(foto: divulgação)

Ferro na farinha
07 de abril de 2005

Pesquisadores do IPT desenvolvem microcápsula de sulfato ferroso para misturar à farinha na fabricação de pães e ajudar a combater a desnutrição mineral em crianças com menos de 5 anos

Ferro na farinha

Pesquisadores do IPT desenvolvem microcápsula de sulfato ferroso para misturar à farinha na fabricação de pães e ajudar a combater a desnutrição mineral em crianças com menos de 5 anos

07 de abril de 2005

(foto: divulgação)

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), quase 45% das crianças brasileiras com menos de 5 anos de idade são anêmicas por deficiência de ferro. Com a intenção de tentar reverter o problema, cientistas do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) têm estudado a mistura de sulfato ferroso (FeSO4) à farinha para a fabricação de pães.

Os pesquisadores desenvolveram um processo de microencapsulação que gera partículas contendo FeSO4 e um agente encapsulante com características apropriadas para incorporar o sal de ferro no alimento. "A farinha enriquecida com ferro apresentou-se estável durante os seis meses do período de validade", disse Maria Inês Ré, coordenadora da pesquisa, à Agência FAPESP. Os testes com o alimento foram realizados no Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), em Campinas.

Com base nos resultados, os pesquisadores passaram aos experimentos clínicos. Os testes com seres humanos foram realizados com 413 crianças de quatro creches da cidade de São Paulo. Durante 24 semanas, duas creches receberam pãezinhos com o FeSO4 encapsulado enquanto as crianças das outras duas unidades receberam pães normais.

Segundo Maria Inês, os pãezinhos feitos com farinha enriquecida foram bem aceitos pelas crianças, pois suas características sensoriais, como cor, sabor e aroma, eram praticamente as mesmas do alimento convencional. O efeito da suplementação do ferro foi medido pela dosagem de hemoglobina de cada criança.

"Houve uma redução significativa nos índices de anemia observados no grupo de crianças que consumiu o alimento com sulfato ferroso", disse Maria Inês. O quadro de anemia entre as crianças que ingeriram os pães enriquecidos caiu de 32% para 11,5%, ao final dos seis meses de estudo.

"Nossa proposta agora é combater a desnutrição mineral por meio da criação de um programa popular de incentivo ao consumo em larga escala dos alimentos com ferro", acrescenta a pesquisadora.

Maria Inês apresentou a proposta de criação desse programa à Secretaria de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo do Estado de São Paulo, que está analisando a iniciativa. A intenção é que o programa seja implementado em creches do Estado de São Paulo para combater a anemia infantil por deficiência de ferro.

"A idéia é oferecer pães enriquecidos na merenda escolar. A fonte suplementar de ferro foi bem aceita pelas crianças durante os ensaios clínicos realizados", disse.

Além do Laboratório de Tecnologia de Partículas do IPT, o trabalho contou com a participação do Laboratório de Nutrição/Minerais do Departamento de Nutrição Experimental da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP) e do Departamento de Pediatria da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).


  Republicar
 

Republicar

A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.