Projeto desenvolvido por pesquisadores da UFMG promove a recuperação de áreas degradadas e a exploração econômica da madeira em Jaíba, no norte de Minas (foto: divulgação)

Floresta social
02 de março de 2005

Projeto desenvolvido por pesquisadores da UFMG promove a recuperação de áreas degradadas e a exploração econômica da madeira em Jaíba, no norte de Minas

Floresta social

Projeto desenvolvido por pesquisadores da UFMG promove a recuperação de áreas degradadas e a exploração econômica da madeira em Jaíba, no norte de Minas

02 de março de 2005

Projeto desenvolvido por pesquisadores da UFMG promove a recuperação de áreas degradadas e a exploração econômica da madeira em Jaíba, no norte de Minas (foto: divulgação)

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) têm conseguido bons resultados com a aplicação de uma nova técnica de recuperação de áreas degradadas. Aplicado no município de Jaíba, no norte de Minas, o método, que está sendo chamado de "floresta social", garante o reflorestamento da região e, ao mesmo tempo, promove a oferta de madeira para a população local subsistir.

Com a intenção de conciliar preservação ambiental e exploração econômica, a inovação é baseada no plantio de árvores de eucalipto em conjunto com espécies nativas da região. A idéia é que, depois de adultos, apenas os eucaliptos possam ser cortados para o uso comercial da madeira.

O projeto "Florestas mistas de espécies nativas e eucalipto para recuperação ambiental e fortalecimento da agricultura no semi-árido de Minas Gerais" é coordenado por Maria Rita Muzzi e Nadja Horta de Sá, ambas do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG. As pesquisadoras e colaboradores realizaram seis experimentos utilizando eucalipto com diferentes espécies nativas. Os resultados foram comparados com uma área plantada apenas com o eucalipto.

"Os experimentos mostraram um grande enriquecimento do solo quando plantamos o eucalipto com a caatinga arbórea, a principal vegetação nativa da região", disse Maria Rita à Agência FAPESP. A pesquisadora destaca que as áreas mistas apresentaram maior presença de microrganismos, além de fixarem mais carbono na parte aérea das plantas, na madeira e também no solo.

Os testes concluíram ainda que o DNA extraído de todo o material presente no solo da floresta mista apresentou características mais próximas às do bioma da vegetação nativa, quando comparados com o da espécie carrasco, um arbusto que geralmente infesta a área após a degradação.

Essa foi a primeira experiência brasileira que usou o eucalipto com a caatinga arbórea. Em regiões amazônicas, existem áreas que estão sendo reflorestadas com plantações mistas de eucalipto com leguminosas.

Com base nos resultados favoráveis, os pesquisadores já recuperaram 10 hectares de mata em Jaíba. "A meta agora é ampliar as florestas sociais para mais 300 hectares da região. A comunidade local também está trabalhando na gestão da floresta por meio de uma associação para multiplicar a técnica em suas propriedades particulares", explica Maria Rita.

Outra vantagem do modelo mineiro é a redução do uso de produtos químicos, que chega a ser até 40% menor. "Diminuímos o impacto químico do solo ao substituir a adubação pelos fungos micorrízicos e microrganismos fixadores de nitrogênio que promovem o crescimento das espécies", disse.

Com isso, além de diminuir a agressão ao solo, a prática resultou numa velocidade de crescimento das mudas acima da média. "O crescimento do eucalipto teve seu período de maturação diminuído em alguns meses, o que faz com que a extração de sua madeira para uso econômico ocorra com mais rapidez", disse.

Segundo Maria Rita, à medida que o eucalipto é cortado, ele brota automaticamente no solo durante os próximos dois ciclos. "Isso quer dizer que a floresta social torna disponível o eucalipto para uso comercial por pelo menos 21 anos", disse.


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