstica podem andar arriscadamente juntas (foto: E.Geraque)
Estudo sobre transtornos mentais comuns, apresentado no 6º Congresso Brasileiro de Epidemiologia por Ana Bernarda Ludermir, da UFPE, mostra como depressão e violência doméstica podem andar arriscadamente juntas
Estudo sobre transtornos mentais comuns, apresentado no 6º Congresso Brasileiro de Epidemiologia por Ana Bernarda Ludermir, da UFPE, mostra como depressão e violência doméstica podem andar arriscadamente juntas
Ana Bernarda Ludermir, da UFPE, mostrou em Olinda como a depressão e a violência doméstica podem andar arriscadamente juntas (foto: E.Geraque)
Agência FAPESP - Inspirados por autores como os da Escola de Chicago, muitos sociólogos costumam lembrar dos riscos da urbanização e da industrialização globalizada desse início de milênio. Ao contrário do passado, a vida, principalmente em grandes metropóles, tem se tornado agitada e impessoal.
"Para usar uma frase do Chico Science, a cidade não pára, a cidade só cresce. O de cima sobe e o de baixo desce", disse Ana Bernarda Ludermir, professora da Universidade Federal de Pernambuco, que estuda a questão dos transtornos mentais comuns na região metropolitana do Recife.
Ao apresentar um estudo realizado na cidade de Olinda (PE), a pesquisadora não apenas mostrou como a desigualdade social alimenta vários problemas mentais como ainda revelou alguns cruzamentos perigosos. Um deles, por exemplo, entre violência e problemas mentais, sendo a depressão e a alteração de humor duas das doenças mais freqüentes.
"O estudo realizado em Olinda mostrou que 35% da população tinha algum tipo de transtorno mental comum", mostrou Ana Bernarda. Desse universo, apenas 25,9% não sofreram nenhum caso de violência doméstica. Entre as que sofreram, 40,5% foram vítimas de agressões sexuais e 52,3% sofreram atos de violência física. Segundo ainda o estudo apresentado no 6º Congresso Brasileiro de Epidemiologia, que terminou na quarta-feira (23/6), em Olinda, 63,8% das mulheres sofreram os dois tipos de agressão.
"As conseqüências de atos como esses parecem ser cumulativas", afirma Ana Bernarda. Para ela, em situações como essa, a mulher sofre uma perda muito grande, além de se tornar vulnerável, traída e com falta de esperança. Todos esses sentimentos se explicam, na opinião de pesquisadora, porque a violência partiu do companheiro, de alguém que privava da intimidade da vítima.
Além da violência doméstica, outros fatores como o desemprego, a escolaridade, as diferenças socioculturais e as de gênero também estão associados com os problemas mentais comuns, segundo o estudo apresentado em Olinda.
"De uma maneira geral, todas essas formas de exclusão estão associadas a sentimentos de depressão, humilhação, intolerância social, falta de controle e impotência". Segundo a Organização Mundial de Saúde, que alerta para a epidemia de depressão no mundo, essa doença deve ser a segunda causadora de morte até 2020.
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