Organizado pelo Instituto de Ciências Biomédicas da USP, evento tem inscrições abertas para estudantes até 31 de maio (foto: Scienceoferadication.org)
Organizado pelo Instituto de Ciências Biomédicas da USP, evento tem inscrições abertas para estudantes até 31 de maio
Organizado pelo Instituto de Ciências Biomédicas da USP, evento tem inscrições abertas para estudantes até 31 de maio
Organizado pelo Instituto de Ciências Biomédicas da USP, evento tem inscrições abertas para estudantes até 31 de maio (foto: Scienceoferadication.org)
Diego Freire | Agência FAPESP – O Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP) seleciona, até 31 de maio, alunos de graduação, pós-graduação e pós-doutorado brasileiros e estrangeiros para a Escola São Paulo de Ciência Avançada para a Erradicação da Malária, que será realizada em São Paulo (SP) de 22 de setembro a 2 de outubro.
O evento é organizado no âmbito da Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA), modalidade de apoio da FAPESP.
Para Marcelo Urbano Ferreira, chefe do Departamento de Parasitologia do ICB e coordenador do evento, trata-se de uma oportunidade reaberta para o Brasil, que praticamente erradicou a malária entre os anos 1950 e 1960, mas tornou a ter sua população vitimada pela doença nas décadas seguintes.
“Ao final da década de 1960, a malária havia desaparecido de praticamente todo o território nacional. Menos de 10% da população brasileira vivia em áreas com incidência da doença. Dificuldades surgidas não só no Brasil, mas em vários outros países, fizeram com que a malária voltasse a ser um grande problema. Nos anos 2000, o interesse global pela sua erradicação foi renovado e o Brasil já avançou muito no controle das infecções desde então, mas são necessárias novas estratégias para que essa conquista não se perca”, disse à Agência FAPESP.
De acordo com Urbano Ferreira, o principal objetivo das pesquisas na área é combater a chamada malária residual, que continua a ser transmitida a despeito das medidas de controle conhecidas, como o uso de mosqueteiros impregnados com inseticida, aplicação de inseticidas de ação residual, que ficam retidos nas paredes das casas, e diagnóstico e tratamento precoces dos casos, que não só evitam complicações clínicas como reduzem as transmissões.
“As medidas que conhecemos e aplicamos conseguem sucesso até determinado ponto. Eliminar os últimos focos de infecção e combater a malária residual exige novas medidas, e é aí que entra a ciência”, afirmou.
As novas estratégias estudadas buscam, entre outras medidas, eliminar os vetores que não entram na casa e para os quais o mosqueteiro não é eficaz, diagnosticar os casos em que o número de parasitas no sangue é baixo e as técnicas diagnósticas atuais não funcionam e desenvolver drogas mais fáceis de serem administradas, em dose única em vez de múltiplas doses, seguras a ponto de serem aplicadas em larga escala sem riscos de complicações.
No ICB-USP, alguns estudos epidemiológicos buscam caracterizar a malária residual principalmente em áreas rurais da Amazônia.
“Concluímos recentemente um desses estudos, realizado num assentamento agrícola no sul do Amazonas, tratando do papel das infecções assintomáticas, em que o parasita da malária está presente mas o indivíduo se sente bem e por isso não busca diagnóstico. Isso pode manter a malária residual fora das políticas de controle”, explicou Urbano Ferreira.
Essas e outras experiências do ICB e de instituições brasileiras e estrangeiras convidadas serão compartilhadas na Escola São Paulo de Ciência Avançada para a Erradicação da Malária.
A programação conta com mesas-redondas, oficinas, palestras, visitas a laboratórios e atividades práticas relacionadas à biologia e à epidemiologia da malária, novas ferramentas para a erradicação da doença, conhecimentos sobre os vetores e transmissão dinâmica, história do controle das infecções, técnicas de vigilância, comunicação e advocacia e impacto de fatores sociais, políticos e ambientais, entre outros temas.
As inscrições são gratuitas e podem ser feitas on-line. São disponibilizadas 100 vagas, sendo metade para brasileiros. O resultado da seleção será divulgado até o dia 30 de junho e os participantes selecionados terão hospedagem e transporte custeados pelo evento.
A programação foi registrada como uma disciplina do Programa de Pós-Graduação em Biologia da Relação Patógeno-Hospedeiro do ICB e os alunos matriculados que se inscreverem no evento receberão quatro créditos.
A Escola São Paulo de Ciência Avançada para a Erradicação da Malária será realizada na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, localizada na Avenida Dr. Arnaldo, 715, na capital paulista.
Além da FAPESP, apoiam o evento a Fundação Bill e Melinda Gates, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e a Organização Panamericana de Saúde (Opas).
Mais informações e inscrições em http://scienceoferadication.org/courses/science-of-eradication-malaria-brazil/overview/.
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