Força taxonômica
08 de agosto de 2005

Trabalho de dezenas de botânicos resulta na produção da Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo, o mais abrangente projeto de mapeamento da vegetação paulista. O quarto volume da obra será lançado nesta quarta (10/8)

Força taxonômica

Trabalho de dezenas de botânicos resulta na produção da Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo, o mais abrangente projeto de mapeamento da vegetação paulista. O quarto volume da obra será lançado nesta quarta (10/8)

08 de agosto de 2005

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - Descrever, classificar e identificar plantas. O que parece simples aos olhos do leigo é, na realidade, um trabalho árduo, difícil e extremamente importante. Não existe conservação ambiental, por exemplo, sem que as plantas de uma determinada área não sejam conhecidas.

Isso reforça a importância da cerimônia na próxima quarta-feira (10/8), às 10h, na sede da FAPESP, em São Paulo. Será o lançamento do quarto volume da Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo, o mais abrangente projeto de mapeamento da vegetação paulista.

"O novo volume engloba 33 famílias e 475 espécies. São exemplares da Mata Atlântica, do Cerrado e das matas de planalto", explica Maria das Graças Lapa Wanderley, pesquisadora do Instituto de Botânica de São Paulo, à Agência FAPESP. "Foram coletadas espécies raras, que há pelo menos 30 anos não eram estudadas", disse a taxonomista vegetal, uma das coordenadoras do projeto ao lado de George Shepherd, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Em termos de São Paulo, os números podem induzir a uma visão pessimista sobre a representatividade vegetal. Após a destruição feita pela expansão agrícola, apenas 13,9% do território permanece com sua vegetação original. No caso específico da Mata Atlântica, a taxa, no estado, é de 15%, contra 7,3% no país. Mas, de acordo com os cientistas que participam do projeto, há espaço para otimismo. "Existem áreas ainda muito bem conservadas, como é o caso de Cananéia, no litoral sul, ou de Picinguaba, no litoral norte", explica Maria das Graças.

Todos os quatro números da Flora Fanerogâmica – e a previsão é que sejam publicados 15 até 2016, caso seja mantida a média de um por ano – já somam 2,5 mil páginas, 139 famílias, 475 gêneros e 1.830 espécies. "Isso representa 25% da flora paulista", diz Maria das Graças. De acordo com os cálculos feitos pelos botânicos, o Estado de São Paulo sozinho tem dois terços da flora de toda a Europa.

Além de ser um importante subsídio para futuras pesquisas – e para todo e qualquer projeto ambiental no Estado –, a Flora Fanerogâmica tem outro impacto direto. "Esse estudo abre um grande leque. É uma maneira de, por exemplo, formar recursos humanos e ainda de chamar mais pessoas para a taxonomia", afirma Maria das Graças. "Até agora, o projeto já rendeu umas 40 teses", comemora.

Informações sobre a obra podem ser obtidas com a Editora Rima, em São Carlos, pelo telefone (16) 3372-5269.


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