Neste ano, o prêmio mobilizou professores e alunos de mais de cem escolas das redes municipal e estadual do Estado de São Paulo (foto: Daniel Antônio/Agência FAPESP)

Premiação
FAPESP e Fundação Roberto Marinho premiam vencedores da quarta edição do Ciência para Todos
30 de outubro de 2025

Escolas de Franca, Itatiba e Campinas venceram na categoria ensino médio; no ensino fundamental, as premiadas são de Várzea Paulista, Mogi Guaçu e Pedreira

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Escolas de Franca, Itatiba e Campinas venceram na categoria ensino médio; no ensino fundamental, as premiadas são de Várzea Paulista, Mogi Guaçu e Pedreira

30 de outubro de 2025

Neste ano, o prêmio mobilizou professores e alunos de mais de cem escolas das redes municipal e estadual do Estado de São Paulo (foto: Daniel Antônio/Agência FAPESP)

 

Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP – Por causa das fortes chuvas que atingiram Várzea Paulista no ano passado, alunos da Escola Estadual Mitiharu Tanaka, instalada no município, pensaram que deveria haver uma maneira de reduzir o impacto das enchentes. Visitaram bairros atingidos, conversaram com moradores e identificaram soluções. Entre os protótipos desenvolvidos pelos estudantes do ensino fundamental estão um piso poroso interligado ao sistema de drenagem e um sistema de alerta precoce com sensores que detectam umidade.

Em um outro projeto, alunos da Etec Bento Quirino, em Campinas, desenvolveram o "FishVision", um submarino para biometria não invasiva de tilápias. A tecnologia pode transformar a aquicultura brasileira por medir, pesar e verificar na água turva a quantidade de alimento do animal, sem causar estresse, ferimentos e perda de produtividade.

“Dá muito orgulho dos meus alunos e comprova que a educação pode ir além da sala de aula, do caderno e dos livros didáticos. Todos sabemos que a educação é importante, mas os alunos precisam de algo mais concreto. Neste projeto pude perceber que o aluno tinha mais inclinação para o audiovisual, a parte artística, outro para administrar o passo a passo ou executar o projeto. E quando cada um tem um papel, dá para entender por que a ciência é para todos. Todo mundo tem um espaço dentro da ciência e os alunos precisam entender isso. E quando vemos que eles estão entendendo, é uma sensação indescritível", disse Kethlyn Belmonte, professora da Mitiharu Tanaka, em Várzea Paulista, vencedora da quarta edição do Prêmio Ciência Para Todos na cerimônia de premiação nesta quarta-feira (29), no Museu Catavento, em São Paulo.

Esta é a segunda vez que Belmonte ganha o prêmio, uma iniciativa da FAPESP em parceria com a Fundação Roberto Marinho e o Canal Futura.

“O prêmio visa despertar nos estudantes o interesse pela ciência e a compreensão de que a ciência faz parte do cotidiano das pessoas. Com isso, incentiva-se o desenvolvimento de atividades científicas, do método científico – que não é nada complicado e não se restringe a laboratórios – em escolas públicas, promovendo o envolvimento dos alunos e da comunidade escolar com a ciência e suas aplicações na educação e na vida", disse Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP.

Neste ano, o prêmio mobilizou professores e alunos de mais de cem escolas das redes municipal e estadual do Estado de São Paulo, além de institutos federais de ensino médio técnico e profissionalizante. Todos participaram de jornadas formativas em plataforma on-line do Canal Futura e da Fundação Roberto Marinho, com orientações sobre o desenvolvimento de projetos de pesquisa e produção audiovisual, com certificação para todos ao final. Os projetos desenvolvidos foram submetidos a uma banca de especialistas.

No total foram seis vencedores nesta quarta edição do prêmio, três do ensino médio e três do ensino fundamental.

“Nós sempre nos surpreendemos com a qualidade, com a inovação, com as ideias, com a maneira como os jovens, adolescentes e professores olham para o seu contexto e pensam soluções para as questões que são importantes para eles e que estão ao seu redor na escola, na comunidade em que a escola está, na própria cidade em que vivem", disse João Alegria, secretário-geral da Fundação Roberto Marinho.

Outro projeto vencedor foi uma plataforma de comunicação para auxiliar alunos neurodivergentes desenvolvida por alunos da Escola Técnica Estadual Rosa Perrone Scavone, no município de Itatiba. A Neurync permite que alunos enviem alertas discretos aos professores em momentos de desconforto em sala de aula, evitando constrangimentos e fortalecendo a inclusão.

Na Escola Municipal Professora Maria Diva Franco de Oliveira, em Mogi Guaçu, o projeto envolveu inteligência artificial, preservação ambiental e artes visuais. Inspirados no rio Mogi-Guaçu, que corta, abastece e dá nome à cidade, os estudantes investigaram a história e a relação do rio com os moradores da cidade.

“Eu gosto do rio desde pequenininha. Meus pais me contavam histórias, mas não escutava nada sobre preservação", contou Mirela, uma das estudantes do 9º ano que utilizaram programas de inteligência artificial para simular imagens do rio em um futuro distópico, marcado pelos efeitos da crise climática e da escassez de água.

As imagens geradas despertaram a preocupação sobre o impacto das mudanças do clima na região. A partir dessa inquietação, os alunos decidiram transformar a reflexão em uma pesquisa científica.

Com isso, criaram um podcast – o DivaCast – e entrevistaram moradores e autoridades. O conhecimento gerado a partir das conversas reverberou no campo artístico e os estudantes levaram a preservação do rio para o desfile de 7 de setembro.

“Cada vez que entro em sala de aula, meu objetivo é fazer a diferença e criar oportunidades para que os alunos também façam a diferença em suas vidas e comunidades. Eles não são apenas o futuro, são a realidade, e têm o poder de transformar o presente. Não precisam esperar por uma universidade ou depender de outros para adquirir conhecimento. Já provaram que podem agir agora. Assim como os projetos e vencedores aqui presentes, estamos todos contribuindo para construir um mundo melhor, onde cada pequena ação conta. E se essa é a missão, vamos continuar tentando e fazendo a diferença", afirmou Alex Barreiro.

Tricampeão

Neste ano, o professor Henrique Pereira, da Escola Estadual Ângelo Scarabucci, em Franca, venceu o prêmio Ciência Para Todos pela terceira vez. No projeto, os alunos transformaram uma planta invasora em adubo.

Outro projeto vencedor envolveu pesquisa, validação científica e produção de uma farmácia natural. Estudantes da Escola Estadual Luiz Bortoletto, no município de Pedreira, resgataram tradições sobre plantas medicinais e transformaram conhecimento comunitário em pesquisa científica.

"É emocionante perceber que tudo isso pode ser realizado dentro de uma escola pública. Tivemos muito apoio de colegas e de parceiros para criar uma horta medicinal, por exemplo. Isso mostra que a escola pública pode, sim, fomentar a ciência. Mas o mais incrível é ver que um projeto inocente pode despertar o interesse de alunos na ciência, inclusive algumas alunas me contaram que pretendem seguir a carreira científica, algo que nunca tinham pensado até então. Ver estudantes do sexto ano já envolvidos em atividades de laboratório, de nível universitário, me enche de orgulho", disse a professora Tamires Aparecida Bianchi Darioli, que venceu o prêmio Ciência Para Todos pela segunda vez.

Vencedores Prêmio Ciência Para Todos 2025:

Projeto: "Cidade à Prova d’Água"
Escola Estadual Mitiharu Tanaka, em Várzea Paulista
Professora Kethlyn Belmonte

Projeto: "Da distopia à utopia: memórias e preservação das águas"
Escola Municipal Professora Maria Diva Franco de Oliveira, em Mogi Guaçu
Professor Alex Barreiro

Projeto: "Farmácia Natural – Saberes Populares e Plantas Medicinais da Comunidade"
Escola Estadual Luiz Bortoletto, em Pedreira (SP)
Professora Tamires Aparecida Bianchi Darioli

Projeto: "Fertiliza Invasora"
Escola Estadual Ângelo Scarabucci, em Franca
Professor Henrique Pereira

Projeto: "FishVision"
Etec Bento Quirino, em Campinas
Professora Regina Morishigue Kawakami

Projeto: "Neurync"
Escola Técnica Estadual Rosa Perrone Scavone, no município de Itatiba (SP)
Professor Anderson Wilker Sanfins
 

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