Reunião e exposição fotográfica em São Paulo comemoram o aniversário do Programa Biota-FAPESP, que criou um novo modelo para fazer ciência dentro da temática que envolve a caracterização, a conservação e o uso sustentável da biodiversidade

Fazendo história em cinco anos
28 de maio de 2004

Programa Biota-FAPESP cria um novo modelo para fazer ciência dentro da temática que envolve a caracterização, a conservação e o uso sustentável da biodiversidade. Reunião e exposição fotográfica em São Paulo comemoram o aniversário do programa

Fazendo história em cinco anos

Programa Biota-FAPESP cria um novo modelo para fazer ciência dentro da temática que envolve a caracterização, a conservação e o uso sustentável da biodiversidade. Reunião e exposição fotográfica em São Paulo comemoram o aniversário do programa

28 de maio de 2004

Reunião e exposição fotográfica em São Paulo comemoram o aniversário do Programa Biota-FAPESP, que criou um novo modelo para fazer ciência dentro da temática que envolve a caracterização, a conservação e o uso sustentável da biodiversidade

 

Agência FAPESP - Os cientistas brasileiros têm bons motivos para celebrar. O Programa Biota-FAPESP – Instituto Virtual da Biodiversidade está fazendo aniversário. O programa multidisciplinar, que tem como objetivo fazer o levantamento e a caracterização da biodiversidade do Estado de São Paulo para sua conservação e uso sustentável, completa cinco anos com mais de 500 cientistas participantes em 50 projetos de pesquisa.

Apesar do pouco tempo, as conquistas são inúmeras e comprovam a enorme importância de um dos maiores projetos científicos em andamento no país, que já contribuiu para a publicação de quatro grandes inventários da flora e da fauna paulista – outros dois estão em processo de gestação – e de mais de 500 trabalhos científicos.

Do ponto de vista qualitativo, segundo Carlos Alfredo Joly, coordenador do programa e professor do Departamento de Botânica da Universidade Estadual de Campinas, a contribuição é muito mais profunda. "Sem dúvida, foi estabelecido um novo paradigma nessa área de pesquisa, que envolve a caracterização, a conservação e uso sustentável da biodiversidade", disse à Agência FAPESP.

"O Biota é um dos grandes programas mais bem sucedidos já realizados no país: um caso exemplar da capacidade de organização dos sistemas de pesquisa e um indutor do comportamento científico e cultural", disse Carlos Vogt, presidente da FAPESP.

Em homenagem aos cinco anos do Biota-FAPESP, será realizada na segunda-feira (31/5) uma reunião de trabalho dos pesquisadores envolvidos. O encontro ocorrerá no auditório da FAPESP, no bairro do Alto da Lapa, em São Paulo, a partir das 14h30. Após a reunião, acontecerá uma confraternização entre os presentes.

No dia seguinte, 1º/6, às 19h30, será lançada a exposição fotográfica "Cores e sombras da biodiversidade do Estado de São Paulo". A mostra, que também homenageia a Semana Internacional do Meio Ambiente, será inaugurada no Espaço Cultural Citibank, também na capital paulista, e depois seguirá para outras cidades do Estado.

A exposição pretende transmitir ao público leigo e a estudantes do ensino fundamental e médio informações sobre a Mata Atlântica e Cerrado, os dois grandes biomas paulistas. Textos didáticos, mapas e imagens de satélites mostrarão aos visitantes a distribuição espacial dos ambientes aquáticos, centros urbanos e da vegetação nativa remanescente.


Colaboração virtual com conquistas reais

O Biota-FAPESP não tem sede fixa, congregando os pesquisadores por meio da internet, de modo a formar um amplo banco de dados virtual sobre a biodiversidade. Multidisciplinar, o programa é integrado por dezenas de projetos temáticos articulados entre si.

Em cinco anos de funcionamento, o Biota-FAPESP conseguiu criar um grupo único de pesquisadores que, em vez de competir entre si, compartilham dados e experiências profissionais inéditas. O que antes eram apenas estudos pontuais e isolados, agora está sendo feito de forma coesa e organizada.

"As pesquisas sobre biodiversidade sempre eram realizadas em separado, mas o Biota-FAPESP criou a oportunidade de termos um volume de recursos dirigido a pesquisas dentro de uma proposta comum", disse o biólogo João Paulo Capobianco à revista Pesquisa FAPESP.

"Em termos de conhecimento científico, um avanço considerável foi obtido, por exemplo, com alguns grupos de organismos da flora do Cerrado e da Mata Atlântica", explica o coordenador Joly. No estudo da fauna, os pesquisadores ligados ao programa conseguiram avanços importantes em relação aos peixes de riachos, borboletas e a vários invertebrados aquáticos, tanto de ambientes dulcícolas como marinhos.

Mesmo em relação aos grupos bem conhecidos, como é o caso de alguns invertebrados marinhos já bem estudados, as pesquisas coordenadas pelo Biota-FAPESP conseguiram avanços importantes. "Mais de 50 espécies novas em uma região do litoral entre São Sebastião e Ubatuba, que se supunha bem identificada, foram descobertas", exemplificou.

A catalogação da biodiversidade paulista não foi o único foco do programa. As pesquisas feitas em várias regiões do Estado também estão colaborando para o entendimento de processos mais globais. "Existem contribuições também para o entendimento da perda de espécies por causa da fragmentação de hábitats e até de questões relativas às mudanças climáticas", disse Joly.

Estudos feitos no âmbito do Biota-FAPESP também mostraram o papel do Cerrado no balanço de dióxido de carbono na atmosfera e como as espécies arbóreas da Mata Atlântica contribuem para o aumento das taxas de fotossíntese.

Uma das conseqüências mais recentes do programa é a BIOprospecTA, uma nova rede de cooperação e integração de pesquisadores e instituições paulistas, que está sendo criada dentro dos objetivos e da estrutura do Programa Biota-FAPESP.

Segundo os responsáveis pela rede, o objetivo dos projetos deve ser "a bioprospecção com o propósito de ampliar de forma sistemática e organizada o universo de espécies estudadas através de diferentes bioensaios". O foco da rede serão os microrganismos e a flora e a fauna, terrestre ou aquática, do Estado de São Paulo.


Aprovação internacional

Desde que foi criado, o Programa Biota-FAPESP tem sido avaliado anualmente por uma comissão internacional de cientistas. Todos os relatórios confirmam a qualidade dos resultados do programa. O primeiro trimestre de 2004, entretanto, marcou uma diferença. Além das conclusões positivas do quarto relatório, membros do conselho de avaliação convidaram os responsáveis pelo programa, que investiga a biodiversidade do Estado de São Paulo, a apresentar a experiência científica brasileira no exterior.

"O Biota começa a ter uma visibilidade internacional importante", analisa Joly. O modelo desenvolvido pelo programa foi apresentado em abril na Universidade de Wesleyan, nos Estados Unidos, e no simpósio anual da Global Biodiversity Information Facility (GBIF), entidade sediada no México que se preocupa com a catalogação de dados primários da biodiversidade mundial.

"O Biota oferece uma série de exemplos que poderiam ser utilizados em vários outros países", disseram os cientistas que assinaram o quarto relatório de avaliação, o norte-americano Barry Charnoff, do Departamento de Biologia da Universidade de Wesleyan, o consultor australiano Arthur Chapman, especialista em assuntos ambientais, e o holandês Peter Schalk, diretor do Centro de Biodiversidade da Universidade de Amsterdam. Os avaliadores também sugeriram que as pesquisas realizadas em São Paulo fossem ampliadas para todo o território nacional.

Poucos meses após ter sido criado, o Biota-FAPESP já era reconhecido. Em novembro de 1999, ganhou o Prêmio Henry Ford de Conservação Ambiental, na categoria "Iniciativa do ano em conservação". A premiação tem como meta incentivar trabalhos que se destaquem na implantação de projetos de conservação da natureza e da qualidade de vida, servindo de modelo para todo o país.

A escolha do Biota-FAPESP levou em conta as dimensões inéditas do programa, considerado o mais ambicioso na área ambiental já realizado no Brasil. "É uma iniciativa que envolve um amplo esforço de integração da comunidade científica", disse na época da premiação Heloísa de Oliveira, coordenadora de projetos da Conservation International do Brasil e responsável pela organização do Prêmio Henry Ford, à revista Pesquisa FAPESP.

Biota-FAPESP: www.biota.org.br

Exposição Biodiversidade do Estado de São Paulo: Cores e Sombras
Espaço Cultural Citibank - Av. Paulista, 1111 - São Paulo
www.biota.org.br/expobio


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