A extinção do Permiano fez desaparecer 90% da fauna marinha. Os moluscos também foram atingidos

Extinção com causas terrestres
08 de dezembro de 2004

Em entrevista à Agência FAPESP, cientista da Universidade de Viena conta que a grande extinção do fim do Permiano, há 250 milhões de anos, não deve ter sido causada por asteróides. Estudo foi publicado na revista Geology

Extinção com causas terrestres

Em entrevista à Agência FAPESP, cientista da Universidade de Viena conta que a grande extinção do fim do Permiano, há 250 milhões de anos, não deve ter sido causada por asteróides. Estudo foi publicado na revista Geology

08 de dezembro de 2004

A extinção do Permiano fez desaparecer 90% da fauna marinha. Os moluscos também foram atingidos

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - A mais famosa extinção em massa é a do fim do Período Cretáceo, há 65 milhões de anos, quando os dinossauros desapareceram da face da Terra. Mas a extinção do fim do Permiano, que ocorreu muito antes, há 250 milhões de anos, causou uma devastação ainda maior. Acredita-se que o evento tenha feito desaparecer, além de grupos inteiros de animais terrestres, 90% da fauna marinha então existente.

Como a explicação para o fim dos dinossauros costuma estar atrelada aos impactos de asteróides ou de cometas, a mesma hipótese sempre surge quando o assunto é a extinção anterior. Mas, se depender de um trabalho que acaba de ser publicado na edição de dezembro da revista Geology, da Sociedade Geológica Norte-americana, o tom dessa discussão deve mudar.

A pesquisa, assinada pelo austríaco Christian Koeberl, da Universidade de Viena, e colaboradores, revela a existência de fortes evidências de causas terrestres para a grande extinção ocorrida há 250 milhões de anos. Análises geoquímicas feitas com amostras coletadas na Áustria e na Itália, referentes ao período, não acharam nenhum traço de impacto extraterrestre.

"A questão não é 100% preto ou branco, mas, na minha opinião, não existe evidência de que tenha ocorrido algum impacto no final do Permiano", disse Koeberl à Agência FAPESP. Segundo o pesquisador, os testes apresentados no estudo são bem detalhados e bastante incisivos em relação a tudo o que já foi dito anteriormente.

Os impactos dos asteróides sobre a Terra costumam trazer para o solo elementos químicos poucos comuns. E são exatamente esses traços químicos que os cientistas procuram em suas análises. A equipe liderada por Koeberl não encontrou, por exemplo, isótopos de hélio-3 e ósmio-187, bastante comuns em crateras causadas por corpos celestes. O irídio, outro elemento químico característico, foi achado, mas em quantidades bastante baixas, o que também ajuda a descartar a hipótese de que um asteróide tenha caído nas regiões investigadas.

"A hipótese de um impacto no fim do Permiano não está totalmente descartada. Entretanto, qualquer choque que possa ter ocorrido – e nós não temos evidências nenhuma nesse sentido – foi bastante pequeno. Certamente, ele não causou a extinção em massa", afirma Koeberl.

A hipótese defendida pelo grupo contém apenas elementos terrestres. O aumento em grandes proporções da atividade vulcânica, e a conseqüente liberação de grandes quantidades de fumaça na atmosfera, pode explicar, segundo os pesquisadores, as grandes alterações climáticas causadas na Terra no período.

O artigo Geochemistry of the end-Permian extinction event in Austria and Italy: No evidence for an extraterrestrial component, de Christian Koeberl, Kenneth Farley, Bernhard Peucker-Ehrenbrink e Mark Sephton, pode ser lido no site da Geology, em www.gsajournals.org


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