A estimativa dos técnicos é que até 12 litros de combustível, altamente tóxico, podem ser espalhados por vários quilômetros quadrados durante um lançamento
(foto: ESA)

Foguetes nocivos
13 de janeiro de 2005

Notícia publicada na Nature alerta que moradores da Sibéria que vivem próximos à base de lançamento Baikonur podem estar sendo contaminados pelo combustível espirrado durante a decolagem

Foguetes nocivos

Notícia publicada na Nature alerta que moradores da Sibéria que vivem próximos à base de lançamento Baikonur podem estar sendo contaminados pelo combustível espirrado durante a decolagem

13 de janeiro de 2005

A estimativa dos técnicos é que até 12 litros de combustível, altamente tóxico, podem ser espalhados por vários quilômetros quadrados durante um lançamento
(foto: ESA)

 

Agência FAPESP - Apesar de ainda não terem sido publicados em periódicos científicos, os resultados de uma pesquisa realizada na Rússia, próximo à base de Baikonur, na Sibéria – e obtidos com exclusividade pela revista Nature –, estão causando discussão. O motivo é que o combustível espalhado pelo lançamento dos foguetes pode estar contaminando a população da região.

Análises realizadas pelo epidemiologista russo Sergey Zykov em 1.000 crianças que vivem em uma área montanhosa próxima da plataforma revelaram resultados alarmantes. As pessoas que vivem na área mais afetada, durante os anos de 1998, 1999 e 2000, necessitaram ir ao médico duas vezes mais do que o grupo controle. Além disso, a duração do tratamento também foi duas vezes maior.

Os principais problemas de saúde levantados pelo estudo foram disfunções endócrinas e alterações no sangue dos pacientes. A área escolhida para os estudos, as montanhas da República Altai, costuma receber combustível não queimado pelos foguetes que são lançados na Sibéria. As estimativas dos pesquisadores é que em cada operação 12 litros de líquidos altamente tóxicos sejam espalhados por vários quilômetros quadrados ao redor da base.

A reportagem da edição de 13/1 da Nature, apesar de considerar como real o risco de poluição, levantou algumas interrogações sobre o trabalho apresentado pelos cientistas. Uma das mais importantes veio do Centro de Pesquisa do Câncer de Oxford, no Reino Unido. A pesquisadora Valerie Beral lembrou que muitos estudos, após o acidente em Chernobyl, em 1986, foram feitos apenas com o objetivo de obter recursos financeiros internacionais. Quando se tentou repetir a metodologia utilizada naquela época na Rússia, não foram obtidos os mesmos resultados.

As autoridades russas, em pronunciamento oficial, disseram que a poluição existe, mas que ela não causa nenhum tipo de problema na saúde dos moradores da República Altai. A Nature, que também abordou o problema em editorial na mesma edição, lembrou que as agências espaciais européia (ESA) e norte-americana (Nasa) utilizam os serviços da base russa para alguns lançamentos.

Apesar de o problema ter sido causado por foguetes russos, a revista defende a tese de que outros países também devem se preocupar com a questão. Preocupação que deve se estender às próprias plataformas de lançamento de foguetes dessas outras nações. A Nasa, por sua vez, adiantou que os estágios dos foguetes que decolam no Cabo Canaveral, na Flórida, são separados sobre o oceano e, por isso, o risco de contaminação de pessoas é inexistente.


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