Apesar do choque cultural, da saudade e da distância é cada vez maior o número de brasileiros morando em cidades japonesas (ilust.: Agência USP)
Apesar do choque cultural, da saudade e da distância é cada vez maior o número de brasileiros morando em cidades japonesas. A estimativa, segundo trabalho apresentado no 14º Encontro Nacional de Estudos Populacionais, é que o número seja superior a 250 mil
Apesar do choque cultural, da saudade e da distância é cada vez maior o número de brasileiros morando em cidades japonesas. A estimativa, segundo trabalho apresentado no 14º Encontro Nacional de Estudos Populacionais, é que o número seja superior a 250 mil
Apesar do choque cultural, da saudade e da distância é cada vez maior o número de brasileiros morando em cidades japonesas (ilust.: Agência USP)
"Apesar do sonho de retornar e viver no Brasil, a migração daqueles que partiram e retornaram, repetidas vezes, tende a ser definitivo. O novo enraizamento é efetivamente uma realidade para um grande número de nikkeis do Brasil, que vivem e trabalham no Japão", disse Rosa Rossini, pesquisadora do Laboratório de Geografia Política e Planejamento Territorial e Ambiental de Geografia da Universidade de São Paulo.
As afirmações constam do trabalho O Brasil no Japão: A Conquista do Poder dos Nikkeis do Brasil no Japão, que foi apresentado no 14º Encontro Nacional de Estudos Populacionais, realizado no fim do mês passado em Caxambu (MG).
Segundo o estudo, que se baseou em viagens exploratórias e em relatos de pessoas envolvidas com o universo analisado, o trabalho exaustivo, as saudades, as violências sofridas por causa do preconceito são sempre pouco relatados. O que prevalece é a imagem do sucesso transmitido pelos que partiram aos que ficaram no Brasil.
Enquanto alguns conseguiram se estabelecer como pequenos empresários, comerciantes e pequenos industriais, de outro lado problemas com o acesso ao ensino formal também estão presentes. Um dos obstáculos é que a criança ou adolescente que se matricula em uma escola não assiste aula de acordo com o seu conhecimento da língua japonesa, mas sim conforme a sua idade.
Isso, segundo as observações feitas pela pesquisadora, tem provocado o aumento do número de voluntários nas escolas, que conhecem a língua portuguesa e estão auxiliando aos jovens. Para Rosa, isso mostra uma necessidade que será cada vez mais imperativa para a sobrevivência do dekassegui: o envolvimento com o conhecimento e com a língua local.
No cotidiano do novo país, a lista de exemplos que mostram o enraizamento dos brasileiros e do impacto que ele causa é bastante grande, segundo o estudo. O número de escolas que ensinam português cresce, o mesmo ocorrendo com a violência nas escolas contra os brasileiros. Escolas de samba, churrascarias, bares e restaurantes de comida brasileira se tornam mais comuns no Japão. Para matar a saudade, também há caminhões que vendem alimentos da terra natal, assim como locadoras alugam novelas globais e filmes com legendas em português.
Mas o dado que mostra com mais clareza o enraizamento é o fato de nascerem em solo japonês cerca de 4 mil crianças por ano filhas dos nikkeis brasileiros.
O estudo na íntegra pode ser lido no site da Associação Brasileira
de Estudos Populacionais (ABEP), em arquivo pdf (Adobe Acrobat), na página
http://www.abep.nepo.unicamp.br/site_eventos_abep/PDF/ABEP2004_279.pdf.
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