Pesquisa feitas por Hwang na Coréia são falsas, conclui comitê da Universidade Nacional de Seul, criado especialmente para investigar o caso

Farsa genética
11 de janeiro de 2006

Comitê criado pela Universidade Nacional de Seul, na Coréia do Sul, para investigar as pesquisas do cientista Woo Suk Hwang, divulga veredicto. Dos três principais artigos publicados nos dois últimos, apenas o do cão clonado é válido

Farsa genética

Comitê criado pela Universidade Nacional de Seul, na Coréia do Sul, para investigar as pesquisas do cientista Woo Suk Hwang, divulga veredicto. Dos três principais artigos publicados nos dois últimos, apenas o do cão clonado é válido

11 de janeiro de 2006

Pesquisa feitas por Hwang na Coréia são falsas, conclui comitê da Universidade Nacional de Seul, criado especialmente para investigar o caso

 

Agência FAPESP - Os geneticistas espalhados pelo mundo não podem mais citar, em suas apresentações, os avanços do grupo liderado pelo infame Woo Suk Hwang, na Coréia do Sul. Nesta terça-feira (10/1), o comitê criado pela Universidade Nacional de Seul, à qual o veterinário está ligado, chegou a um veredicto final.

Os dois artigos publicados na revista Science, em fevereiro de 2004 e em maio de 2005, que ganharam o mundo e fizeram a fama de Hwang, são falsos. Segundo o comitê, a equipe do cientista, para chegar aos resultados anunciados, manipulou os dados. A única publicação que permanece válida é a do cão clonado. O Snuppy, anunciado à comunidade científica pelas páginas da Nature, em agosto de 2005, é realmente um clone.

As eventuais células-tronco, que teriam sido clonadas a partir de outras de pacientes com doenças como o Alzheimer, não vieram de blastocistos – embriões em estágio inicial de formação. Elas saíram de óvulos fertilizados in vitro que estavam congelados. Além disso, todos os resultados usados para dar sustentação à tese, inclusive as fotografias, foram montados.

Sobre o artigo mais antigo, de 2004, em que a equipe sul-coreana teria conseguido produzir células-tronco de embriões humanos clonados, o resultado é o mesmo. Para não deixar dúvidas, participaram dessa parte da investigação sobre o trabalho de Hwang três centros independentes de pesquisa e todos chegaram à mesma conclusão. Nenhum dos centros que tentou repetir a experiência como ela estava apresentada no artigo publicado na Science conseguiu chegar aos mesmos resultados.

O número de óvulos usados nos dois trabalhos também está sob suspeita. No primeiro trabalho foi informada a utilização de 242 óvulos. Apesar de ser impossível saber realmente quanto desses materiais foi usado pelo grupo de Hwang, o comitê conseguiu descobrir que entre novembro de 2002 e novembro de 2005 um total de 2.061 óvulos, de 129 mulheres, foi coletado e encaminhado à equipe do cientista.

Em relação ao segundo artigo, a diferença também existe. Segundo o texto publicado, teriam sido utilizados 185 óvulos. Mas o comitê descobriu que, entre setembro de 2004 e fevereiro de 2005, foram encaminhados ao grupo 273 óvulos.

"Estamos certo de que essa experiência é um passo importante para melhorar as práticas científicas em nosso país", escreveram os membros do comitê sobre a investigação, no comunicado oficial divulgado em Seul.


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