Webinário reuniu pesquisadores de São Paulo e do país africano. Objetivo é unir cientistas em projetos colaborativos em áreas como mudanças climáticas, monitoramento de desastres naturais, agricultura, saúde e bioenergia (imagem: reprodução)

FAPESP e agência de fomento de Moçambique planejam colaborações em pesquisas
20 de abril de 2023
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Webinário reuniu pesquisadores de São Paulo e do país africano. Objetivo é unir cientistas em projetos colaborativos em áreas como mudanças climáticas, monitoramento de desastres naturais, agricultura, saúde e bioenergia

FAPESP e agência de fomento de Moçambique planejam colaborações em pesquisas

Webinário reuniu pesquisadores de São Paulo e do país africano. Objetivo é unir cientistas em projetos colaborativos em áreas como mudanças climáticas, monitoramento de desastres naturais, agricultura, saúde e bioenergia

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Webinário reuniu pesquisadores de São Paulo e do país africano. Objetivo é unir cientistas em projetos colaborativos em áreas como mudanças climáticas, monitoramento de desastres naturais, agricultura, saúde e bioenergia (imagem: reprodução)

 

André Julião | Agência FAPESP – Um conjunto de temas que interessam tanto a cientistas do Brasil quanto de Moçambique pode agora gerar colaborações capazes de trazer soluções aos dois países. Os primeiros passos foram dados durante webinário promovido no início de abril pela FAPESP e pela Fundação Nacional de Investigação (FNI), agência de fomento do país africano.

“Aprendemos com as mudanças climáticas, mas sobretudo com a pandemia, que é preciso uma intensa colaboração internacional para enfrentar esse tipo de desafio. A FAPESP tem uma ampla rede de cooperação internacional pelo mundo, mas temos dificuldade de aumentá-la com países africanos, principalmente os de língua portuguesa”, afirmou Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da FAPESP, na abertura do evento.

Por isso, completou Pacheco, a ideia é que futuramente sejam organizadas reuniões presenciais entre pesquisadores de São Paulo e Moçambique e lançada uma chamada conjunta de projetos pelas duas agências.

“Não se pode falar de Brasil sem falar de Moçambique, pois uma parte da população brasileira é de filhos de Moçambique. O raciocínio de pesquisadores dos dois países está separado espacialmente, mas a causa é a mesma: eliminar necessidades primárias das nossas sociedades. Temos a vontade de incrementar a cooperação com o Brasil e a FAPESP na área de ciência e tecnologia, principalmente no financiamento de projetos conjuntos. Queremos aproveitar a maior utilização do conhecimento dos nossos irmãos brasileiros em várias áreas”, disse Vitoria Langa de Jesus, diretora-executiva do FNI.

Mediando o evento, João Luiz Filgueiras de Azevedo, membro da Coordenação Adjunta da FAPESP para Ciências Exatas e Engenharia, lembrou que o objetivo do encontro era “criar um ambiente para desenvolvimento de sinergia” entre pesquisadores do Estado de São Paulo e do país do sudeste africano.

Contextos

O webinário foi dividido em cinco salas temáticas, sinalizando possíveis temas de colaboração entre os pesquisadores dos dois países no futuro: mudanças climáticas, monitoramento de desastres naturais, agricultura, saúde e energia.

Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP) e membro da coordenação do Programa FAPESP de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG), falou sobre o efeito das mudanças climáticas na disponibilidade hídrica.

“O centro da questão das mudanças climáticas é a mudança no ciclo global de carbono, elemento crítico para a vida no planeta. Estamos observando alterações profundas no ciclo do carbono e no ciclo da água, que são essenciais para a manutenção dos serviços ecossistêmicos que controlam o clima e os ecossistemas”, afirmou.

Ines Macamo Raimundo, professora da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), lembrou que Moçambique hoje já é o resultado de migrações forçadas, parte delas por conta de mudanças climáticas que alteraram drasticamente o regime de chuvas em algumas partes do país. Se somam ao problema, porém, outros que a nação ainda não se desvencilhou mesmo após o fim da guerra civil, em 1992.

“Como separar as mudanças climáticas dos outros problemas de Moçambique desde o fim da guerra? É importante olharmos na perspectiva multidimensional. Não se pode olhar sem considerar os conflitos militares. Vamos completar 50 anos de independência, mas nunca estivemos em paz tanto em termos político-militares como em relação aos desastres naturais”, contou a pesquisadora, que relembrou os atuais conflitos entre o norte e o sul do país.

Sinergia

Regina Alvalá, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), e Carlos Serra, do Centro de Direito do Ambiente, da Diversidade e da Qualidade de Vida, discutiram ferramentas de monitoramento de desastres que poderiam ser úteis em ambos os países.

Sílvia Helena Galvão de Miranda, professora da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), e Leonel Moiane, do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), falaram sobre produção agrícola no Brasil e no leste da África.

A sala temática de saúde teve como palestrante Ester Sabino, professora do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da USP e coordenadora do Centro Conjunto Brasil-Reino Unido de Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (CADDE), apoiado pela FAPESP. Da parte moçambicana, falou Almeida Machamba, professor da UniLúrio. Os participantes discutiram possíveis colaborações no estudo de diversas doenças que acometem as populações de ambos os países.

Gláucia Souza, professora do Instituto de Química da USP e membro da coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN), e Urânio Muhanjane, da Universidade Pedagógica de Maputo, falaram sobre geração de energia a partir de fontes renováveis.

“As potenciais interações ficaram bem claras. A ideia do seminário não era esgotar os assuntos, mas abrir as possibilidades que antevemos para essas colaborações futuras. Nós, do Sul Global, tendemos a olhar colaborações com o chamado Norte Global, mas, evidentemente, as interações Sul-Sul são muito promissoras, trazem oportunidades. Tenho clareza do potencial dessa interação”, encerrou Luiz Eugênio Mello, diretor científico da FAPESP.

O evento pode ser assistido em: fapesp.br/15979/.

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