No principal evento do ano sobre biodiversidade, na África do Sul, cientistas ligados ao Biota-FAPESP apresentam experiência do programa no uso de dados científicos para orientação de políticas públicas

Exemplo brasileiro
13 de outubro de 2009

No principal evento do ano sobre biodiversidade, na África do Sul, cientistas ligados ao Biota-FAPESP apresentam experiência do programa no uso de dados científicos para orientação de políticas públicas

Exemplo brasileiro

No principal evento do ano sobre biodiversidade, na África do Sul, cientistas ligados ao Biota-FAPESP apresentam experiência do programa no uso de dados científicos para orientação de políticas públicas

13 de outubro de 2009

No principal evento do ano sobre biodiversidade, na África do Sul, cientistas ligados ao Biota-FAPESP apresentam experiência do programa no uso de dados científicos para orientação de políticas públicas

 

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – Cientistas brasileiros ligados ao Programa Biota-FAPESP estão participando da organização de dois simpósios no principal evento da área de biodiversidade em 2009: a 2ª Conferência Aberta de Ciência da Diversitas, que reúne cerca de 600 cientistas de 71 países, a partir desta terça-feira (13/10), na Cidade do Cabo, na África do Sul.

De acordo com o coordenador do Biota-FAPESP, Carlos Alfredo Joly, a delegação brasileira fará apresentações sobre a experiência de sucesso do programa no uso de dados científicos para o direcionamento de políticas públicas de conservação e uso sustentável da biodiversidade.

De acordo com Joly, a participação da delegação brasileira na organização do evento já é um resultado da estratégia de internacionalização do Biota-FAPESP, que é considerada uma das prioridades para os próximos dez anos do programa.

“Há três anos começamos a apresentar o Biota-FAPESP sistematicamente para organizações internacionais. O convite da Diversitas para que organizássemos esses simpósios é fruto desse trabalho de divulgação, que tem o objetivo de inserir nossa experiência em uma discussão internacional”, disse Joly à Agência FAPESP.

Além de Joly, participarão do evento Jean Paul Metzger, professor do Instituto de Biociências (IB) da Universidade de São Paulo (USP), Lilian Casatti, professora do Departamento de Zoologia e Botânica da Universidade Estadual Paulista (Unesp), e Ricardo Ribeiro Rodrigues, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP.

Os brasileiros participaram da organização dos simpósios Análise e previsão de processos de biodiversidade e ecossistemas e Construindo bancos de dados de biodiversidade. Luciano Verdade, professor da Esalq-USP e membro da coordenação do Biota-FAPESP, participará do simpósio “Biocombustíveis e biodiversidade”.

“Um dos simpósios é voltado para mostrar exemplos de como é possível utilizar uma base científica substancial para melhorar políticas de conservação. O outro é mais focado na estruturação de bancos de dados e em como as diferentes iniciativas internacionais estão lidando com a criação de conexões que interligam diferentes sistemas de informação”, afirmou Joly.

O bom exemplo do Biota-FAPESP como iniciativa científica capaz de orientar políticas públicas , segundo Joly, também representará uma contribuição importante para um dos principais temas em pauta na reunião da Diversitas: a criação do Intergovernmental Science-Policy Platform on Biodiversity and Ecosystem Services (IPBES).

“O IPBES será um painel intergovernamental capaz de fazer com que o conhecimento científico acumulado sobre biodiversidade seja sistematizado para dar subsídios a decisões políticas em nível internacional. Ou seja, realizar em nível global o que o Biota-FAPESP tem trabalhado em São Paulo”, disse Joly.

O objetivo da criação do IPBES, segundo Joly, é dar visibilidade global ao tema da biodiversidade, como ocorre na questão do clima com o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC). A construção da plataforma já foi discutida na semana passada em uma reunião intergovernamental na sede do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), em Nairóbi, no Quênia.

“A conferência da Diversitas não se resume a essa discussão – ao contrário, a agenda tem um espectro muito grande de temáticas. No entanto, como a posição concreta dos vários países sobre a criação do IPBES acaba de ser definida na reunião em Nairóbi, acredito que poderemos debater e sair da Cidade do Cabo com um posicionamento dos pesquisadores em relação a isso”, declarou.

De acordo com Joly, há anos a comunidade científica internacional vem discutindo a construção de um painel semelhante ao IPBES – o Mecanismo Internacional de Expertise Científica em Biodiversidade (Imoseb). Mas a iniciativa fracassou.

“O Imoseb fracassou porque vários países, incluindo o Brasil, eram contrários à iniciativa no formato em que havia sido proposta. A principal razão para isso é que não havia uma garantia de proporcionalidade de representação, na composição do organismo, entre os países ricos em biodiversidade e os países que possuem tecnologia para explorá-la”, explicou.

Apesar do fracasso do Imoseb, segundo Joly, o debate gerado em torno da questão levou à concepção do IPBES, que será organizado de forma a garantir a participação igualitária entre os diversos países, como ocorre no IPCC, onde há participação de pesquisadores e laboratórios de quase todas as nações.

Joly explica que uma das polêmicas que envolviam o Imoseb consistia em definir se ele seria um órgão independente ou se estaria inserido no âmbito da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), o principal fórum mundial na definição do marco legal e político para temas e questões relacionados à biodiversidade, criado em 1992.

“Assim como o IPCC é ligado à Convenção de Mudanças Climáticas, o IPBES será ligado à CDB. Ele terá independência científica para produzir relatórios técnicos e científicos sobre a situação da biodiversidade e sobre os esforços que estão sendo feitos em termos de conservação e uso sustentável do meio ambiente”, disse Joly.

Na ocasião do debate sobre a criação do Imoseb, o governo brasileiro se mostrou reticente, temendo que o novo órgão causasse um esvaziamento da CDB. O mesmo não ocorre no caso do IPBES, segundo Joly. “Desta vez, o governo brasileiro apoia firmemente a criação do painel intergovernamental, como ficou registrado nos relatórios da reunião em Nairóbi”, afirmou.

Para Joly, com o apoio do governo para a criação do IPBES, é possível que o país se interesse também em sediar o secretariado do novo organismo. “Isso seria muito positivo, pois não sediamos nenhuma entidade internacional diretamente envolvida com mudanças globais – sejam elas relacionadas ao clima ou à biodiversidade. Temos gente e capacidade para fazer isso”, declarou.
 

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