Simpósio em Montevidéu reúne pesquisadores de diversos países para apresentar resultados de estudos e discutir oportunidades de colaboração (Foto: Heitor Shimizu)
Simpósio em Montevidéu reúne pesquisadores de diversos países para apresentar resultados de estudos e discutir oportunidades de colaboração
Simpósio em Montevidéu reúne pesquisadores de diversos países para apresentar resultados de estudos e discutir oportunidades de colaboração
Simpósio em Montevidéu reúne pesquisadores de diversos países para apresentar resultados de estudos e discutir oportunidades de colaboração (Foto: Heitor Shimizu)
Agência FAPESP | Heitor Shimizu, de Montevidéu – Pesquisadores do Uruguai, Argentina, Brasil e Paraguai estão reunidos em Montevidéu para apresentar resultados de estudos na fronteira do conhecimento e discutir oportunidades de colaboração.
O simpósio, dias 17 e 18 de novembro, é organizado pela FAPESP em colaboração com a Asociación de Universidades Grupo Montevideo (AUGM) e a Universidad de la República (UdelaR).
Na abertura do evento, Alvaro Maglia Cenzani deu as boas-vindas aos participantes e falou sobre a AUGM, associação da qual é secretário executivo.
Criada em 1991, a AUGM é uma rede de universidades públicas na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai que, somadas, reúnem mais de 1,5 milhão de estudantes de graduação, 250 mil de pós-graduação e 135 mil pesquisadores e professores.
“A AUGM tem como objetivo fundamental criar um espaço acadêmico comum na região a partir da cooperação e visando à integração dos países por meio de seu desenvolvimento”, disse Maglia, professor de Odontologia na UdelaR.
A AUGM tem diversos programas para estimular a cooperação científica de seus países-membros, como os Núcleos Disciplinários, que são grupos técnico-científicos em áreas de interesse comum a seus integrantes. O programa reúne pessoas com alta qualificação em diversas atividades científicas e acadêmicas.
Outro programa da AUGM são as Escalas, que estimulam a mobilidade acadêmica de estudantes de graduação e de pós-graduação, de professores e de gestores e administradores. Representantes da AUGM e da FAPESP assinaram, em 2015, um acordo de cooperação para apoiar colaborações em pesquisa.
Em seguida, Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, agradeceu aos anfitriões, à organização e aos pesquisadores presentes e falou sobre a série de eventos organizados pela FAPESP internacionalmente.
“As FAPESP Week são oportunidades importantes para criar condições de incentivar colaborações científicas entre pesquisadores do Estado de São Paulo e de outros países”, disse.
Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente da FAPESP representando o presidente da Fundação, José Goldemberg, destacou a importância de “incentivar não só a mobilidade, que é relativamente boa entre os nossos países, mas também de fazer projetos conjuntos de cooperação internacional em pesquisa”.
“Nos últimos anos, a FAPESP tem incentivado a cooperação internacional também para destacar a importância e auxiliar no desenvolvimento da ciência que se produz no Estado de São Paulo e do Brasil. Podemos dizer que quanto melhor a cooperação internacional, melhor a qualidade e maior o impacto da ciência que se produz”, disse.
Maria Simon, professora da Facultad de Ingeniería da UdelaR, ressaltou a necessidade da cooperação internacional para sua instituição. “Como somos uma comunidade pequena, nosso interesse na colaboração internacional é muito grande. E estamos buscando sempre a colaboração em pesquisas de qualidade e de importante valor”, disse.
O reitor Roberto Markarian Abrahamian completou apontando que a UdelaR é “uma universidade grande em um país pequeno”. Única instituição de ensino superior pública do Uruguai, a UdelaR, fundada em 1849, tem mais de 100 mil estudantes.
“Cerca de 80% dos estudantes universitários no Uruguai estudam na Universidad de la República, que é uma instituição estatal”, disse.
São Paulo e a América do Sul
A palestra de abertura da FAPESP Week Montevideo foi proferida por Brito Cruz, que destacou a importância das colaborações internacionais em pesquisa para o avanço do conhecimento nos países participantes.
Como exemplo citou a área de Astronomia, na qual a FAPESP viabiliza a participação de pesquisadores brasileiros em projetos de grande dimensão que financia, como o SOAR, no Chile, e LLAMA e Pierre Auger, na Argentina.
“Com o Uruguai, estamos participando do projeto do telescópio BINGO, que tem como objetivo estudar a matéria escura no Universo e outros fenômenos astrofísicos”, disse.
O telescópio será construído no norte do Uruguai. Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) irão liderar os trabalhos de desenho estrutural do telescópio e da produção do protótipo do módulo receptor de sinais – em frequência entre 0,96 GHz e 1,26 GHz. Além de Brasil e do Uruguai, o projeto reúne instituições do Reino Unido e da Suíça.
O diretor científico falou também sobre algumas das modalidades de apoio oferecidas pela FAPESP para estimular o intercâmbio em pesquisa, como o financiamento da vinda de cientistas de outros países para realizar colaborações em pesquisa no Brasil.
Entre esses mecanismos estão, ainda, o Programa Jovens Pesquisadores em Centros Emergentes, o Auxílio à Pesquisa – Pesquisador Visitante, o São Paulo Excellence Chair e as Escolas São Paulo de Ciência Avançada.
Brito Cruz traçou um breve panorama da ciência no Estado de São Paulo, responsável por cerca de 45% da ciência produzida no Brasil e onde são formados a cada ano 40% dos novos doutores no país.
O diretor científico destacou o investimento total em pesquisa e desenvolvimento no Estado de São Paulo, que corresponde a 1,8% do PIB do estado. O percentual tem aumentado. Em 2008, por exemplo, era 1,52%.
Brito Cruz ressaltou a questão das fontes de financiamento à pesquisa no Estado de São Paulo. Enquanto nos outros estados brasileiros o investimento público é, na maior parte, federal, em São Paulo o cenário é diferente.
No Estado de São Paulo, 14% do investimento para pesquisa e desenvolvimento em 2012 foi feito pelo governo federal, ante 24% aplicados pelo governo estadual. As empresas paulistas investiram 59% e as instituições de ensino superior privadas, 2%.
“São Paulo é, de longe, o estado que mais investe em ciência e tecnologia no Brasil. Dez vezes mais do que o Rio de Janeiro, que está em segundo lugar”, disse Brito Cruz. “Esse compromisso tem muitas consequências importantes. Por exemplo, cerca de 40% dos doutores no Brasil fazem a graduação no Estado de São Paulo. Foram 6.777 em 2015.”
“O investimento no setor no Estado de São Paulo é maior do que o de qualquer outro país da América do Sul. Um dos resultados pode ser visto na quantidade de artigos científicos: São Paulo também publica mais do que qualquer outro país do continente”, disse.
Brito Cruz apontou que estado investe cerca de R$ 8 bilhões em pesquisa e desenvolvimento por ano e que uma parte importante desse esforço é feita pela FAPESP. A Fundação investiu R$ 1,18 bilhão no apoio à pesquisa em 2015.
Saiba mais sobre a FAPESP Week Montevideo: www.fapesp.br/week2016/montevideo.
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