Llanos de Mojos, na Bolívia, há decadas instiga a curiosidade dos cientistas. Em artigo na revista Acta Amazonica, que acaba de entrar no SciELO, pesquisadores argentinos atualizam o conhecimento sobre a região e alertam: o homem, mais uma vez, está destruindo a área
Llanos de Mojos, na Bolívia, há decadas instiga a curiosidade dos cientistas. Em artigo na revista Acta Amazonica, que acaba de entrar no SciELO, pesquisadores argentinos atualizam o conhecimento sobre a região e alertam: o homem, mais uma vez, está destruindo a área
O pesquisador identificou uma série de alterações no terreno, que teriam sido feitas pelos índios que habitavam a região. Eram desde platôs, que surgiram a partir de obras de terraplanagem, a canais recortados no solo possivelmente usados para fazer o deslocamento da água. Muitas das feições encontradas, até hoje não foram totalmente estudadas ou desvendadas.
Potes de cerâmica, que também eram feitos por outras tribos da Amazônia, foram identificados também naquele período. Entre 1977 e 1981, uma missão especial do Museu de La Plata, da Argentina, fez novas escavações na área e levantou diversas informações arqueológicas sobre o passado da região de Beni, nome oficial da área boliviana.
"As informações geradas lá ajudam a esclarecer, mas não a simplificar, o panorama pré-hispânico regional, tão importante na temática arqueológica sul-americana", escreveu um dos pesquisadores, Horacio Calandra, em artigo que acaba de ser publicado na revista Acta Amazonica, editada pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). A revista está fazendo sua estréia na biblioteca eletrônica SciELO.
Depois de décadas de estudos e discussões científicas em várias partes do mundo, o enigma permanece. Uma das correntes defende que na região existia uma grande e complexa civilização, com o mesmo peso da dos incas, maias ou aztecas. Um outro grupo afirma que tudo o que foi descoberto lá, na realidade, é fruto da ação de tribos indígenas que habitaram a Amazônia em épocas diferentes. Ou seja, o que é visto em Llanos de Mojos é apenas a sobreposição de diferentes sociedades e não de apenas uma.
Se as alterações antrópicas descobertas no solo boliviano ajudam os defensores da tese da sociedade complexa – os pesquisadores argentinos são mais adeptos dessa linha – elas não são suficientes para que essa postura seja dada como totalmente certa.
O problema, segundo Calandra, é que as informações que ainda estão lá, para serem investigadas, podem desaparecer por completo. "Hoje, o principal destruidor é o mesmo homem que em prol de seu bem estar avança de forma inexorável", afirma. A chegada dos espanhóis na Bolívia contribuiu – e muito – para a destruição das obras na terra feitas pelos índios.
Para ler o artigo no SciELO (Bireme/FAPESP), clique aqui.
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