Análise feita a partir de DNA pré-histórico encontrado a 2 km da superfície conclui que a Groenlândia, hoje coberta por gelo em 80% do território, teve florestas há milhares de anos (divulgação)
Análise feita a partir de DNA pré-histórico encontrado a 2 km da superfície conclui que a Groenlândia, hoje coberta por gelo em 80% do território, teve florestas há milhares de anos
Análise feita a partir de DNA pré-histórico encontrado a 2 km da superfície conclui que a Groenlândia, hoje coberta por gelo em 80% do território, teve florestas há milhares de anos
Análise feita a partir de DNA pré-histórico encontrado a 2 km da superfície conclui que a Groenlândia, hoje coberta por gelo em 80% do território, teve florestas há milhares de anos (divulgação)
Calcula-se que ali, hoje território dinamarquês, esteja um quarto de todo o gelo encontrado na superfície do planeta. Historiadores apontam que o verde do nome teria sido escolhido para atrair mais pessoas para a inóspita região na qual, além do gelo e do solo rochoso, encontravam-se apenas a tundra e o musgo no litoral. Mas quem quer que tenha dado o nome teria acertado, caso tivesse vivido um bom tempo antes.
Um novo estudo, que incluiu a análise genética de amostras de organismos pré-históricos encontrados no gelo, concluiu que a Groenlândia tinha um clima muito mais quente do que se imaginava, suficiente para a existência de florestas, ricas em plantas e pequenos invertebrados, entre 450 mil e 900 mil anos atrás.
Os resultados da pesquisa, que implicam um clima mais quente para todo o planeta no período em questão, estão em artigo publicado na edição de 6 de junho da revista Science. Até então, a mais recente evidência de uma floresta boreal na região tinha 2,4 milhões de anos.
As amostras analisadas foram recuperadas de uma espessa camada de gelo a cerca de dois quilômetros abaixo da superfície e continham sinais de insetos, árvores e outras plantas.
"Os resultados do estudo permitem que façamos uma reconstrução ambiental mais exata do período ao qual pertencem as amostras e mostram que essa parte do mundo era significativamente mais quente do que se pensava", disse Martin Sharp, da Universidade de Alberta, no Canadá, um dos autores do artigo.
Segundo os pesquisadores, o gelo encontrado sob a gigantesca geleira da Groenlândia produz um "freezer natural" perfeito para a preservação de DNA pré-histórico. Anteriormente, havia sido encontrado material orgânico, mas esta é a primeira vez em que se recuperou DNA não contaminado com tamanha idade.
As amostras foram comparadas com outras obtidas no Ártico canadense. A análise concluiu também que as amostras de DNA da Groenlândia eram de florestas que cresceram nos próprios locais, e não foram transportadas pelo vento ou pela água a partir de outras partes do planeta.
Segundo o estudo, as temperaturas nas florestas ao sul da ilha eram de -17ºC no inverno, mas chegavam a 10ºC durante o verão. Outra conclusão é que o nível do oceano era de 1 a 2 metros acima do atual. Mas Sharp, ainda que concorde que condições naturais poderiam levar o planeta ao atual cenário de aquecimento global, destaca o perigo de se aceitar tal teoria.
"O atual aquecimento pode ser resultado tanto de processos naturais como da influência humana. Ou pelos dois juntos. Neste caso, estaríamos caminhando em direção a aumentos de temperatura muito maiores do que estimam as previsões atuais", disse Sharp.
O artigo Ancient biomolecules from deep ice cores reveal a forested southern Greenland, de Eske Willerslev, Matthew J.Collins e outros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemar.org.
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