O tsunami de dezembro na Ásia não deve se repetir em um curto espaço de tempo. O mesmo não se pode dizer sobre os terremotos
(foto:NOAA)

Evento gigantesco
31 de março de 2005

Terremoto que provocou o tsunami na Ásia teve proporções 2,5 vezes maior do que se calculou na época, afirma cientista da Universidade de Illinois à Agência FAPESP. O novo tremor desta semana, de magnitude 8,7, está relacionado com o de 2004

Evento gigantesco

Terremoto que provocou o tsunami na Ásia teve proporções 2,5 vezes maior do que se calculou na época, afirma cientista da Universidade de Illinois à Agência FAPESP. O novo tremor desta semana, de magnitude 8,7, está relacionado com o de 2004

31 de março de 2005

O tsunami de dezembro na Ásia não deve se repetir em um curto espaço de tempo. O mesmo não se pode dizer sobre os terremotos
(foto:NOAA)

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - A frieza dos números calculados em um laboratório da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, reforça ainda mais o drama humano vivido na Ásia no final do ano passado. O terremoto responsável pelo tsunami que matou cerca de 300 mil pessoas, segundo estudo publicado nesta quinta-feira (30/3) na revista Nature, teve uma magnitude 2,5 vezes maior do que se calculou na época.

Artigo assinado por Steh Stein e Emile Okal, ambos do Departamento de Ciências Geológicas da universidade norte-americana, mostra que, em vez de 9.0, o evento geológico teve, na verdade, uma magnitude de 9.3. A proporção é duas vezes e meia maior por causa da natureza logarítmica da escala.

Devido ao grande estresse no terreno provocado pelo evento do ano passado, o novo terremoto desta semana, de magnitude 8.7, não chegou a supreender os cientistas. "Desta vez, o terremoto rompeu um segmento da falha mais ao sul do que o evento de dezembro. Essas coisas já ocorreram no passado, também em outras regiões. Um evento importante em um segmento tem uma influência direta sobre a região próxima. E isso acaba chamando mais eventos", disse Stein à Agência FAPESP

Com a nova magnitude do terremoto de dezembro, o ranking dos mais fortes terá que ser refeito. Agora, o evento passa a ser o segundo da lista, atrás apenas de outro gigantesco tremor ocorrido em 1960, no Sul do Chile. Naquele ano, no dia 22 de maio, os sismógrafos registraram uma magnitude de 9.5 pontos.

Segundo os novos cálculos de Stein, o evento da Ásia em dezembro foi subestimado na época principalmente por causa da velocidade de liberação da energia. Ao longo de uma falha de 1.200 quilômetros – na época se disse que era de apenas 400 quilômetros – a placa tectônica atingida escorregou, em média, 13 metros durante 500 segundos. Essa velocidade considerada baixa fez com que parte da energia liberada no evento não fosse registrada pelos sismógrafos. Esse mesmo processo causou o enorme levante de água.

Por causa de toda a região ter afundado alguns metros sob as águas do Oceano Índico, um risco de um novo tsunami está descartado pelo pesquisador. "Mas isso não significa que novos terremotos, principalmente mais ao sul, como ocorreu esta semana, não possam ocorrer novamente". Entre os dez maiores terremotos do século 20, sete foram registrados entre 1950 e 1965.

O artigo Speed and size of the Sumatra earthquake, de Seth Stein e Emile Okal, ambos da Universidade de Illinois, pode ser lido no site da Nature, em www.nature.com


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