Aos 12 anos, as meninas se consideram grandes demais para brincar com os pequenos e inexperientes para a adolescência

Entre a boneca e o primeiro beijo
13 de setembro de 2005

Dificuldades enfrentadas na fronteira entre a infância e o amadurecimento são abordadas pela psicóloga Viviane Campagna em A identidade feminina no início da adolescência, lançado nesta segunda (12/9)

Entre a boneca e o primeiro beijo

Dificuldades enfrentadas na fronteira entre a infância e o amadurecimento são abordadas pela psicóloga Viviane Campagna em A identidade feminina no início da adolescência, lançado nesta segunda (12/9)

13 de setembro de 2005

Aos 12 anos, as meninas se consideram grandes demais para brincar com os pequenos e inexperientes para a adolescência

 

Agência FAPESP – Nem crianças, nem adultas. Tampouco se sentem adolescentes. Aos 12, meninas enfrentam um dos períodos mais conturbados do desenvolvimento humano. Elas se consideram grandes demais para brincar com os pequenos, mas ainda inexperientes para encarar o status de adolescentes. Esse é o assunto tratado no livro A identidade feminina no início da adolescência, de Viviane Namur Campagna, lançado nesta segunda-feira (12/9) pela editora Casa do Psicólogo.

"Elas passam por essas mudanças muito sozinhas. Todo o processo traz muita angústia, mas elas não compartilham", disse a autora, mestre em Psicologia do Desenvolvimento Humano pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), à Agência FAPESP. O livro é resultado de sua dissertação de mestrado, defendida em 2003.

Viviane acredita que a chegada cada vez mais cedo da menarca – a primeira menstruação – faz com que a menstruação deixe de ser um rito de passagem. Desse modo, o primeiro beijo, ou o início do "ficar", é o acontecimento que marca a entrada na adolescência, tanto para as próprias quanto para o grupo. "O ‘ficar’ é mais curiosidade do que atração pelo outro, é uma experiência desvinculada de afeto", afirma a pesquisadora.

Viviane entrevistou 20 garotas de 12 anos para entender como elas lidavam com as transformações iniciais da adolescência. A pesquisa foi realizada entre 2001 e 2002 com meninas de classe média, todas com acesso à televisão, internet e sistemas de comunicação eletrônicos. Além das entrevistas, as meninas passaram por técnicas projetivas, como o desenho da figura humana e o teste de Rorschach (para avaliar a personalidade por meio de figuras abstratas), no qual Viviane é especialista.

Três questões foram fundamentais durante as entrevistas: como as garotas se percebiam; com quem se identificavam; e que recursos usavam para enfrentar o período. De acordo com a psicóloga, a auto-imagem das meninas foi negativa, resultado da idealização do corpo feminino a partir de modelos internalizados. Algumas se identificavam com os pais, mas os amigos eram os modelos de identificação mais comuns. Apesar de inteligentes e criativas, elas não sabiam como lidar com as transformações.

As entrevistas foram divididas em dois grupos. Em sua maioria, as meninas mais extrovertidas já tinham passado pela experiência do "ficar". Seus desenhos eram maiores, apresentavam mais características femininas e indicavam desorganização.

As mais introvertidas ainda não tinham "ficado", fizeram desenhos mais infantis e com características de desorganização menos recorrentes. Segundo Viviane, a desorganização pode estar relacionada ao início do contato das meninas com o sexo oposto, o que gera muitas incertezas, ou às diferentes formas de lidar com as mudanças do período.

Mais informações sobre o livro A identidade feminina no início da adolescência: www.casadopsicologo.com.br.


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