Estudo do Inpa descreve uma espécie de rã que utiliza mecanismo para viver em formigueiro (Foto: Acervo pesquisadora Albertina Lima)

Estudo do Inpa descreve espécie de rã que utiliza mecanismo para viver em formigueiro
10 de novembro de 2016

As saúvas, formigas cortadeiras do gênero Atta, não atacam a rã Lithodytes lineatus (da família Leptodactylidae), mas agridem outras espécies de anuros

Estudo do Inpa descreve espécie de rã que utiliza mecanismo para viver em formigueiro

As saúvas, formigas cortadeiras do gênero Atta, não atacam a rã Lithodytes lineatus (da família Leptodactylidae), mas agridem outras espécies de anuros

10 de novembro de 2016

Estudo do Inpa descreve uma espécie de rã que utiliza mecanismo para viver em formigueiro (Foto: Acervo pesquisadora Albertina Lima)

 

Agência FAPESP – Estudo realizado no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) descreve a convivência de uma espécie de rã com as formigas, conhecidas popularmente como saúvas. O artigo, recentemente publicado na revista Behavioral Ecology and Sociobiology, mostra que a rã utiliza biomoléculas da pele que inibem a resposta agressiva das formigas, permitindo que viva pacificamente nos formigueiros sem ser atacada, de acordo com informações da Assessoria de Comunicação do Instituto.

A pesquisa foi realizada durante o mestrado em Ecologia do biólogo André Barros, orientado pela pesquisadora do Inpa Albertina Pimentel Lima e co-orientado pelo pesquisador Jorge Luis López-Lozano, da Fundação de Medicina Tropical.

De acordo com Barros, as saúvas, formigas cortadeiras do gênero Atta, não atacam a rã Lithodytes lineatus (da família Leptodactylidae), mas agridem outras espécies de anuros (sapos, rãs e pererecas). De acordo com o biólogo, experimentos realizados com sapos Rhinella major, embebidos com extratos feitos a partir da pele da rã L. lineatus, mostraram que eles foram protegidos do ataque das formigas, enquanto indivíduos da mesma espécie embebidos apenas com água ultrapura foram atacados.

A hipótese apontada é que a pele da rã possui substâncias químicas que imitam o reconhecimento químico usado pelas formigas cortadeiras do gênero Atta.

Mimetismo e camuflagem químicos são estratégias utilizadas por invertebrados parasitas de insetos sociais (formigas, cupins, vespas e abelhas), mas o uso da estratégia por vertebrados para evitar ser detectado por esses insetos tem sido pouco reportado.

“Associações entre sapos e formigas são pouco relatadas na literatura, sendo conhecidas apenas as espécies de anuros Kassina fusca, K. senegalensis e Phrynomantis microps vivendo em ninhos de formigas na savana africana”, explica Barros.

Segundo o pesquisador, a única associação conhecida até o momento entre formigas e anuros ocorre entre a rã Lithodytes lineatus e as formigas Atta. “Essas rãs não apenas usam os ninhos como abrigo, mas também como sítio reprodutivo, construindo ninhos dentro dos ninhos”, destaca.
 

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