Estalo do camarão pode monitorar a qualidade da água
27 de agosto de 2003

Pesquisadores da Universidade de Yamaguchi, no Japão, desenvolvem um novo método para aferição da poluição marinha, baseado nos pulsos sonoros emitidos por um tipo de crustáceo bastante comum em todo o mundo

Estalo do camarão pode monitorar a qualidade da água

Pesquisadores da Universidade de Yamaguchi, no Japão, desenvolvem um novo método para aferição da poluição marinha, baseado nos pulsos sonoros emitidos por um tipo de crustáceo bastante comum em todo o mundo

27 de agosto de 2003

 

Agência FAPESP - Por causa de três características presentes num tipo de camarão, o Alpheus heterochaelis, cientistas da Universidade de Yamaguchi, no Japão, resolveram investigar uma relação aparentemente absurda.

Além de produzir um estalo bastante característico embaixo da água, os representantes da espécie também estão distribuídos em praticamente todas as regiões do mundo. O terceiro ponto importante: a população ainda resiste à pressão pesqueira.

O som produzido pelos camarões - resultado de um processo fisiológico - foi o que mais chamou atenção de Moriyoshi Watanabe, o líder da pesquisa. Em trabalho apresentando este mês na conferência anual da Sociedade Americana de Ecologia, o cientista japonês mostrou que os pulsos sonoros emitidos pelos camarões estudados estão relacionados com a qualidade da água do local em que vivem.

Em uma área de 100 metros quadrados, no fundo do mar, Watanabe e equipe colocaram quatro microfones à prova d´água para registrar o estalo dos camarões da espécie Alpheus heterochaelis. Um filtro para atenuar ruídos também foi usado. Com o auxílio de um programa de computador, as curvas dos pulsos sonoros gerados pelos crustáceos foram obtidas.

A partir das curvas, os cientistas conseguiram identificar a densidade populacional dos camarões naquela área. A temperatura da água, que também afeta a distribuição dos crustáceos, não deixou de ser considerada. A coleta de cada espécime dentro da área estudada não deixou dúvidas: a curva sonora realmente indicava o tamanho da população.

O próximo passo da pesquisa foi comparar as curvas sonoras com a concentração de oxigênio da água do mar das regiões investigadas. Mais uma vez, a correlação entre as duas variáveis se mostrou positiva. Enquanto na Baía de Tóquio não se registrou curvas sonoras, na saída do mesmo estuário os sons apareceram. O contraste é explicado pela forte poluição que existe na primeira área de estudo em relação à uma situação um pouco menos crítica do segundo ponto amostral.

O experimento foi repetido em Istambul e em Taiwan, com resultados também positivos. Depois da técnica aferida, Watanabe pretende partir agora para a simplificação do método. Ele espera desenvolver um sistema praticamente automático que possa ser usado por qualquer interessado, em que será necessário apenas quatro microfones e um computador portátil.


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