Crianças que lêem contos de fadas gostam menos da violência presente nos jogos eletrônicos e lidam melhor com a agressividade, diz estudo

Fantasia contra a violência
01 de setembro de 2005

Crianças que lêem contos de fadas gostam menos da violência presente nos jogos eletrônicos e lidam melhor com a agressividade. A conclusão é de um estudo feito por psicólogos da Universidade Católica de Pernambuco

Fantasia contra a violência

Crianças que lêem contos de fadas gostam menos da violência presente nos jogos eletrônicos e lidam melhor com a agressividade. A conclusão é de um estudo feito por psicólogos da Universidade Católica de Pernambuco

01 de setembro de 2005

Crianças que lêem contos de fadas gostam menos da violência presente nos jogos eletrônicos e lidam melhor com a agressividade, diz estudo

 

Por Karin Fusaro

Agência FAPESP - Mais do que um momento de lazer em família, ler histórias para crianças desmotiva o gosto pelos jogos eletrônicos e a reprodução da violência contida neles. Da mesma forma, meninas e meninos educados em escolas que incentivam a leitura são mais críticos em relação às narrativas dos games de ação.

"Crianças que têm mais contato com literatura infantil adiam o fascínio pela violência", disse o psicólogo e fonoaudiólogo Carlos Brito, professor da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), à Agência FAPESP.

Coordenador do estudo O universo da fantasia dos contos de fadas no cotidiano das crianças seduzidas pela virtualidade dos jogos de computador, Brito percorreu lan houses (casas de jogos eletrônicos) e entrevistou crianças e adolescentes para saber quais eram os games mais populares. A pesquisa teve a participação das alunas de psicologia Bruna Vasconcellos, Karlise Lucena e Marceline Cavalcanti.

Numa segunda etapa, a equipe aplicou um questionário a 40 estudantes de dois colégios de classe média alta da região metropolitana de Recife, em Pernambuco. Entre outubro de 2003 e agosto de 2004, foram entrevistados 20 meninos e 20 meninas, com idades entre 8 e 9 anos. As escolas seguiam linhas pedagógicas diferentes, uma tradicional e outra construtivista.

"Para nossa surpresa, os alunos da escola tradicional achavam que contos de fadas eram para crianças pequenas e confessaram gostar dos jogos eletrônicos em virtude da violência", afirmou o pesquisador.

Segundo Brito, o contato sistemático dos alunos da escola construtivista com a literatura infantil, principalmente com contos de fadas, estimula as crianças a lidar com a imaginação, exteriorizando a agressividade de maneiras sadias. O mesmo não ocorre com alunos da escola tradicional, que associam a leitura às provas e notas e preferem os jogos eletrônicos. "Por isso, é importante que a escola enfatize o aspecto lúdico na educação e não apenas o conteúdo das disciplinas", disse.

Meninos de ambos os colégios disseram gostar de ação e aventura. Porém, os alunos da escola tradicional se enquadraram no estereótipo "crianças da virtualidade": 70% jogam games mais de duas vezes por semana, enquanto 30% dos meninos da escola construtivista têm o mesmo costume. Jogos como Grand Theft Auto, Counter Strike e The Sims – a versão nova, na qual se pode confinar ou matar um integrante da família –, com alto teor de violência, estão entre os preferidos da garotada.

Entre as meninas, as alunas do colégio construtivista apresentaram mais entusiasmo pela fantasia do que as que estudam no colégio de linha pedagógica tradicional. Para essas últimas, o computador praticamente substitui a literatura infantil. Apenas 50% das meninas do colégio construtivista reconhecem a violência nos contos de fada, enquanto 100% têm essa percepção nos games.

A pesquisa foi apresentada este ano no Congresso Internacional de Educação de Recife e no Congresso de Práticas Pedagógicas do Norte e Nordeste.


  Republicar
 

Republicar

A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.