Fósseis de samambaia em análise
14 de janeiro de 2008

Cientistas brasileiros e alemães iniciam estudos científicos após a coleta de 750 quilos de fósseis vegetais petrificados, no Tocantins, principalmente fragmentos de caules e folhas de samambaias cuja origem remonta a 290 milhões de anos

Fósseis de samambaia em análise

Cientistas brasileiros e alemães iniciam estudos científicos após a coleta de 750 quilos de fósseis vegetais petrificados, no Tocantins, principalmente fragmentos de caules e folhas de samambaias cuja origem remonta a 290 milhões de anos

14 de janeiro de 2008

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP – Pesquisadores do Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Rio Claro, no interior paulista, estão realizando análises científicas de fósseis vegetais, principalmente samambaias, coletados no município de Filadélfia, no Tocantins.

A equipe, coordenada pelos docentes Dimas Dias-Brito e Rosemarie Rohn Davies, coletou cerca de 750 quilos de material, composto principalmente por fragmentos de caules e folhas de espécies de samambaias dos gêneros Tietea e Psaronius, que atingiam até 15 metros de altura.

Os pesquisadores estimam que o material têm cerca de 290 milhões de anos. Pesquisadores da Universidade Federal do Tocantins e do Instituto Natureza do Tocantins, o órgão ambiental do governo daquele estado, também participam dos trabalhos.

As descobertas dos fósseis vegetais, que segundo os cientistas pertencem ao Período Permiano – entre 299 milhões e 250 milhões de anos atrás – ocorreram na Floresta Petrificada do Tocantins, área com aproximadamente 31 mil hectares.

Segundo Rosemarie, paleobotânica-chefe das expedições ao local das descobertas, o mais curioso é que os estudos da Unesp mostram que o material apresenta semelhanças com outros fósseis de samambaias também encontrados na cidade de Chemnitz, na Alemanha.

"Os fósseis de samambaias da Floresta Petrificada do Tocantins aparentemente têm uma maior relação com as amostras da Europa do que com materiais semelhantes encontrados em outras regiões do Brasil", disse Rosemarie à Agência FAPESP.

"Isso pode estar relacionado ao fato de o norte da América do Sul já ter apresentado conexão continental com a Europa e essas duas regiões terem estado na zona tropical. Temos que aprofundar os estudos para saber, por exemplo, o que teria sido responsável pelas diferenças entre as floras do sul e do norte do Brasil. Provavelmente isso se deve a questões climáticas", explica.

Rosemarie explica que, entre as plantas existentes atualmente, a mais parecida com os fósseis encontrados em Tocantins é o xaxim (Dicksonia sellowiana), que não ultrapassa três metros e é nativo da Mata Atlântica, especialmente dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.

Devido às semelhanças dos fósseis encontrados no Brasil e na Alemanha, a Unesp assinou um acordo de cooperação com o Museu da Natureza de Chemnitz para a realização de trabalhos conjuntos e intercâmbio de estudantes e docentes.

Três estudos de doutorado em andamento no IGCE e orientados por Rosemarie abordam, entre outras questões, a descrição das espécies de samambaias encontradas no Tocantins e detalhes do processo de fossilização. "Já estamos enviando alunos para a Alemanha para aprofundar essas questões" afirma.

O estudo desses vegetais, diz a professora, também permitirá a investigação de temas como as características externas e internas dos fósseis e o ambiente no Período Permiano onde a vegetação original foi depositada.


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