Redes de excelência na Europa funcionam como instrumento de política científica para que a liderança competitiva em certas áreas seja mantida, diz a brasileira Miriam Mendes, gerente de uma das maiores redes do continente (ilust.: Unesco)
Redes de excelência na Europa funcionam como instrumento de política científica para que a liderança competitiva em certas áreas seja mantida, diz a brasileira Miriam Mendes, gerente de uma das maiores redes do continente
Redes de excelência na Europa funcionam como instrumento de política científica para que a liderança competitiva em certas áreas seja mantida, diz a brasileira Miriam Mendes, gerente de uma das maiores redes do continente
Redes de excelência na Europa funcionam como instrumento de política científica para que a liderança competitiva em certas áreas seja mantida, diz a brasileira Miriam Mendes, gerente de uma das maiores redes do continente (ilust.: Unesco)
Agência FAPESP - O cronograma para os próximos cinco anos está pronto e os recursos assegurados. Agora, começa a parte mais complicada: fazer com que a Europa permaneça na liderança científica em determinadas áreas do conhecimento. Para isso, é preciso juntar as partes certas de um grande quebra-cabeça.
"As redes de excelência são instrumentos de política científica para a Comunidade Européia manter sua competitividade ", explica a bióloga brasileira Miriam Mendes, que está na Universidade de Oxford, na Inglaterra, como gerente de projeto da DC-Thera, uma das maiores redes de excelência que está sendo implementada no continente europeu.
O papel dessas redes, explica Miriam, é fazer um determinado campo do conhecimento funcionar como um quebra-cabeça bem montado, com grupos disseminando conhecimento em suas respectivas áreas para evitar a duplicação de esforços. Além disso, o projeto também identifica as áreas mais negligenciadas, para assegurar uma racionalização da alocação dos recursos.
"Um dos exemplos práticos, que está em curso, é o das células dendríticas [que protegem o organismo contra agentes patogênicos]", diz a pesquisadora brasileira. Segundo ela, apenas nesse caso, serão destinados 7,6 milhões de euros para a rede funcionar.
Os recursos serão usados para produzir a estrutura auto-sustentável da comunidade envolvida em células dendríticas. "A idéia é facilitar tanto o desenvolvimento da área científica, incluindo massa crítica, como a tradução da pesquisa básica em benefício clínico", conta Miriam.
Até 2009, a rede de excelência tem como meta integrar 32 grupos de pesquisadores, clínicos e empreendedores com outros 16 parceiros de diversos setores. Esse processo será considerado um sucesso se o conhecimento gerado de um lado, seja na genômica, na proteômica, biologia celular e molecular, chegar até os tratamentos clínicos para o câncer ou aids, por exemplo.
"Fazer com que as pessoas interajam é o nosso grande gargalo. Muitos tendem a se relacionar sempre com os mesmos colegas, o que acaba criando grupos estanques e inibindo a cooperação", diz Miriam. Outro desafio que terá de ser enfrentado em termos europeus é fazer com que quem estava acostumado a competir passe a colaborar com outros.
Quebrar as práticas estabelecidas, na visão da pesquisadora, é outro obstáculo bastante visível. "Não é muito fácil formatar um novo campo em que se propõe uma mudança de como tratar o câncer e as doenças auto-imunes e crônicas. Isso tudo está muito sedimentado, tanto na pesquisa como na clínica", afirma a bióloga.
Para Miriam, os cientistas estão normalmente mais orientados para fatos e conteúdos do que para relações interpessoais. Isso, segundo ela, é vantajoso em termos de pesquisa, mas não em termos de interação. "Os desafios são grandes, mas os potenciais benefícios científicos e clínicos que são esperados de redes como a DC-Thera valem o esforço", diz. .
Mais informações: www.dc-thera.org
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