Teoria de pesquisadores da USP propõe que umidade excessiva alterou vegetação e eliminou grandes mamíferos na América do Sul, mas os preservou na África (foto: Eduardo Cesar)

Extinção de peso
13 de abril de 2004

Teoria de pesquisadores da USP propõe que umidade excessiva alterou vegetação e eliminou grandes mamíferos na América do Sul, mas os preservou na África. Leia na reportagem de capa da nova edição de Pesquisa FAPESP

Extinção de peso

Teoria de pesquisadores da USP propõe que umidade excessiva alterou vegetação e eliminou grandes mamíferos na América do Sul, mas os preservou na África. Leia na reportagem de capa da nova edição de Pesquisa FAPESP

13 de abril de 2004

Teoria de pesquisadores da USP propõe que umidade excessiva alterou vegetação e eliminou grandes mamíferos na América do Sul, mas os preservou na África (foto: Eduardo Cesar)

 

Por Marcos Pivetta – Da revista Pesquisa FAPESP

Apesar da visível diferença de porte, o elefante e a anta são animais superlativos em seus continentes. Com no máximo 300 quilos e 2 metros de comprimento, a anta é o maior mamífero terrestre da América do Sul. Em seu habitat natural, suas medidas não são igualadas por ninguém. Ainda assim, sua configuração física é tímida perto da exibida pelo elefante. Até 20 vinte vezes mais pesado que seu colega sul-americano, e com pelo menos o triplo do seu tamanho, esse é o ser não-marinho mais colossal do mundo.

Por que o maior mamífero terrestre da América do Sul é tão menor do que o seu congênere africano? Porque aqui, como na maior parte do planeta, a chamada megafauna se extinguiu por completo, de forma ainda não muito bem explicada, em algum momento da história recente, enquanto lá algumas de suas linhagens, como as que geraram os atuais elefantes, girafas e rinocerontes, encontraram formas de se preservar ao longo do tempo. Certo, mas aí vem a verdadeira pergunta: se a América do Sul tinha, há uns 15 mil anos, uma fauna de mamíferos com diversidade e porte semelhantes à da África, por que, afinal, nossa megafauna pereceu e a deles não?

Segundo uma nova teoria, formulada pelo pesquisador Mario de Vivo, do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP), com a colaboração da bióloga e estudante de doutorado Ana Paula Carmignotto, uma significativa mudança climática pode ter sido o elemento-chave para explicar tanto o desaparecimento da megafauna na América do Sul como a sua razoável preservação na África: a quantidade acima do normal de água que despencou sobre os dois continentes no meio do Holoceno, época geológica (mais quente) iniciada há cerca de 11 mil anos, após o fim da última Era do Gelo, e que se estende até os dias de hoje.

Choveu demais, as antigas áreas de savana-cerrado - o habitat por excelência dos grandes e médios mamíferos, geralmente situado em áreas tropicais de umidade moderada para baixa - tornaram-se extremamente densas e fechadas, com muitas árvores, e praticamente viraram extensões das vizinhas florestas tropicais.

Na África, a maioria dos mamíferos de grande porte, geralmente herbívoros que viviam em bandos, conseguiu migrar para novas zonas de vegetação aberta, com poucas árvores e alguma pastagem. Em função da alteração climática, esse tipo de formação vegetal surgiu em áreas hoje desérticas, situadas nas extremidades norte e sul do continente. Aqui os maiores bichos, concentrados na porção centro-norte da América do Sul, não encontraram um ambiente próximo compatível com seu estilo de vida. Faltou savana para eles.

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