Evolução dos organismos unicelulares para grandes animais não foi gradual mas ocorreu principalmente em dois períodos, aponta estudo na Pnas (foto: Noaa)

Explosão de vida
23 de dezembro de 2008

Evolução dos organismos unicelulares para grandes animais não foi gradual, mas ocorreu principalmente em dois períodos, aponta estudo na Pnas

Explosão de vida

Evolução dos organismos unicelulares para grandes animais não foi gradual, mas ocorreu principalmente em dois períodos, aponta estudo na Pnas

23 de dezembro de 2008

Evolução dos organismos unicelulares para grandes animais não foi gradual mas ocorreu principalmente em dois períodos, aponta estudo na Pnas (foto: Noaa)

 

Agência FAPESP – Em 3,5 bilhões de anos, a vida na Terra passou de microscópicas criaturas unicelulares para formas de dimensões tão grandes como árvores, elefantes e baleias. Um novo estudo aponta que o aumento no tamanho dos organismos não foi gradual, mas ocorreu principalmente em duas explosões distintas e ligadas à evolução geológica do planeta.

A pesquisa, que será publicada esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences, é parte de um projeto com o objetivo de documentar o aumento no tamanho dos seres vivos apoiado pelo Centro de Síntese Evolucionária dos Estados Unidos.

Segundo os autores, a análise dos maiores organismos fósseis conhecidos demonstra que o tamanho máximo aumentou em 16 ordens de magnitude desde os primeiros registros de vida no planeta.

Os cientistas destacam que a maior parte do aumento se deve a dois momentos distintos. “O primeiro foi no meio do Paleoproterozóico (há aproximadamente 1,9 bilhão de anos) e o segundo durante o Neoproterozóico superior e o início da era Paleozóica (de 600 milhões a 450 milhões de anos atrás)”, descreveram.

De acordo com o estudo, os dois momentos ocorreram durante ou pouco após elevados aumentos na concentração de oxigênio na atmosfera, “sugerindo que o potencial evolucionário latente foi realizado pouco após as limitações ambientais terem sido removidas”.

“O interessante é que cada um desses passos ocorreu em um tempo na história da Terra em que houve inovação na complexidade da vida. A primeira com a célula eucarionte e a segunda com a multicelularidade da vida”, disse Jennifer Stempien, da Virginia Tech, uma das autoras da pesquisa.

Do primeiro 1,5 bilhão de anos da história da vida de que se tem registro – entre 3,5 bilhões de anos e 2 bilhões de anos atrás – são conhecidos apenas fósseis de formas como bactérias. Como o tamanho segundo o qual uma célula de bactéria pode crescer é altamente limitado, as dimensões e volume máximos dos seres não aumentaram até a chegada de organismos mais complexos.

Mas, antes que isso ocorresse, algo importante aconteceu que mudou o planeta. Há cerca de 3 bilhões de anos, algumas bactérias primitivas criaram um metabolismo que permitiu o uso da energia solar e do dióxido de carbono para que se desenvolvessem. Ou seja, inventaram a fotossíntese.

As bactérias se proliferaram em oceanos sem oxigênio e passaram a preencher a atmosfera do importante gás. O aparecimento do oxigênio livre viabilizou a evolução de estruturas celulares mais complexas. Os organismos desenvolveram núcleos para conter seu material genético e incorporaram outras maquinarias intracelulares.

Foi quando a célula eucarionte surgiu. Ainda um organismo de única célula, mas capaz de dar origem a estruturas muito maiores do que as bactérias. Em cerca de 200 milhões de anos, os organismos passaram de células invisíveis ao olho nu a organismos macroscópicos do tamanho de uma moeda.

“O aumento no tamanho e na complexidade foi conseqüência de interações geobiológicas entre a vida e a Terra. A própria vida permitiu que a vida se tornasse mais complexa”, disse outro dos autores do estudo, Michal Kowalewski, também da Virgina Tech.

A vida continuou na forma de seres com única célula por mais 1 bilhão de anos, até pouco antes da transição do período Pré-cambriano para o Cambriano, há cerca de 540 milhões de anos, quando o oxigênio atmosférico novamente aumentou, atingindo cerca de 10% da concentração atual.

A maior quantidade de oxigênio teria permitido o surgimento de organismos multicelulares cada vez maiores. Em um intervalo de tempo relativamente rápido em termos evolucionários – cerca de 100 milhões de anos – os seres vivos pularam do tamanho de moedas para criaturas marinhas gigantescas, como os cefalópodes do período Ordoviciano.

O artigo Two-phase increase in the maximum size of life over 3.5 billion years reflects biological innovation and environmental opportunity, de Jonathan Payne e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da Pnas em www.pnas.org.
 

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