József Pálinkás, presidente da Academia de Ciências da Hungria, fala durante o evento (divulgação)

Fórum Mundial de Ciência faz recomendações a autoridades e pesquisadores
29 de novembro de 2013

Documento foi aprovado na sessão de encerramento do evento, no Rio de Janeiro

Fórum Mundial de Ciência faz recomendações a autoridades e pesquisadores

Documento foi aprovado na sessão de encerramento do evento, no Rio de Janeiro

29 de novembro de 2013

József Pálinkás, presidente da Academia de Ciências da Hungria, fala durante o evento (divulgação)

 

Por Fabrício Marques, do Rio de Janeiro

Revista Pesquisa FAPESP – A sessão de encerramento do 6º Fórum Mundial de Ciência, realizada na tarde de quarta-feira (27/11), no Rio de Janeiro, aprovou uma declaração final com cinco recomendações para autoridades, formuladores de políticas públicas e cientistas.

O documento sugere, em primeiro lugar, a intensificação da cooperação internacional e a coordenação de ações nacionais, principalmente no campo da educação, da infraestrutura de pesquisa e do acesso ao conhecimento, a fim de que a ciência contribua para o desenvolvimento sustentável, tema central da conferência.

A segunda recomendação pede prioridade para a educação, tanto no nível básico quanto no campo da ciência, tecnologia e engenharias, considerando essa estratégia indispensável para reduzir as desigualdades sociais e promover a ciência e a inovação.

A terceira sugere ações no campo da integridade científica, com a adoção de um código de conduta compartilhado por instituições e pesquisadores de todo o mundo em torno dos direitos, liberdades e responsabilidades. Segundo a declaração, os cientistas, tanto no desenvolvimento quanto na comunicação de resultados de seu trabalho, devem guiar-se com "honestidade intelectual, objetividade e imparcialidade, veracidade, justiça e responsabilidade".

A quarta recomendação pede mais diálogo entre governos, sociedade, indústria e meios de comunicação em torno de temas ligados à sustentabilidade. Por último, o documento propõe a criação de mecanismos sustentáveis para o financiamento da ciência, sobretudo nos países em desenvolvimento, exibindo a preocupação com os cortes no orçamento de ciência e tecnologia ocorridos em vários países desde o início da crise financeira internacional. A íntegra da declaração está disponível em: www.sciforum.hu/declaration/index.html.

Diversidade de experiências

O Fórum Mundial de Ciência reuniu cerca de 700 pesquisadores, autoridades e empresários de vários países entre os dias 24 e 27 no Rio de Janeiro, e produziu discussões em torno de diversos temas, da educação científica aos desafios de jovens pesquisadores, da inovação à bioenergia, da prevenção de desastres naturais à integridade científica. O evento ocorre a cada dois anos e é organizado pela Academia de Ciências da Hungria. Pela primeira vez, ocorreu em outro país, coordenado pela Academia Brasileira de Ciências (ABC).

De acordo com o matemático Jacob Palis, presidente da ABC, a contribuição dos sete encontros preparatórios realizados em vários estados desde o ano passado – o primeiro deles organizado pela FAPESP, em agosto de 2012, na capital paulista – foi aproveitada no documento final. "A educação para reduzir as desigualdades, por exemplo, foi uma proposta incorporada logo no início da discussão do documento", diz Palis, que elogiou a qualidade dos debates em temas como bioenergia e recursos hídricos.

József Pálinkás, presidente da Academia de Ciências da Hungria, ressaltou que o Fórum do Rio teve uma novidade em relação às edições anteriores: a redução do número de palestrantes e a ampliação do tempo para debates e perguntas da plateia. "As discussões foram vibrantes e de alto nível", afirmou.

O vice-presidente da FAPESP, Eduardo Moacyr Krieger, ficou impressionado com a diversidade de experiências relatadas na conferência, em especial em uma mesa sobre inovação, que trouxe a perspectiva de um país africano, a Nigéria, logo em seguida à de uma potência tecnológica, o Japão, e também de uma empresa brasileira com grande tradição inovadora, a Petrobras.

"A diversidade é natural. Cada país tem um problema. O que fica claro é que o Brasil já passou daquela fase de aprender a fazer ciência e treinar recursos humanos. A questão agora é apurar a qualidade da nossa ciência", disse Krieger.

"O grande desafio é transformar o conhecimento científico em desenvolvimento econômico e social, e a FAPESP tem tido um papel importante nessa tarefa, com programas que estimulam parcerias entre empresas e instituições de pesquisa paulistas, além da inovação em pequenas empresas", afirmou.

O próximo Fórum Mundial de Ciência será realizado em Budapeste, em 2015. Em 2017, voltará a ocorrer em um país parceiro, dessa vez a Jordânia.
 

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