Propostas resultantes da 3ª Conferência Nacional de CT&I serão encaminhadas aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário (Foto: T. Romero)

Engrenagens montadas
22 de novembro de 2005

Propostas resultantes da 3ª Conferência Nacional de CT&I serão encaminhadas aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Algumas medidas já podem ser adiantadas, como a limitação do contingenciamento dos fundos setoriais

Engrenagens montadas

Propostas resultantes da 3ª Conferência Nacional de CT&I serão encaminhadas aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Algumas medidas já podem ser adiantadas, como a limitação do contingenciamento dos fundos setoriais

22 de novembro de 2005

Propostas resultantes da 3ª Conferência Nacional de CT&I serão encaminhadas aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário (Foto: T. Romero)

 

Por Eduardo Geraque e Thiago Romero

Agência FAPESP - O foco não pode ser apenas a inovação tecnológica, os olhos devem se voltar para um processo muito maior. O desenvolvimento sustentável do país, conforme discutido em Brasília na semana passada pelos 1,5 mil participantes da 3ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), depende de muitos outros fatores.

"A inovação é uma das ferramentas necessárias para que um país possa gerar riquezas e obter o seu desenvolvimento econômico e social, mas é apenas parte do problema", disse Carlos Aragão, diretor da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e secretário-geral da 3ª CNCTI, à Agência FAPESP.

Segundo o dirigente, um país tem que investir também de forma maciça em educação, infra-estrutura, transportes e na diminuição de sua carga tributária, por exemplo, para que todas as engrenagens do sistema possam funcionar plenamente. "Além da questão burocrática, é fundamental o investimento em recursos humanos. Temos que formar mais pesquisadores", disse o físico teórico.

Aragão faz um balanço positivo da conferência e aponta os próximos passos. "Na conferência anterior, surgiu o famoso Livro Branco. Agora, o importante é entender que estamos num processo e que temos de avançar", explicou. Segundo ele, uma série de recomendações feitas pela conferência anterior foi levada em consideração.

Apesar de estar previsto o lançamento de um DVD com o conteúdo de tudo o que se discutiu durante os três dias da 3ª CNCTI, o mais importante será a divulgação de um documento que será concluído o mais rapidamente possível, segundo a organização. "Vamos enunciar uma série de propostas feitas durante as sessões. Essa lista será encaminhada tanto ao poder Executivo como ao Legislativo e ao Judiciário", assegurou Aragão.

No que depender do ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, todas as propostas serão bem recebidas. "Gostaria de firmar o compromisso de que as conclusões dos trabalhos apresentados neste evento terão a minha mais alta consideração, em tudo o que for possível", disse.

Segundo afirmou Rezende à Agência FAPESP, as políticas públicas atuais do Ministério da Ciência e Tecnologia foram em grande parte inspiradas na conferência anterior, que ocorreu em 2001 com o objetivo de enfatizar a importância da inovação tecnológica como instrumento para a competitividade. "Agora, temos muito mais razões para seguir as propostas e decisões da nova edição da conferência."

Algumas medidas propostas pela 3ª CNCTI já podem ser adiantadas. "Uma questão clara é a da subvenção financeira para a inovação. Uma das propostas que deverá constar do documento é a limitação do contingenciamento dos fundos setoriais. O ideal é que esse limite seja de 40% e que diminua até 2009", disse Aragão.

"Outro grande avanço que sai da conferência é o consenso de que a política industrial deve ser acoplada ao sistema de C,T&I, junção que vai fomentar o desenvolvimento do país. Temos que criar e consolidar os mecanismos para que esses laços fiquem cada vez mais fortes", afirmou o diretor da Finep.

Se em cada uma das grandes áreas abordadas pelas sessões da conferência – Geração de riqueza; Inclusão social; Áreas de interesse nacional; Instrumentos, gestão e regulação e Presença Internacional – apareceram os problemas, mas também os caminhos para que esses obstáculos possam ser ultrapassados, há uma quase unanimidade de que o potencial do Brasil é grande.

Presente na conferência, o neozelandês Alan McDiarmid, prêmio Nobel de Química em 2000, afirmou estar surpreso com o que presenciou no Brasil. "Existe muita coisa boa ocorrendo aqui. Estou muito feliz por assistir a parte disso e espero poder cooperar com os brasileiros", disse.


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