Pesquisadores de diversas instituições vão expor de 7 a 10 de abril, em Buenos Aires, um panorama da ciência feita atualmente nos dois países
Pesquisadores de diversas instituições vão expor de 7 a 10 de abril, em Buenos Aires, um panorama da ciência feita atualmente nos dois países
Pesquisadores de diversas instituições vão expor de 7 a 10 de abril, em Buenos Aires, um panorama da ciência feita atualmente nos dois países
Pesquisadores de diversas instituições vão expor de 7 a 10 de abril, em Buenos Aires, um panorama da ciência feita atualmente nos dois países
Samuel Antenor
Agência FAPESP – A estreita relação entre pesquisadores do Brasil e da Argentina vai ser reforçada entre os dias 7 e 10 de abril de 2015, quando a FAPESP realizará em Buenos Aires uma série de conferências com pesquisadores dos dois países.
Na pauta de discussões estarão as pesquisas e os avanços obtidos nos últimos anos nas áreas de Astronomia, Energia, Alimentos Funcionais, História, Integração Latino-americana, Nanociência e Nanotecnologia, Informação Quântica e Saúde.
Os debates farão parte da FAPESP Week Buenos Aires – Cooperación Científica Brasil-Argentina, que reunirá pesquisadores do Estado de São Paulo e de diferentes instituições argentinas de ensino e pesquisa. O evento é uma parceria entre a FAPESP e o Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (Conicet), principal órgão dedicado à promoção da ciência e da tecnologia na Argentina.
No primeiro dia do evento serão discutidas colaborações em pesquisa entre os dois países envolvendo projetos considerados estratégicos, como o Sirius, um conjunto de aceleradores de elétrons, atualmente em construção no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), vinculado ao Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP).
Também estarão em pauta o Long Latin American Millimetric Array (Llama), projeto binacional que irá construir um radiotelescópio com antena paraboloide de 12 metros de diâmetro nos Andes argentinos; o Giant Magellan Telescope (GMT), consórcio internacional que começará a ser construído em 2015, nos Andes chilenos; e o Pierre Auger Observatory, maior observatório de raios cósmicos do mundo, instalado na província de Mendoza, no oeste da Argentina.
Com moderação de Marcelo Knobel, do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), participarão do debate Antonio José Roque da Silva, diretor do LNLS, Marcelo Arnal, da Universidad Nacional de La Plata, Jacques Raymond Daniel Lépine e João Evangelista Steiner, ambos do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP), Alberto Etchegoyen, da Comissión Nacional de Energía Atómica (CNEA) da Argentina, e Carola Chinelatto, do IFGW/Unicamp.
Também no primeiro dia do evento a área de Energia terá destaque, com apresentações de Gerardo Rabinovich, do Instituto Argentino de la Energía, Gilberto de Martino Januzzi, da Unicamp, Carlos Querini, do Instituto de Catalisis Y Petroquimica (Incape) e da Universidad Nacional del Litoral (UNL), e Nelson Ramos Stradiotto, da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Eles tratarão de temas como os desafios para a diversificação da matriz energética argentina, a flexibilização do sistema elétrico brasileiro e a ampliação do uso de combustíveis renováveis.
Encerrando o primeiro dia de debates, serão expostas pesquisas sobre alimentos funcionais, envolvendo aspectos químicos, nutricionais e tecnológicos, com o potencial e os principais desafios para este tipo de alimento na saúde humana e a contribuição dos estudos locais a esta área, cujas pesquisas estão em ascensão.
Pesquisa colaborativa
O aumento da colaboração entre cientistas dos dois lados da fronteira é o pano de fundo da conferência promovida pela FAPESP, que será realizada pela primeira vez na América do Sul. Os temas propostos refletem boa parte do trabalho já realizado conjuntamente por pesquisadores brasileiros e argentinos, que mantêm longo histórico de cooperação acadêmica, por razões geográficas, políticas, econômicas e culturais.
Contudo, a proposta do encontro é a de intensificar o potencial colaborativo entre as diversas instituições de ensino e pesquisa dos dois países. Assim, mesmo áreas em que a parceria já é acentuada poderão incrementar seus estudos em parceria. É o caso do tema da mesa-redonda que abre o segundo dia de trabalhos, “Percepção Pública e Divulgação da Ciência”, com mediação de Marilda Bottesi, assessora especial da Diretoria Científica da FAPESP.
Com participação de Marcelo Knobel, que atua na coordenação do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp, Carmelo Polino, do Centro de Estudios sobre Ciencia, Desarrollo y Educación Superior (Centro Redes) e da Red de Indicadores de Ciencia y Tecnología Iberoamericana e Interamericana (RICYT), Sandra Murriello, da Universidad Nacional de Río Negro, e Carlos Eduardo Lins da Silva, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e consultor de Comunicação da FAPESP, serão debatidos aspectos da Cultura Científica, com um balanço da percepção e atitudes públicas em relação à ciência e à tecnologia.
Além de ressaltar aspectos desse processo cultural com transformação social, serão discutidos também resultados de estudos feitos ao longo dos anos por pesquisadores ibero-americanos, assim como os desafios e perspectivas para os estudos e pesquisas de pós-graduação na área.
Outros temas terão destaque no campo das Humanidades, como História, envolvendo comportamento social, gênero e sexualidade nos dois países; Integração latino-americana, com subtemas de ciência e tecnologia, cadeias produtivas e defesa, regionalismo pós-hegemônico e integração regional; e os desafios da Educação Superior na região, incluindo políticas para melhoria da qualidade das universidades, formação em engenharia, restrições e regulações na universidade argentina, todos como parte dos debates no segundo dia da conferência.
Já o último dia da FAPESP Week Buenos Aires será iniciado com uma mesa-redonda sobre integração entre universidades e empresas, seguida por apresentações de pesquisas nas áreas da Saúde, envolvendo diabetes, obesidade e iniciativas em medicamentos para doenças negligenciadas, entre outros.
A conferência será encerrada com apresentações sobre informação quântica, mecânica e computação quântica, nanociência e nanotecnologia, incluindo materiais avançados em fotônica, aplicações de nanopartículas magnéticas em medicina, nanomagnetismo e nanomateriais.
A programação completa da FAPESP Week Buenos Aires pode ser conferida no endereço www.fapesp.br/week2015/buenosaires. A participação é aberta ao público, mediante inscrição.
Cooperação estratégica
Desde outubro de 2010, a FAPESP mantém um acordo de cooperação com o Conicet com objetivo de ampliar a colaboração científica e tecnológica entre a Argentina e o Estado de São Paulo, mediante o financiamento de projetos conjuntos de pesquisa e de outras atividades científicas.
O acordo já permitiu a realização de três chamadas de propostas de pesquisa, que tiveram aprovados 39 projetos de estudos conjuntos entre brasileiros e argentinos, em diferentes áreas do conhecimento.
Há ainda um acordo da Fundação com o Ministerio de Ciencia, Tecnologia e Innovación Productiva (MINCyT), assinado em 2014 em conjunto com a USP, para estabelecer as condições para a execução do projeto Llama. O convênio entre as instituições prevê a contribuição com recursos aproximadamente iguais, e um aporte inicial em valor equivalente a US$ 17 milhões, por um período de cinco anos.
De acordo com Celso Lafer, presidente da FAPESP, é importante ampliar a parceria existente entre instituições de ensino e pesquisa dos dois países, incluindo o financiamento conjunto, com vistas ao aumento do conhecimento produzido na região.
“O rico histórico de parcerias existente entre pesquisadores da Argentina e do Estado de São Paulo torna natural um aprofundamento dessa antiga relação que, além de duradoura, é bastante profícua. Aprofundar essa cooperação é também uma forma de ampliar internacionalmente a visibilidade dos resultados obtidos pela ciência feita nos dois países, unidos por traços históricos, econômicos e culturais e que devem se tornar parceiros ainda mais próximos também na produção do conhecimento”, disse Lafer.
Para Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fundação, o momento é propício para aumentar a cooperação entre pesquisadores dos dois países.
“Com a FAPESP Week Buenos Aires buscamos intensificar a colaboração científica entre pesquisadores no Estado de São Paulo e colegas na Argentina. A Argentina tem excelentes estudantes e pesquisa com resultados de alto impacto. Gostaríamos de receber em São Paulo mais candidatos às bolsas de doutorado e pós-doutorado da FAPESP vindos do país”, disse Brito Cruz.
Também para Roberto Salvarezza, presidente do Conicet, a cooperação internacional é uma das ferramentas-chave para a construção do conhecimento, a formação de recursos humanos e o fortalecimento dos laços culturais entre os países.
“Em nível internacional, a cooperação com o Brasil representa uma das cinco mais importantes, no que se refere a publicações científicas conjuntas, mas é particularmente a mais relevante pelo impacto na integração regional e abordagem de problemáticas comuns. Nesse contexto, a reunião que faremos nestes dias adquire uma relevância ímpar, pondo em foco temas importantes, desenvolvidos por destacados especialistas de ambos os países. Esperamos que a partir daqui possamos estreitar ainda mais os laços que unem Brasil e Argentina e também nossas comunidades científicas”, disse Salvarezza.
Biodiversidade brasileira
Como parte da programação, Buenos Aires receberá a mostra La Naturaleza Brasileña, dedicada à divulgação da biodiversidade brasileira e que tradicionalmente acompanha os trabalhos da FAPESP Week. A mostra permanecerá aberta ao público no Palácio Pereda, de 7 de abril a 8 de maio de 2015.
A exposição é resultado de uma parceria entre a FAPESP e o Museu Botânico de Berlim, e mostra o trabalho de documentação feito pelo naturalista alemão Carl Friedrich Philipp von Martius (1794-1868), reunido na obra Flora brasiliensis, que 174 anos depois da publicação de seu primeiro volume permanece como o mais completo levantamento da flora brasileira.
O trabalho do naturalista deu origem também ao projeto “Flora Brasiliensis On-line e Revisitada”, que inclui a atualização da nomenclatura utilizada no trabalho original de Martius e a inclusão de espécies descritas depois de sua publicação, com novas informações e ilustrações recentes. A exposição mostra ainda resultados do projeto Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo e do Programa BIOTA-FAPESP.
Os painéis digitalizados da exposição podem ser vistos com legendas em português, inglês, alemão, espanhol, japonês e chinês no endereço: www.fapesp.br/publicacoes/braziliannature
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