“O Distrito de Inovação é parte de uma política pública estratégica para o Estado de São Paulo”, apontou Agopyan (foto: Daniel Antônio/Agência FAPESP)

Inovação
Especialistas debatem soluções para diferentes setores no primeiro encontro do Distrito de Inovação
05 de dezembro de 2024

Evento sediado na USP reuniu representantes de universidades e institutos de pesquisa, além de autoridades do governo municipal e estadual. Para as lideranças, propostas devem priorizar bem-estar social e desenvolvimento sustentável

Inovação
Especialistas debatem soluções para diferentes setores no primeiro encontro do Distrito de Inovação

Evento sediado na USP reuniu representantes de universidades e institutos de pesquisa, além de autoridades do governo municipal e estadual. Para as lideranças, propostas devem priorizar bem-estar social e desenvolvimento sustentável

05 de dezembro de 2024

“O Distrito de Inovação é parte de uma política pública estratégica para o Estado de São Paulo”, apontou Agopyan (foto: Daniel Antônio/Agência FAPESP)

 

Roseli Andrion | Agência FAPESP – Em busca de sugestões inovadoras para segmentos variados, o Distrito de Inovação da Cidade de São Paulo promoveu em 26 de novembro sua primeira conferência. O encontro foi realizado no Centro de Pesquisa e Inovação da Universidade de São Paulo (Inova USP). O Distrito de Inovação fica na região do Butantã, na capital paulista, e busca ser um ecossistema integrado para aproximar academia, governo, empresas e sociedade.

Formado a partir de uma colaboração entre USP, Instituto Butantan, Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), o projeto tem patrocínio da FAPESP e apoio da prefeitura de São Paulo e do governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SCTI). Um dos seus principais objetivos é criar um ambiente colaborativo de desenvolvimento tecnológico.

Na abertura, Carlos Gilberto Carlotti Jr., reitor da USP, destacou o esforço da universidade de incluir inovação em suas atividades. Já o secretário de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, Vahan Agopyan, mencionou o apoio governamental à inovação. “O Distrito de Inovação é parte de uma política pública estratégica para o Estado de São Paulo”, apontou Agopyan. “É um espaço que produz conhecimento, pesquisa e inovação, cuja tarefa é manter esse ciclo contínuo. Queremos realizar eventos estimuladores para incentivar a criação de outros distritos como esse no Estado.”

Em seguida, a pesquisadora Ghissia Hauser, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), abordou os laboratórios vivos (living labs) – ambientes de pesquisa e validação de tecnologias que buscam soluções inovadoras para necessidades existentes. “As soluções tecnológicas devem atender às pessoas e trazer bem-estar social”, ressaltou. “É preciso inovação, participação e governança para superar 200 anos de produção e consumo linear. Se o distrito não dialogar com o território, nada acontece.”

Ghissia descreveu uma experiência de living lab em andamento atualmente em Porto Alegre, no âmbito do Pacto Alegre (programa que busca realizar projetos transformadores e com amplo impacto para a cidade). Instalado em uma comunidade da capital gaúcha, o laboratório faz rastreamento de resíduos. “Temos presença constante na comunidade para obter engajamento dos participantes. Pudemos observar que 30% dos resíduos são rejeitos, ou seja, a cooperativa separa, mas não aproveita. O projeto busca melhorar esses processos.”


Ghissia Hauser, da UFRGS (foto: Daniel Antônio/Agência FAPESP)

Letícia Feres, procuradora-geral de Contas do Estado de São Paulo, por sua vez, ponderou que a inovação é imperativa no mundo pós-pandemia, mas que ainda é necessário superar as barreiras cultural e adaptativa para sua adoção. “Estamos abertos a ouvir ideias”, reforçou. “Investir em tecnologia é economizar e queremos fomentar boas práticas com base em segurança jurídica.”


Letícia Feres, procuradora-geral de Contas do Estado de São Paulo (foto: Daniel Antônio/Agência FAPESP)

Ela apresentou, ainda, o painel de inovação elaborado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), que mostra a localização de centros de inovação em municípios do Estado de São Paulo. “Com isso, queremos garantir a transparência dos dados”, diz. “O TCE quer ser parceiro, não obstáculo, na adoção de inovação.”

Uma das finalidades da conferência foi propor sugestões para que as quatro instituições de pesquisa envolvidas atuem de forma integrada, por meio de um pacto de inovação. Isso porque é a sinergia entre elas que melhora a vida de todos na cidade, já que juntas podem ser mais efetivas que isoladas.

Os participantes se reuniram em mesas-redondas para debater temas como segurança institucional para contratação de inovação, transição energética, cidades inteligentes, transformação digital, biotecnologia, descarbonização e outros. Nesses encontros, foram levantados os desafios e as oportunidades para cada setor.


Participantes se reuniram em mesas-redondas (foto: Marcelo Zambrana)

Laboratórios vivos

De forma geral, as propostas, embora elaboradas para setores diferentes, convergiram em vários pontos. Existe um consenso, por exemplo, em relação ao fato de que o distrito deve dialogar com a comunidade do entorno e lhe garantir prosperidade. Diferentes grupos enfatizaram essa necessidade, uma vez que conhecer as demandas da sociedade e desenvolver propostas especificamente para elas é fundamental para garantir o engajamento e a consequente adoção.

Nesse contexto, o conceito de laboratórios vivos esteve bastante presente nas sugestões apresentadas. Boa parte dos participantes sugeriu que essa seja a abordagem prioritária no Distrito de Inovação. Além disso, as comunidades do entorno poderiam servir como metacidade para a experimentação de soluções de infraestrutura urbana. Assim, seria possível avaliar sua viabilidade antes da efetiva aplicação na cidade. O distrito, então, seria uma vitrine para as diferentes propostas de inovação criadas.

Outra referência importante foram as cidades inteligentes. Esse conceito não tem necessariamente relação com alta tecnologia: é possível que uma solução com baixa tecnologia (como as baseadas na natureza ou em sabedoria ancestral) ofereça a resposta adequada a uma demanda. O conceito permite garantir transparência, participação de todos os envolvidos e eficiência no uso dos recursos.

Paralelamente, foi apontada a importância do rio Pinheiros nas proximidades do Distrito de Inovação. Para esse equipamento, a sugestão foi criar um plano hidroviário voltado ao transporte tanto de passageiros quanto de logística reversa: assim, o rio seria útil para a integração territorial no Distrito de Inovação.

São Paulo detém, atualmente, a posição de 26ª maior região de inovação do mundo, o que a torna apta a atrair investimentos e talentos globais. Dessa forma, o Distrito de Inovação é mais do que um espaço físico: é um conceito de colaboração em que a soma de esforços de diferentes atores permite obter soluções mais complexas e efetivas para os desafios urbanos contemporâneos.
 

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