Análise do cromossomo X revela dezenas de novos genes, muitos dos quais localizados em regiões relacionadas a doenças (ilust.: Inst. Sanger)

Esmiuçando o X
05 de abril de 2005

Cientistas indianos e norte-americanos analisam cromossomo X e descobrem dezenas de novos genes, muitos dos quais localizados em regiões relacionadas a doenças

Esmiuçando o X

Cientistas indianos e norte-americanos analisam cromossomo X e descobrem dezenas de novos genes, muitos dos quais localizados em regiões relacionadas a doenças

05 de abril de 2005

Análise do cromossomo X revela dezenas de novos genes, muitos dos quais localizados em regiões relacionadas a doenças (ilust.: Inst. Sanger)

 

Agência FAPESP - Mais novidades sobre o cromossomo X. Um grupo de pesquisadores da Índia e dos Estados Unidos acaba de completar uma extensiva análise do cromossomo em questão, descobrindo dezenas de novos genes, muitos dos quais estão localizados em regiões relacionadas a doenças.

O estudo, publicado na edição de abril da revista Nature Genetics, foi conduzido a partir da comparação sistemática do cromossomo X humano com informações genéticas de chimpanzés, ratos e camundongos. Regiões do cromossomo X – que junto com o Y compõe a dupla de cromossomos responsável pela definição do sexo – foram relacionados em trabalhos anteriores a numerosas doenças, mas encontrar as anormalidades genéticas específicas envolvidas têm se provado extremamente difícil.

Os responsáveis pelo estudo acreditam que os resultados agora relatados devem estimular a pesquisa dos problemas associados ao cromossomo X e também a análise de outros cromossomos.

Durante 18 meses, um grupo de 26 cientistas trabalhou em cima das seqüências do cromossomo X disponibilizadas por institutos como o Wellcome Trust Sanger, da Inglaterra, para identificar genes e outras partes importantes do DNA.

Ao contrário de outras abordagens, a equipe não se restringiu ao uso de computadores para prospectar os dados em busca de padrões conhecidos na seqüência genética. Os pesquisadores decidiram procurar por similaridades entre as instruções de codificação de proteínas do cromossomo humano e regiões correspondentes nos genes dos animais. As partes consideradas idênticas, ou com muitas semelhanças, foram separadas e examinadas detalhadamente.

"A abordagem inicial foi que, se uma região genética é importante e responsável pela codificação de uma proteína, a seqüência seria conservada no nível dessa mesma proteína", explicou Akhilesh Pandey, da Universidade John Hopkins, nos Estados Unidos, e do Instituto de Bioinformática de Bangalore, na Índia, onde foi feita a análise. "Desse modo, mesmo se a seqüência genética fosse diferente em alguns pontos, a seqüência protéica continuaria a mesma", disse em comunicado da instituição norte-americana.

No estudo, os cientistas aproveitaram a redundância inerente no código genético. Os quatro componentes do DNA – adenina, timina, citosina e guanina, ou A, T, C e G – dão instruções para proteínas em conjuntos de três. Esses conjuntos estabelecem códigos para apenas um dos 20 possíveis "blocos de construção" das proteínas, os aminoácidos, mas alguns deles codificam os mesmos aminoácidos. Por exemplo, as seqüências TTGAGGAGC e CTACGATCA, embora diferentes, especificam os mesmos três aminoácicos: leucina, arginina e serina, nesta exata ordem.

"Em vez de dizer ao computador o que procurar, nós deixamos a natureza dizer à máquina o que era mais importante. Quando alinhamos as instruções de codificação das proteínas do homem e do camundongo, os genes simplesmente saltaram aos nossos olhos", disse Pandey.

Nas regiões semelhantes entre as duas espécies, os pesquisadores identificaram 43 novas estruturas genéticas que codificam proteínas. Alguns dos genes encontrados estão em áreas relacionadas a problemas comumente relacionados ao cromossomo X, como o retardo mental. O mais notável, de acordo com os autores do estudo, é que metade dos genes descobertos não se parece com nenhum gene anteriormente conhecido.

O trabalho também mostrou que alguns dos chamados pseudogenes do cromossomo X são, na realidade, expressos – ou transcritos –, o que contradiz a noção comumente aceita de que eles não teriam função alguma.

O estudo A manually curated functional annotation of the human X chromosome, liderado por Akhilesh Pandey, pode ser lido no site da revista Nature Genetics, em www.nature.com/ng.

Para ler mais sobre o cromossomo X, clique aqui.


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