Cientistas da Universidade de Nebraska e do Estado de São Paulo abrem simpósio ressaltando a importância das colaborações internacionais para o desenvolvimento da ciência mundial (fotos: Karina Toledo/Agência FAPESP)
Cientistas da Universidade de Nebraska e do Estado de São Paulo abrem simpósio ressaltando a importância das colaborações internacionais para o desenvolvimento da ciência mundial
Cientistas da Universidade de Nebraska e do Estado de São Paulo abrem simpósio ressaltando a importância das colaborações internacionais para o desenvolvimento da ciência mundial
Cientistas da Universidade de Nebraska e do Estado de São Paulo abrem simpósio ressaltando a importância das colaborações internacionais para o desenvolvimento da ciência mundial (fotos: Karina Toledo/Agência FAPESP)
Heitor Shimizu, de Lincoln (EUA) | Agência FAPESP – “O Brasil é o meu local favorito depois dos Estados Unidos. Estive 17 vezes no país durante minha carreira acadêmica e de pesquisa, cruzando boa parte do território em diversas colaborações com colegas brasileiros”, disse Ronnie Green, chanceler da University of Nebraska-Lincoln (UNL), nesta segunda-feira (18/09).
Green abriu a FAPESP Week Nebraska-Texas, que reúne pesquisadores dos Estados Unidos e do Brasil até 22 de setembro nas cidades de Lincoln (Nebraska) e Lubbock (Texas), destacando que o evento representa uma “importante oportunidade para reunir pesquisadores dos dois países que trabalham em conjunto, para fortalecer essas colaborações e também para estimular o desenvolvimento de novas parcerias”.
Green falou sobre a UNL, instituição fundada em 1869 que conta atualmente com 26 mil estudantes – 5 mil dos quais na pós-graduação – e 6,4 mil professores e funcionários. A universidade oferece 184 cursos de graduação e 144 de pós-graduação e desenvolve pesquisa e inovação nas mais variadas áreas.
“A University of Nebraska-Lincoln é um dos líderes em pesquisa em áreas como agricultura, alimentos e água. Investimos US$ 300 milhões em pesquisa e desenvolvimento em 2016”, disse.
Situado no meio-oeste e nas grandes planícies norte-americanas, na região central dos Estados Unidos, Nebraska é o 16º maior estado do país, com 200 mil quilômetros quadrados. A economia do estado é baseada na agropecuária, sendo um dos principais produtores de milho, trigo, sorgo, soja, carne bovina e carne suína no país. Nebraska tem grandes rebanhos bovinos e uma relativamente forte indústria alimentícia. “São mais de três bois por habitante”, disse Green. A população é de 1,9 milhão de habitantes.
Com 280 mil habitantes, Lincoln é a capital do estado. A cidade foi fundada em 1856 e sua economia é baseada principalmente em serviços e manufatura. A Universidade de Nebraska é o terceiro maior empregador na cidade.
Michael Boehm, vice-chanceler do Instituto de Agricultura e Recursos Naturais (IANR) da UNL, fez em seguida uma apresentação sobre o instituto, que reúne 16 unidades acadêmicas, três faculdades, 12 departamentos acadêmicos e três centros de pesquisa e extensão fora do estado. “Temos mais de 43 mil acres (cerca de 174 milhões de metros quadrados) voltados à pesquisa, descobertas e ensino dos nossos programas”, disse.
O IANR despendeu US$ 142 milhões em pesquisa em 2016, maior montante entre os institutos da UNL. “Focamos nos grandes desafios do mundo, como pobreza, fome, segurança alimentar, energia, ambiente e saúde”, disse Boehm.
“São desafios que não procuramos enfrentar sozinhos. Por meio de nosso programa de Engajamento Global, temos parcerias com 80 países e relações estratégicas com Brasil, China e Ruanda. E um evento como a FAPESP Week me faz lembrar de uma palavra fundamental nesse cenário, que é ‘integração’”, disse.
Boehm contou que foi com essa palavra na cabeça que escreveu a primeira carta quando assumiu o posto de vice-chanceler no IANR, no início de 2017, para Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP.
“Tive o privilégio de participar da FAPESP Week em Ohio, em 2016, e pensei que seria uma importante oportunidade para a University of Nebraska-Lincoln se trouxéssemos o evento para cá. Fico feliz que tenha dado certo. Tenho certeza que o evento servirá para integrar pesquisadores e reforçar as valiosas colaborações entre a universidade e o Brasil”, disse.
Pesquisa em São Paulo
Brito Cruz falou em seguida sobre pesquisa e desenvolvimento no Estado de São Paulo e no Brasil, comentando que “São Paulo publica mais artigos científicos por ano do que qualquer país da América Latina”.
“São Paulo também forma mais de 20 mil doutores por ano, um número que tem crescido e que é compatível com as necessidades das instituições de pesquisa e da indústria no Brasil”, disse, apresentando um quadro que compara os doutores formados anualmente com países como Japão, Coreia do Sul e Reino Unido.
“O Estado de São Paulo responde por cerca de um terço do Produto Interno Bruto brasileiro, mas produz 45% da ciência no país. Isso ocorre porque, historicamente, São Paulo tem dado muita importância ao ensino superior e à pesquisa e destina 13% de seu orçamento para essas duas áreas”, disse.
“O Estado conta com 63 entidades cuja missão é guiada por atividades de pesquisa, em adição a 14.887 empresas com foco em desenvolver inovação. São Paulo tem cerca de 74 mil pesquisadores, dos quais 43 mil em instituições de ensino superior, 28 mil em empresas e 3 mil em institutos de pesquisa estaduais e federais”, disse.
Brito Cruz contou que, diferentemente dos demais estados, em São Paulo a maior parte do investimento público em pesquisa e inovação vem de fontes estaduais, não federais. “O investimento estadual em São Paulo é 10 vezes maior do que no Rio de Janeiro e 25 vezes maior do que em Minas Gerais, sendo que isso não reflete as diferenças nos PIBs dos estados, mas a prioridade dos estados com relação ao investimento em pesquisa”, disse.
Brito Cruz mostrou o desempenho da FAPESP, que investiu mais de R$ 1,1 bilhão em pesquisa em 2016. “Recebemos cerca de 26 mil propostas de bolsas e auxílios em 2016, sendo que o tempo médio em que analisamos essas propostas foi de 65 dias, com taxa de sucesso de 40%.”
O diretor científico também destacou a importância das colaborações internacionais em pesquisa, comentando que a FAPESP mantém acordos de cooperação com mais de 160 organizações em 30 países – somente em 2016 foram assinados 25 acordos.
“Além de conceder mais de 1 mil bolsas e auxílios para o exterior a pesquisadores e estudantes do Estado de São Paulo, a FAPESP tem diversos instrumentos para estimular que pesquisadores e estudantes de outros países venham para o Estado de São Paulo”, disse. Pesquisadores de 177 países vieram a São Paulo em 2016 por meio de auxílios concedidos pela FAPESP.
Brito Cruz falou também sobre as Escolas São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA), cursos de curta duração ministrados por renomados cientistas brasileiros e estrangeiros, e o programa São Paulo Excellence Chair (SPEC), em que pesquisadores seniores de outros países colaboram com colegas brasileiros por períodos de três a cinco anos, com permanência no Brasil de 12 semanas por ano.
Mais informações sobre a FAPESP Week Nebraska-Texas: www.fapesp.br/week2017/nebraska-texas.
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