1º Colóquio de Pesquisa Aplicada da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em Campinas (SP) reuniu representantes de instituições de pesquisa (foto: Diego Freire/FAPESP)

FAPESP participa de debate sobre impacto social da ciência
10 de agosto de 2015

Estratégias para promover e mensurar o impacto da pesquisa na sociedade foram discutidas em colóquio da FGV, em Campinas

FAPESP participa de debate sobre impacto social da ciência

Estratégias para promover e mensurar o impacto da pesquisa na sociedade foram discutidas em colóquio da FGV, em Campinas

10 de agosto de 2015

1º Colóquio de Pesquisa Aplicada da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em Campinas (SP) reuniu representantes de instituições de pesquisa (foto: Diego Freire/FAPESP)

 

Diego Freire | Agência FAPESP – Representantes da FAPESP participaram, no dia 5 de agosto, do 1º Colóquio de Pesquisa Aplicada da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em Campinas (SP), que discutiu estratégias para promover e mensurar o impacto das pesquisas científicas na sociedade.

Participaram das discussões Eduardo Moacyr Krieger, vice-presidente da FAPESP; Sergio Luiz Monteiro Salles Filho, membro das coordenações adjuntas de Programas Especiais - Avaliação de Programas e do Plano Diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Estado de São Paulo; Carlos Afonso Nobre, presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes); César Camacho, diretor-geral do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa); e Jane Tinkler, da London School of Economics e do Gabinete Parlamentar de Ciência e Tecnologia do Reino Unido. O debate foi mediado por Marcelo Cortes Neri, do Centro de Políticas Sociais da FGV.

Krieger enfatizou que o investimento no conhecimento científico é fundamental para o desenvolvimento do país e da humanidade.

“A pesquisa orientada pelas ideias livres dos cientistas é amplamente reconhecida como uma força primária de descobertas e desenvolvimento para a sociedade e a humanidade como um todo. Mas os avanços não acontecem de forma isolada: é preciso que se promova um ambiente de investigação eficaz, com investimentos de longo prazo, criando-se uma base robusta e abrangente para o avanço da ciência", disse. 

"As agências financiadoras devem também incentivar projetos ousados e de risco, tolerando insucessos", destacou Krieger. 

Para Nobre, “é preciso que o conhecimento científico seja mais orientado a problemas e mais interdisciplinar”. Nesse sentido, disse, as Ciências Sociais têm papel de extrema importância.

“Hoje seria impossível atacar qualquer um dos grandes desafios do século 21 sem a contribuição dessa Ciência. O desafio da sustentabilidade, que amarra todos os outros, precisa do entendimento que as Ciências Sociais podem trazer – o uso sustentável dos recursos naturais do planeta, por exemplo, que pode parecer algo mais tecnológico, exige essa interdisciplinaridade. A ciência de ponta está nas interfaces interdisciplinares e todas elas demandam as Ciências Sociais.”

Para Sergio Salles, além de incorporar questões das Ciências Sociais, medidas que tenham o objetivo de ampliar o impacto da pesquisa científica na sociedade precisam incorporar instrumentos de avaliação desse impacto.

“É preciso criar uma cultura de avaliação de modo a incorporar nos estudos, nas políticas, nos programas e nas ações, que são de alguma forma movidas e pensadas pelos cientistas, os meios para avaliar seus impactos”, sublinhou. Ele acredita que, quanto mais esses impactos forem medidos, melhor serão compreendidos, já que o resultado da avaliação dos impactos dá um retorno de suas consequências, além de permitir que se façam ajustes, melhorias, adequações e se incorpore um aprendizado ao processo.

Além disso, disse Salles, “a avaliação do impacto social da ciência é também um instrumento de prestação de contas para a sociedade e para a própria comunidade científica”.

De acordo com Tinkler, são necessários novos critérios para medir o impacto da ciência na sociedade, especialmente as Ciências Sociais.

“Ao avaliar o impacto científico nós precisamos fazer o que as ciências sociais fazem de melhor, que não é responder a uma questão em particular, mas ajudar a mudar a maneira como as pessoas pensam a respeito da questão. Para começar, é necessária uma profunda mudança na maneira como percebemos a Ciência diante dos problemas da sociedade e também como os cientistas se relacionam com eles”, afirmou.

Tinkler defendeu a implementação de “métricas responsáveis” na avaliação do impacto social da Ciência, que contemplem a diversidade da produção científica e as novas dinâmicas sociais.

“Uma métrica responsável precisa ser mais abrangente e reconhecer que a avaliação quantitativa deve apoiar, mas não suplantar, uma avaliação qualitativa, mais subjetiva, considerando os potenciais efeitos sistêmicos e de indicadores e atualizando-os em resposta. É preciso ainda manter a coleta de dados e processos analíticos aberta, transparente, de modo que aqueles que estão sendo avaliadas possam testar e verificar os resultados”, disse.

Dessa forma, as métricas para avaliação de impacto devem considerar, além das citações, o compartilhamento das informações na imprensa e nas mídias e redes sociais, a quantidade de downloads na internet, o engajamento em torno da pesquisa, as discussões proporcionadas por elas em diferentes espaços públicos, da internet ao parlamento, seu uso na elaboração e na fiscalização de políticas públicas.


 

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