Da esquerda para a direita: Maria Arminda do Nascimento Arruda, Marco Antonio Zago, Marcos da Costa, Vahan Agopyan, Fraide Sales, Maysa Furlan e Carlos Graeff (foto: Phelipe Janning/Agência FAPESP)
Quarto edital do programa prevê investimentos de R$ 256 milhões. Anúncio foi feito em cerimônia que também marcou o início do mandato do novo diretor-presidente do CTA, Carlos Graeff
Quarto edital do programa prevê investimentos de R$ 256 milhões. Anúncio foi feito em cerimônia que também marcou o início do mandato do novo diretor-presidente do CTA, Carlos Graeff
Da esquerda para a direita: Maria Arminda do Nascimento Arruda, Marco Antonio Zago, Marcos da Costa, Vahan Agopyan, Fraide Sales, Maysa Furlan e Carlos Graeff (foto: Phelipe Janning/Agência FAPESP)
Karina Toledo | Agência FAPESP – A FAPESP anunciou ontem (29/09) a criação de 34 novos Centros de Ciência para o Desenvolvimento (CCDs), totalizando um investimento de R$ 256 milhões em pesquisas colaborativas orientadas a problemas específicos, de interesse social ou econômico do Estado de São Paulo. O compromisso dos novos centros – que articulam pesquisadores de universidades e instituições de pesquisa paulistas, gestores de órgãos do governo estadual e de municípios, além de empresas e organizações não governamentais (ONGs) – é produzir, num prazo de até cinco anos, resultados relevantes para o avanço do conhecimento e a melhoria de políticas públicas.
Os projetos selecionados no 4º edital do programa CCD envolvem a parceria de 17 órgãos do governo estadual, além de diversas prefeituras e órgão municipais. Entre os temas abrangidos estão mobilidade e resiliência urbana, transição energética, produção de alimentos e segurança alimentar, inclusão de pessoas com deficiência, inovação no ensino, segurança digital e aprimoramento da gestão pública com uso de inteligência artificial, entre outros. Com os resultados dessa chamada, a FAPESP passa a apoiar, ao todo, 83 CCDs – 49 deles selecionados em chamadas anteriores. A lista completa pode ser conferida no site do programa. O 5º edital será lançado em outubro.
“Num momento de incertezas, é particularmente tranquilizador ver que a comunidade científica paulista demonstra esperança no futuro e se aventura em novos projetos e na formação de pesquisadores. Essa confiança em nossa missão é essencial para fazer da ciência um instrumento de desenvolvimento nacional que é o objeto central deste evento”, destacou na abertura da cerimônia Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP.
Segundo o dirigente, combater a descrença na ciência e a disseminação de notícias faltas hoje não é suficiente. “É necessário promover efetivamente a ciência, a tecnologia e a inovação.”
“Acabamos de divulgar o nosso Relatório Anual de 2024, que mostra que a pesquisa paulista apresentou fortes sinais de ter retomado o fôlego e superado o impacto da pandemia de COVID-19. A FAPESP financiou 27 mil bolsas e auxílios à pesquisa em 2024. Um aumento de 18% em relação ao ano anterior, um número recorde na série histórica. O total de novos projetos contratados cresceu 26% de um ano para o outro. E o desembolso para o fomento foi de R$ 1,7 bilhão – 30% acima do ano anterior. A boa notícia é que a pesquisa científica e o desenvolvimento tecnológico estão de volta. Pelo menos em São Paulo”, disse (leia mais em: agencia.fapesp.br/55976).
Zago relembrou o histórico do programa Centros de Ciência para o Desenvolvimento, cujo primeiro edital foi lançado em 2019, com um investimento de R$ 52 milhões. Os valores foram crescendo nos editais seguintes, chegando a R$ 130,4 milhões em 2021, R$ 132 milhões no edital de 2023 e, neste mais recente, R$ 256,4 milhões. “Na última reunião, o Conselho Superior autorizou a abertura de uma nova chamada, em outubro, com investimentos de R$ 200 milhões”, adiantou.
O secretário-executivo da Casa Civil, Fraide Sales, destacou que iniciativas como a dos CCDs ajudam a conectar a produção de conhecimento com as demandas da sociedade. “A pesquisa nada mais é do que um estudo e um debate constante. E esse debate é tanto com os outros pesquisadores como também com o demandante. E mesmo a pesquisa básica se guia por uma demanda, uma dor, uma necessidade da sociedade”, afirmou. E destacou a importância de ter foco e sinergia “para a produção adequada e a gestão desse conhecimento”.
Já Marcos da Costa, secretário de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, ressaltou a importância de incluir a ciência no debate sobre inclusão. “Um dos eixos principais que procuramos desenvolver a partir do primeiro dia [em que assumiu a pasta] foi o eixo da ciência e da pesquisa.”
Costa lembrou iniciativas voltadas à inclusão apoiadas no edital de 2023 do programa CCDs que visam, por exemplo, o desenvolvimento de exoesqueletos, cadeira de rodas acessíveis, próteses, órteses, além de tecnologias para a educação de surdos e a acessibilidade em Libras (leia mais em: agencia.fapesp.br/52501). “Todos esses centros, integrados pelas universidades estaduais e federais de São Paulo e por entidades, como o Comitê Paralímpico Brasileiro, têm essa visão de desenvolvimento de tecnologia que de fato faça diferença na vida das pessoas. Parabéns a todos que estão aqui, aos nossos pesquisadores, e saibam que vocês estão fazendo a diferença na vida de 3 milhões de pessoas”, ressaltou.
Em sua fala, o secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação, Vahan Agopyan, destacou que nas últimas décadas vem se transformando a relação da sociedade com as universidades e institutos de pesquisa e que hoje é preciso mostrar que essas instituições existem para solucionar os problemas sociais. “Nós temos que dialogar e interagir com a sociedade. Não é [apenas] apresentar os nossos resultados, mas ver as expectativas que a sociedade tem da gente”, afirmou.
Segundo o secretário, o Conselho Superior da FAPESP idealizou o programa Centros de Ciência para o Desenvolvimento como uma estratégia para mostrar ao governo que era possível buscar soluções para os problemas. “Eu diria que essa quarta versão [do edital] já foi um sucesso. Mais de R$ 250 milhões – ou US$ 50 milhões – é muito recurso para pesquisa em qualquer parte do mundo”, destacou. “É um esforço paulista para resolver os problemas do nosso Estado e de nossos municípios.”
Por meio de vídeo, a presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena Nader, parabenizou a FAPESP, o Governo do Estado de São Paulo e a comunidade acadêmica envolvida nos CCDs, avaliando a iniciativa como “visionária”. “O programa não é apenas uma iniciativa de fomento à pesquisa. É um modelo audacioso. Uma resposta concreta e inteligente aos complexos desafios do nosso tempo. Seu diferencial, e com isso, acredito, sua virtude, está no desenho inteligente que coloca a articulação como premissa fundamental. Este programa promove a integração entre a academia, o setor produtivo não acadêmico e as esferas governamentais”, destacou.
Ao fortalecer o diálogo entre a ciência, a sociedade e o governo, acrescentou Nader, o programa garante que o conhecimento gerado nas universidades e institutos de pesquisa não permaneça somente dentro dos laboratórios. “Ele é direcionado para resolver problemas, aumentar a competitividade e qualificar políticas públicas. E, em última instância, o que todos queremos é melhorar a vida da população”, afirmou.
Posse do novo presidente do CTA
Além de anunciar a criação dos novos CCDs, o evento também teve o objetivo de celebrar o início do mandato do novo diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo (CTA), Carlos Graeff – nomeado pelo governador Tarcísio de Freitas em 27 de agosto (leia mais em: agencia.fapesp.br/55717).
Graeff: "Reafirmo aqui meu compromisso com a missão da FAPESP, compromisso com a ética, com a transparência e com a transformação do Estado
por meio da ciência, da tecnologia e da inovação" (foto: Phelipe Janning/Agência FAPESP)
“Em nome do Conselho Superior da FAPESP e da comunidade científica do Estado, eu quero cumprimentar o professor Graeff, garantir a ele o nosso apoio à sua gestão e desejar sucesso nessa empreitada. O sucesso que ele tiver será o sucesso da FAPESP, no qual todos nós estamos empenhados. Dirigir a FAPESP é um privilégio, é uma oportunidade especial a que poucos têm acesso, embora muitos tenham mérito para isso, poucos acabam chegando a essa posição. Portanto, é uma posição especial, pois trata-se da mais bem-sucedida agência de apoio à pesquisa subnacional, e hoje é a mais proeminente agência de suporte à pesquisa do país”, afirmou Zago ainda na abertura da cerimônia.
Graeff agradeceu a confiança depositada pelo governador e destacou o grande impacto que a FAPESP teve, ao longo de seus 63 anos de existência, no ecossistema de ciência e inovação de São Paulo e do Brasil. Entre os compromissos que nortearão sua atuação à frente do CTA, ele mencionou a excelência científica, o diálogo e a inovação. “É muito importante criar mecanismos para que essa ciência de alta qualidade vire aplicações, vire bem-estar social para toda a sociedade. E esse é o outro compromisso meu”, disse. “Acredito que a FAPESP tem de ser a casa de todos: dos acadêmicos, mas também do governo, dos empresários. Então, eu reafirmo aqui meu compromisso com a missão da FAPESP: compromisso com a ética, com a transparência e com a transformação do Estado por meio da ciência, da tecnologia e da inovação.”
Também presente na mesa, a reitora da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Maysa Furlan, ressaltou a “qualidade impressionante” da carreira acadêmica de Graeff, que é professor do Departamento de Física da Faculdade de Ciências da Unesp em Bauru e já foi pró-reitor de Pesquisa da instituição. “Um dos motivos pelos quais a Unesp está em festa, Graeff, é a sua posse aqui como diretor-presidente do CTA”, afirmou. “Tenho certeza de que a FAPESP terá um ganho fundamental nas grandes discussões, nos grandes projetos, com um olhar abrangente e qualificado que você sempre teve.”
Furlan também destacou que, por sua abrangência territorial – são 24 unidades em 24 cidades paulistas –, a Unesp participa ativamente do programa CCDs. “E teve também uma aprovação bastante significativa nesta quarta chamada. Então, eu gostaria de desejar muito sucesso e dizer que a responsabilidade é muito grande.”
A mesa do evento também contou com a participação da vice-reitora da Universidade de São Paulo (USP), Maria Arminda do Nascimento Arruda.
O evento na íntegra pode ser assistido em: www.youtube.com/live/EO6CWQ3k9kU.
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