Em três artigos publicados na mesma edição da revista Science, cientistas afirmam que aumentar as concentrações de ferro no oceano estimula a produção de fitoplâncton. O método pode ajudar no sequestro de dióxido de carbono da atmosfera sem prejudicar a produtividade marinha
Em três artigos publicados na mesma edição da revista Science, cientistas afirmam que aumentar as concentrações de ferro no oceano estimula a produção de fitoplâncton. O método pode ajudar no sequestro de dióxido de carbono da atmosfera sem prejudicar a produtividade marinha
A conseqüência imediata desse processo é o aumento da fixação de dióxido de carbono na água. O estudo é um dos três sobre o tema publicados na edição de 16/4 da revista Science e analisam o Southern Ocean Iron Experiment, que vem sendo conduzido por instituições de pesquisa de diversos países no Pólo Sul.
Outra pesquisa publicada na revista, de James Bishop, da Divisão de Ciências da Terra do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, apresentou resultados similares. Em seu artigo, ele demonstra que o aumento de ferro também provoca um acréscimo de carbono na lâmina de água oceânica. A pesquisa mediu, inclusive, os níveis de dióxido de carbono em regiões mais profundas onde, teoricamente, a volta dessas moléculas para a atmosfera é mais difícil.
Dados pré-históricos ajudam a comprovar as descobertas. Já havia sido verificado que, nos períodos glaciais, as concentrações de dióxido de carbono na atmosfera diminuíram bastante, ao mesmo tempo em que as concentrações de ferro no oceano aumentaram.
Mas uma das perguntas ainda sem resposta diz respeito à quantidade de ferro que precisa ser injetada no oceano. De acordo com o terceiro estudo, assinado por Ken Busseler, do Departamento de Química Marinha e Geoquímica do Instituto Woods Hole de Oceanografia, e colaboradores, o aumento de ferro realmente eleva também a captura de carbono, mas em níveis muito baixos. De acordo com a pesquisa, as taxas encontradas são insuficientes para retirar, por exemplo, o dióxido de carbono de origem antropogênica presente na atmosfera.
Apesar dos resultados positivos em termos de se criar novos métodos de sequestro do carbono, os cientistas ainda defendem a continuidade das pesquisas para que a polêmica se resolva. A injeção de ferro no oceano apenas para aumentar a produtividade primária também não é uma questão fechada.
A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.