Brasil é o segundo país que mais contribuiu para o banco de dados de seqüências expressas do genoma da Apis mellifera (foto: divulgação)
Estudo realizado na USP, em Ribeirão Preto, coloca o Brasil no segundo lugar entre os países que mais contribuíram para a identificação das seqüências de genes expressos da abelha Apis mellifera
Estudo realizado na USP, em Ribeirão Preto, coloca o Brasil no segundo lugar entre os países que mais contribuíram para a identificação das seqüências de genes expressos da abelha Apis mellifera
Brasil é o segundo país que mais contribuiu para o banco de dados de seqüências expressas do genoma da Apis mellifera (foto: divulgação)
Agência FAPESP - Graças aos esforços de pesquisadores do Laboratório de Biologia do Desenvolvimento e Genética de Abelhas da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, o Brasil se tornou o segundo país que mais contribuiu para o banco de dados que reúne seqüências expressas do genoma da abelha Apis mellifera.
"Com a utilização da metodologia Orestes, foram validadas 5.021 sequências expressas de alta qualidade por meio de ferramentas de bioinformática", revelou o geneticista Francis de Morais Franco Nunes à Agência FAPESP. "Nosso objetivo é dar significado a regiões específicas do genoma da abelha que, no caso, consigam representar genes."
A metodologia Orestes (Open Reading Expressed Sequence Tags), capaz de identificar fragmentos de genes expressos (ou ativos), foi desenvolvida em 2000 por Andrew Simpson e Emmanuel Dias Neto, que então trabalhavam na filial paulista do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer.
O seqüenciamento do genoma da Apis mellifera foi disponibilizado em janeiro de 2004 e os dados estão disponíveis aos pesquisadores no site www.hgsc.bcm.tmc.edu/projects/honeybee.
"Cerca de 90% do genoma da abelha está completo. O que estamos desenvolvendo agora é um trabalho conhecido como transcriptoma, onde identificamos seqüências de genes expressos ao longo de todo o desenvolvimento ontogenético do inseto", explicou Franco Nunes.
O trabalho desenvolvido pelo grupo brasileiro tem como objetivo maior o entendimento dos principais mecanismos reguladores do ciclo de vida da espécie de abelha. Para isso, estão sendo analisados RNAs mensageiros e proteínas.
O diferencial, segundo o pesquisador da USP, é que, no caso do genoma, é seqüenciado apenas o DNA nuclear, enquanto que no transcriptoma o que está em análise é a expressão dos genes. "O genoma não tem somente regiões gênicas, mas é composto também por sequências repetitivas e outras regiões reguladoras. Com o transcriptoma, a idéia é olhar para o genoma apenas nas regiões codificadoras, que são os RNAs mensageiros expressos, em todos os ciclos de vida do inseto, incluindo embrião, larva, pupa e adulto", contou Franco Nunes.
Os genes expressos da abelha podem ser utilizados como modelo para estudos de memória, aprendizagem, comunicação e sociabilidade, inclusive servindo para modelos de estudos em humanos, além de ser de interesse econômico pelo papel efetivo da abelha como polinizador de várias culturas agrícolas importantes e pela produção de produtos de exportação como mel, cera e própolis.
O trabalho está sendo coordenado por Wilson Araújo da Silva Jr. e pelas equipes lideradas por Zilá Simões, Klaus Hartfelder, Márcia Bitondi, Maria Luisa Paçó-Larson e Enilza Espreafico, todos na USP em Ribeirão Preto, e também por Foued Espindola, na Universidade Federal de Uberlândia. Juntos, os pesquisadores brasileiros são responsáveis por cerca de um quarto do transcriptoma conhecido e disponibilizado até o momento no GenBank.
O grupo com a maior contribuição para o transcriptoma é o liderado por Gene Robinson, da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos. A equipe norte-americana identificou 15 mil seqüências expressas no cérebro de abelhas em fase adulta.
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