Obra lançada nos Estados Unidos mostra como as empresas estão enfrentando os atuais dilemas bioéticos

Ética bioindustrial
04 de abril de 2006

Alimentos transgênicos, células-tronco para novas terapias ou uso de animais em testes para novos produtos. Livro mostra como o setor industrial enfrenta os dilemas bioéticos

Ética bioindustrial

Alimentos transgênicos, células-tronco para novas terapias ou uso de animais em testes para novos produtos. Livro mostra como o setor industrial enfrenta os dilemas bioéticos

04 de abril de 2006

Obra lançada nos Estados Unidos mostra como as empresas estão enfrentando os atuais dilemas bioéticos

 

Agência FAPESP - Nos anos 1970, o setor de saúde passou por um choque cultural. Os médicos, que costumavam ser mais paternalistas, tiveram que mudar a postura diante de pacientes que pressionavam por mais informações. Foi então que começou a se consolidar o campo conhecido atualmente como bioética.

Para um grupo de pesquisadores das universidades de Toronto e Montreal, no Canadá, e de Stanford, nos Estados Unidos, um choque cultural similar ocorre hoje entre as chamadas bioindústrias, grupo que reúne as empresas farmacêuticas, de biotecnologia e de agricultura. Os motivos são, por exemplo, a tecnologia dos transgênicos, os protestos pelo uso de animais em testes de laboratórios e as pesquisas com células-tronco para o desenvolvimento de novas terapias.

Preocupados em contribuir para o avanço das discussões sobre o tema, o grupo resolveu fazer uma pesquisa de abordagem inédita: investigar como as questões éticas estão sendo tratadas internamente pelas empresas do setor.

O resultado do trabalho, formatado em livro, foi apresentado nesta segunda-feira (3/4), pela revista PLoS Medicine, da Public Library of Science. O sumário da publicação, intitulada Bioindustry Ethicse lançada pela Elsevier Academic Press, pode ser encontrado no artigo Lessons on ethical decision making from the bioscience industry.

A partir de mais de cem entrevistas (13 com representantes do alto escalão das empresas), os pesquisadores traçaram os principais caminhos percorridos pelas companhias para enfrentar os desafios éticos do setor. Segundo os autores, não existe dúvida de que a pressão da sociedade está, de uma forma ou de outra, sendo internalizada pelas empresas.

"Depois de duas décadas da transformação da ética médica, estamos agora no florescer da era da ética bioindustrial", disse Peter Singer, do Centro para Bioética da Universidade de Toronto e um dos autores do livro, em comunicado da instituição canadense.

Os caminhos identificados pelo estudo variam bastante, por motivos como o tamanho das empresas. Mas, de forma geral, foram agrupados em cinco categorias: liderança ética (um grupo, ou diretoria, é criado para tratar de um tema específico); conhecimento externo (contratação de consultoria); mecanismos éticos internos (postura de cada um dos funcionários em termos éticos); engajamento externo (comportamento dos parceiros empresariais); e relatórios sobre ética (informes freqüentes sobre a postura da empresa, apresentados aos acionistas e ao mercado).

"Há uma série de boas razões para que as companhias de biociência estejam trabalhando tão duro para aprimorar suas performances éticas", disse Abdallah Daar, da Universidade de Toronto, que também participou do estudo. "Essas empresas não apenas precisam fazer a coisa certa, como também precisam ser vistas fazendo a coisa certa."

Mais informações: www.plos.org


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